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Crónica – “Compreender as vendas em Portugal”

Crónica – “Compreender as vendas em Portugal”
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“O estranho caso das vendas em Portugal”

 

Olhar para os números de vendas em Portugal no final de mais um ano, é um misto de sentimentos. Se por um lado me causa surpresa certos valores, por outro lado desenvolvo uma certa revolta por certos modelos (e mesmo marcas) não terem o devido respeito.

É verdade que ver estes números não é sempre fácil, há um “background” que desconhecemos, um mercado de frotas importante, assim como as rent-a-car que têm outra importante fatia de vendas. Mas, ainda assim, houve valores que me foram complicados de entender. Falo de alguns exemplos e curiosidades, de um ano 2020 que foi tudo menos normal.

 

Cá em cima, nada de novo.

O lugar cimeiro continua a ser da Renault, que já “aquece” o lugar há mais de duas décadas, seguido agora mais de perto pela Peugeot graças a uma forte ofensiva de modelos. Depois temos duas marcas premium alemãs: a Mercedes-Benz que fecha o pódio, e com menos 3450 unidades aparece a BMW. Sim, nas primeiras quatro marcas, duas generalistas e duas premium. Logo aqui algo não está muito certo.

Abaixo temos a Citroën, e depois… o Clio. Sim, o Clio vendeu mais do que a Nissan por exemplo, que vem em 5º lugar. A fechar o TOP 10 de marcas temos ainda a FIAT, SEAT, Volkswagen, Ford  e Toyota.

 

Modelos que vendem como pãezinhos quentes

Claro que não é só o Renault Clio que vende “como se não houvesse amanhã”. É claro que outros modelos garantem protagonismo, e o Mercedes-Benz Classe A é a prova disso. Muito por “culpa” do mercado empresarial, coloca-se num lugar de destaque tal, que se fosse uma marca seria a 11º marca mais vendida em Portugal, com 5978 unidades vendidas de Janeiro a Dezembro de 2020.

Neste apogeu de vendas, destaque para o Captur que vende mais do que a Volvo por exemplo, e o C3 que vende mais do que a totalidade da KIA. Mas é também pouco abaixo na lista que fico “chocado” ao ver que o Série 1, que vendeu 3198 unidades, “saiu” mais pelas portas do concessionário do que todos os AUDI vendidos em Portugal, que foram 3020 unidades.

Onde é que está a falha? No cliente, ou na marca que não trabalhou bem o mercado frotista? É verdade que o Série 1 cumpriu o seu primeiro ano completo como modelo novo, e o A3 chegou a meio de um conturbado ano, mas não deixa de ser curioso.

 

“Os casos que me deixam de cabelos em pé!”

Ver esta tabela de vendas, muitas vezes faz-me tirar os óculos, esfregar a vista e voltar a olhar.
Falo-vos daqueles casos que mais confusão e perplexidade me criaram.

Principalmente a Alfa Romeo. O que dizer neste caso? É verdade que a gama está limitada a dois modelos (Giulia e Stelvio), já que o Giulietta já se despediu de nós. Mas a verdade é que a marca vendeu 165 automóveis em 2020. Sim, 165 automóveis. Por exemplo, só o Skoda Scala viu mais unidades saírem pela porta dos concessionários.

Fui esmiuçar, e para além do principal suspeito Giulietta, foi o Stelvio o modelo que mais decaiu nas vendas, com menos 77% de vendas relativamente ao ano passado, apenas 42 unidades. Porquê? O Stelvio é um dos melhores SUV do seu segmento, tem uma dinâmica de condução fenomenal e uma gama de motores ampla na sua escolha.

Esta irritação fez-me olhar mais para modelos do que marcas, e é então que me deparo com os seguintes casos, injustos, que vemos na tabela:

Apenas se venderam 25 Ford S-Max ou 19 Renault Espace em 2020, o que mostra a incapacidade de se preferir realmente espaço a um estilo SUV, como já falei por aqui. Mais chocante que tudo isto? Apenas 3 Audi TT vendidos, ou elementos únicos como o KIA Stinger e Mazda 6, que apenas totalizaram uma unidade cada um matriculada em 2020.

 

No final, o que posso dizer?

Temos sempre de nos lembrar que foi um ano atípico. Entendo certos factos, em números altos é muito “culpa” das marcas, que se mexem bem para conseguir atrair um mercado empresarial, mas casos como o da Alfa Romeo com dois produtos como Giulia e Stelvio é difícil de entender. Será que o Português só pode ter o carro igual ao do vizinho? E depois há casos que me parecem de puro desconhecimento, como é o caso do KIA Stinger, que já por aqui passou, e eu fui naif ao ponto de pensar que ia ser um sucesso.

No campo da “Liga dos Campeões”, a Porsche foi campeã com 69 automóveis vendidos em 2020, a Ferrari vendeu 30 unidades, o dobro da Bentley e da Lamborghini, com 15. A Aston Martin e Maserati conseguiram o mesmo número, com 7 unidades. Ou seja, vendeu-se menos Alpine (6) do que Aston Martin em Portugal…

Com isto, a vontade que tenho é a de comprar, para além do Alpine que falei na semana passada, um Alfa Romeo ou um KIA Stinger para lhe fazer companhia!

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!