“Novo ponto de viragem”
Este é o Volvo EX30, um dos modelos mais importantes da história da marca fundada em 1927. E sim, essa forte afirmação pode ser desde já utilizada, somente alguns meses após o seu lançamento no mercado.
Porque é feita tal afirmação e o que vale este novo 100% elétrico da marca sueca?
É isso que vamos descobrir em mais um “Teste Completo” à versão Single Motor Extended Range.
Exterior
Em 2014, a Volvo teve um ponto de viragem com o XC90, modelo que inaugurou uma nova era para a marca, que foi para lá do estilo. Uma nova era em termos de filosofia, qualidade e tecnologia começou desde o lançamento desse seu SUV maior. Agora, com o EX30, a Volvo volta a reinventar-se e a apresentar um modelo totalmente diferente do que estaríamos habituados… ou preparados.
Mesmo com toda essa novidade, a verdade é que este Volvo se parece sempre com uma criação da marca, não perdendo a sua identidade, ainda que seja totalmente diferente de qualquer outro modelo. Confusos?
Com um comprimento de 4,23m, este é o modelo mais pequeno da marca, por larga margem, sendo quase 20cm mais curto que o XC40 e EX40. Mas, nessa pequena embalagem, o EX30 está cheio de detalhes.
O modelo conta com um desenho exterior “fresco”, bem como os tais elementos que permitem que seja reconhecido como um Volvo, como é o caso dos grupos óticos estilizados com o “Martelo de Thor”, as superfícies “fortes” e robustas, o pilar C largo, ou a iluminação traseira vertical, ainda que bipartida, demonstrando que esta é, igualmente, o início de uma outra revolução e nova era para o fabricante europeu.
O modelo pode contar com cinco diferentes cores a revestir a sua carroçaria, com esta unidade a contar com o Vapour Grey, contrastando com o tejadilho em preto, de série desde o nível intermédio. As jantes podem assumir três dimensões: 18’’, 19’’ (unidade em teste) ou 20’’ polegadas.
Interior
Simplicidade, qualidade e consciência ambiental. Três características que nos permitem definir o habitáculo deste novo modelo da Volvo.
É a união desses três pontos que podem tornar um habitáculo tão especial. É uma nova forma de ser Volvo, mas uma realidade que já era esperada. Longe vai o tempo das superfícies em pele e um aspeto luxuoso, agora encontramos materiais reciclados e superfícies limpas. Um outro estilo de “luxo”, que nos permite estar num interior moderno e luminoso (especialmente se contar com tejadilho em vidro), assim com uma ampla visibilidade, graças a um tablier baixo.
Mas vamos por partes. Este tablier destaca-se por dois elementos: o volante com um aspeto quadrangular e o ecrã ao centro com 12,3’’, responsável por regular tudo no interior deste Volvo (exceto os vidros). Essa solução, que ao início nos exige algum tempo de habituação, faz parte da experiência de calma e relaxamento ao volante, num automóvel que quer ser um excelente companheiro nas viagens diárias, com a segurança e conforto Volvo, mas aqui com um cunho mais jovial.
Os bancos, com encostos integrados, podem assumir diversas cores, sendo igualmente confortáveis e com um apoio suficiente. Ao centro, o apoio de braços é modular, permitindo três diferentes posições, local onde se encontra igualmente o comando para os vidros elétricos. E é aí que julgamos que não era necessário a Volvo ter levado a sua simplicidade a um extremo tão elevado, sendo necessário selecionar “Rear” para operar os vidros traseiros, assim como é necessário recorrer ao ecrã central (e aos botões no volante) para regular os espelhos retrovisores…
Por outro lado, a simplicidade no comando de seleção de marcha, colocado no local onde encontrávamos os comandos para os limpa para-brisas, ajuda a libertar o espaço, normalmente utilizado para o efeito, permitindo a colocação do porta-luvas (em posição central) e um espaço de arrumação inferior. Os comandos dos piscas e limpa para-brisas estão localizados na mesma haste, no lado direito.
