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Co-piloto por um dia a bordo da Toyota Hilux T1+

Co-piloto por um dia a bordo da Toyota Hilux T1+
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“Do lado errado”

 

Que me perdoem desde já os copilotos por este título, que não quer ser de forma alguma depreciativo. É apenas uma questão pessoal, já que para mim, estar num automóvel, principalmente de competição, no lado que não tem um volante imediatamente à minha frente é, digamos, uma situação não muito confortável.

Portanto, “senhores que cantam as notas”, posso dizer-vos que tenho muito respeito por vocês, principalmente quando a minha tarefa neste dia foi apenas a de ficar sossegado (dentro do possível) a apreciar a “classificativa” enquanto João Ramos fazia a sua magia com a Toyota Hilux T1+.

Feita esta introdução, estou pronto para vos contar mais uma “história Toyota GAZOO Racing”.

 

Capítulo 1: O plano era simples, mas eu cheguei tarde

A Toyota tinha planeado um dia inteiro no Outeiro Test Center, nas imediações de Leiria. Contudo, eu não podia estar presente desde manhã cedo, mas como não podia perder esta oportunidade, só consegui aparecer a meio da festa… ou quase no fim.

Peguei no Corolla GR Sports (ótimo para entrar no espírito), o meu companheiro de viagem para percorrer os 150km que me separavam do “recreio” que a Toyota montou para patrocinadores, convidados e, claro está, jornalistas. Tudo com o objetivo de demonstrar a “veia atlética” de uma marca que também está na dianteira das energias “verdes”. Um verdadeiro caso de “bipolaridade positiva”, que não deixa de me surpreender.

O Corolla percorreu a A1 com elevado conforto, comigo num ambiente controlado, com uma temperatura fresca graças ao ar condicionado, e sem pó, o que contrastava completamente com o calor que se fazia sentir no exterior, assim como com o que estava pelo ar no “Test Center”, como pude descobrir assim que entrei pelos portões. Mas antes disso, foi o V6 que se fez ouvir…



 

Capítulo 2: A máquina “infernal” 

Ali está ela, a “Dama Negra” como ouvi chamar assim que cheguei ao local. Bem vocal, graças a um motor 3.5l V6 biturbo, que debita em torno de 400cv, geridos por uma transmissão sequencial de seis velocidades.

A Toyota Hilux T1+ tem um vasto palmarés de vitórias, seja com João Ramos, ou por vir de uma linhagem que já venceu o Rally Dakar, com Nasser Al-Attiyah. Ou seja, temos aqui uma máquina verdadeiramente impressionante, logo à vista, graças às suas dimensões generosas, visíveis desde logo pelas rodas verdadeiramente impressionantes, e pela largura que, tal como podem ver na imagem abaixo, faz parecer “pequena” a Hilux que podemos comprar em qualquer concessionário da marca.

Mas é o som que mais impressiona, verdadeiramente visceral, que nos faz todos calar durante a sua passagem, por duas razões: porque gostamos do que ouvimos e queremos deixar os outros ouvirem este V6 “rugir”, mas também porque não vale a pena falar porque ninguém nos vai ouvir muito bem…



 

Capítulo 3: Entrar no fim de semana com um salto!

Como cheguei já tarde vi menos ação, mas também esperei menos por me sentar na bacquet direita da Toyota Hilux T1+. Nem tudo é negativo, não é verdade?

Capacete posto e apertado, “escalar” para o interior da Toyota, apertar os cintos de três pontos, ligar o intercomunicador (porque lá dentro não é silencioso também) e vamos lá!

A primeira pergunta que me foi dirigida foi: “Já andaste ao lado fora de estrada?”

Pensei cerca de cinco segundos, procurando nas minhas memórias de copiloto que provavelmente apaguei, e respondi: “não, só em pista”.

João Ramos responde logo: “Isto aqui é mais engraçado, é mais no improviso”.

Sabendo disto, como uma verdadeira realidade, fiquei calmo. Até porque improviso nunca falha, não é verdade?

Porta fechada, primeira engrenada, modo “Anti-lag Soft” selecionado (pensei logo para mim “ok, isto vai ser sério”) e fomos direitos ao primeiro salto. Como isto foi numa sexta-feira, achei ótimo para deixar a semana para trás e aproveitar para entrar no fim de semana… com estilo!

A capacidade de tração impressionante junta-se a um motor que escala rotações rapidamente, enquanto o som do diferencial ecoa na cabine, com o som típico (e que pessoalmente gosto muito) da transmissão a ser quebrado pelas passagens da caixa sequencial. As rodas de grandes dimensões mostram ser bastante úteis, já que não é necessário desviar de muitos obstáculos, o que com uma pick-up de estrada nos deixaria ficar por ali, a chorar por um pneu fora da jante ou de um cárter que deixou a sua vida logo ali.

A Toyota Hilux T1+ é um monstro, os metros passam rápido, as curvas encadeiam-se e o pior, que para alguns será o melhor, é que eu não sabia para que lado era a próxima curva. Só para verem a qualidade deste co-piloto. (Também nunca aqui estive, nem fiz nenhuma volta de reconhecimento).

Dessa forma, confiei no João Ramos e no seu improviso que o fez apaixonar pelo Todo-o-Terreno, mesmo com uma Hilux T1+ que estava já com menos combustível do que deveria, o que já a tornava mais difícil de pilotar do que com a afinação certa (feita para 150l de combustível).

Pouco tempo depois, bem menos do que eu até quereria, estávamos já perto do local onde eu iria ficar, mas antes, um último salto para a despedida. A Toyota Hilux T1+ mostra ser uma verdadeira máquina de competição, uma vencedora que me permitiu ter emoções fortes, mas que permite à marca demonstrar a sua resistência e performance.

No final, agradeci e disse: “Realmente, é mais engraçado que nas pistas, mas desse lado.”



Capítulo 4: Ficou a faltar o GR Yaris RZ, mas isso fica para uma próxima

A minha chegada tardia (mas que valeu a pena) não foi, no entanto, totalmente bem-sucedida, já que não consegui ser copiloto pela segunda vez no mesmo dia, a bordo do Toyota GR Yaris RZ, com que Pedro Lago, piloto da Caetano Auto, participa na Toyota Gazoo Racing Iberian Cup.

Mais próximo do seu modelo de estrada (o que também podem ver na imagem abaixo), este apresenta um incremento de potência do motor 1.6l para os 262cv, mantendo a tração às quatro rodas e uma transmissão de seis velocidades em “H”.

Embora mais “silencioso” do que a Toyota Hilux T1+ que tripulei, a cara dos “copilotos” evidenciava que a diversão não se mede aos palmos, o que deixou o piloto satisfeito:

“É sempre uma experiência única na vida as pessoas terem oportunidade de andar num carro de ralis em situação algo similar ao da competição, porque à partida não têm ideia nenhuma do que vai acontecer.”



No final de mais uma experiência Toyota, o rescaldo foi (uma vez mais) positivo, pegando novamente num ponto que referi acima: é admirável a bipolaridade da marca nipónica, mesmo na sua gama, conforme provaram os três exemplares GR expostos no Outeiro Test Center: GR86, GR Yaris e GR Supra (com transmissão manual), que contrastavam com o novíssimo Prius, que estava no estacionamento…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!