Atrás, o espaço está em linha com o que poderíamos esperar de uma proposta com estas dimensões, embora a base do assento seja algo curta e o piso demasiado elevado, devido à colocação das baterias. No entanto, o Volvo EX30 consegue acolher dois adultos sem problemas de maior. No que diz respeito à bagageira, essa conta com 318l de capacidade, auxiliados por mais 7l que se escondem debaixo do capot, num “frunk”, local onde podemos guardar os cabos de carregamento.
Ainda no interior, destaque para a solução encontrada pela Volvo, ao utilizar uma “soundbar” assinada pela Harman Kardon no topo do tablier, de forma a libertar espaço nas portas para as dotar, igualmente, com maiores espaços de arrumação.
Condução
O Volvo EX30 está disponível em três diferentes configurações, duas com o mesmo nível de potência 200kW (272cv), mas dois níveis de bateria: 51kWh (Single Motor) e este com 69kWh (Single Motor Extended Range), assim como uma opção mais emocional, com tração integral, a mesma bateria de 69kWh de capacidade, mas com uma potência total de 315kW (428cv), sendo assim o Volvo mais potente que podemos comprar.
Aqui, podemos deixar já bem claro que não precisamos de mais do que estes 200kW de potência para fazer mexer este pequeno Volvo. Chega perfeitamente e aproveita da melhor maneira a expressão “Extended Range”.
Os primeiros quilómetros são, quase sempre, feitos em cidade, e aqui não foi exceção. Obviamente é notória a vantagem da solução elétrica, que aumenta de imediato a sensação de suavidade. Nestes primeiros momentos, é uma questão de nos habituarmos aos comandos minimalistas, algo que rapidamente é resolvido e “sentimo-nos em casa”; o modo “One Pedal” está disponível, ajudando a reduzir os consumos e aumentar o conforto em condução urbana, já que não necessitamos de utilizar o pedal do travão.
O arranque dos semáforos prova, desde logo, que os 272cv são (mais) do que suficientes, algo que comprovamos igualmente quando saímos do centro da cidade e entramos em autoestrada. Aqui, podemos confirmar que o pisar deste Volvo é bom, não se notando a sua mais pequena dimensão, algo que também é notório graças ao bom isolamento acústico.
Num troço com mais curvas, a potência evidencia-se, assim como a tração traseira, que permite maior agilidade e que se mostra, caso sejamos demasiado agressivos com o pedal do acelerador. É igualmente aqui que constatamos que a suspensão, que em cidade e em autoestrada cumpre com o conforto, se apresenta mais branda do que poderíamos antecipar, exibindo algum rolamento e balanceio.
A direção tem igualmente uma maior preocupação com o conforto e não tanto com a dinâmica, podendo-se, porém, escolher entre três níveis de assistência.
Em termos de consumos, o Volvo EX30 Single Engine Extended Range conseguiu um valor final de 16,3kWh/100km em mais de 350km percorridos, em percursos mistos. Em cidade, esse valor reduz para valores em torno dos 14kWh/100km. Estes vão ao encontro dos anunciados pela marca, confirmando assim a possibilidade de percorrer até 392km (percurso misto) sem precisar de carregar.
Caso isso seja necessário, o EX30 permite que seja feito até 175kW em corrente contínua ou, em alternativa, até 11kW em corrente alternada (wallbox, por exemplo).
Conclusão
O Volvo EX30 é o modelo da marca mais importante desde o XC90 e efetivamente um dos mais importantes da história da marca. Este modelo entra num terreno desconhecido para a Volvo, mas que nos parece “a postos” para esse início de aventura. Um “luxo consciente”, onde o minimalismo e a simplicidade imperam, sempre com a sensação de qualidade (ainda que diferente) e segurança, que é, para a Volvo, o que mais importa.
O EX30 está disponível desde 37.894€, um valor bastante aceitável face aos seus concorrentes diretos. Esta unidade, com a bateria de maiores dimensões, no nível Ultra, pedia em troca 50.071€.
