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Teste Completo: BYD Atto 3 Design

Teste Completo: BYD Atto 3 Design
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“Para ser levado (muito) a sério”

 

Após um primeiro contacto na apresentação da nova marca em território nacional, é altura de testar com maior detalhe o BYD Atto 3, a proposta de acesso (por enquanto) para o nosso mercado. Um SUV compacto com 420km de autonomia.

Estará à altura para enfrentar os seus concorrentes, bem conhecidos da nosso mercado?

Pois bem, a BYD chegou à Europa em 2021, mas só agora ao nosso mercado, assim como a muitos outros países do velho continente. E antes que comece a apontar o dedo, convém lembrar que já por duas vezes passámos por momentos semelhantes nesta indústria, aquando da chegada dos fabricantes japoneses, com o “boom” dos anos 80 e com a chegada dos coreanos, que não eram levados a sério nos anos 90, sendo agora verdadeiras alternativas, liderando até mercados europeus.

Portanto, a BYD, marca chinesa líder na produção de veículos eletrificados a nível mundial, segue esse caminho, tal como tantas outras que iremos conhecer nos próximos anos.

No entanto, existe uma nuance. Se anteriormente os outros países orientais estavam alguns passos atrás em diversos aspetos, no caso dos fabricantes chineses, onde a BYD está incluída, pode até pode existir alguma vantagem, já que conta com um forte avanço no que toca à mobilidade elétrica, tanto na própria tecnologia, como na produção e extração de minérios, assim como na logística. Essa experiência prova que iremos contar com mais um país produtor, mas só o futuro nos dirá quão forte será o seu “peso” no nosso mercado.

 

Exterior

Mais uma vez, aprendendo com os casos anteriores, a BYD tem no Atto 3 um modelo perfeitamente adaptado ao velho continente. Com uma dimensão de 4,45m, o SUV compacto aponta diretamente a rivais bem conhecidos.

Para isso necessita de um design bem conseguido, o que foi atingido. As linhas são fluidas com uma imagem que demonstra cuidado com estilo, sem exageros que poderiam afastar os clientes, uma jogada certa por parte da marca. Na dianteira contamos com tudo bem organizado, numa superfície limpa, mas não em demasia como em outras propostas elétricas, cumprindo até a atual “regra de estilo” de contar com um elemento LED que conecta os grupos óticos.

Na lateral, temos como destaque o pilar C com uma cor distinta e um efeito 3D, que lhe confere alguma exclusividade, enquanto o resto do seu estilo exterior passaria perfeitamente como se fosse um novo modelo de uma marca 100% europeia. Ou seja, a BYD está presente na Europa há mais de 20 anos… daí o seu conhecimento.

Atrás contamos com mais uma secção bem conseguida, com os farolins traseiros em LED a estarem igualmente ligados. No entanto, é também aqui que contamos com o único elemento que nos deixa com algumas dúvidas se a BYD fez a escolha certa. Já que ao contrário da dianteira que apresenta apenas essas três letras, na traseira a marca optou por apresentar o significado do seu nome “Build Your Dreams”.

Esquecendo isso, o Atto 3 é uma proposta que não temos de nos esforçar para gostar. Está disponível em 5 diferentes cores, com este Skiing White a acentuar bem as linhas deste SUV de segmento C.



 

Interior

Se o exterior é sóbrio, o interior é bastante original, cheio de detalhes (uns maiores e outros mais pequenos) que pretende que este BYD Atto 3 não seja “apenas mais um elétrico”. Porque há que se destacar, não é verdade?

O desenho global e as cores empregues são originais, com o azul e o bege, que se a uma primeira vista poderiam parecer exagerados, com o passar do tempo começam a resultar. Os bancos, com encosto integrado, oferecem um bom apoio e garantem uma posição de condução correta.

No centro do tablier contamos com o enorme ecrã, que serve como central multimedia e que permite uma rotação de 90º de forma a escolher se o queremos em posição vertical ou horizontal. Na verdade, em 99% deste ensaio foi utilizada a posição horizontal, já que a vertical não nos parece uma boa solução em utilização quotidiana. Mas fica a ideia.

Um ponto positivo vai para a qualidade geral, com tudo a parecer bastante robusto e com bons materiais, nomeadamente nas zonas onde algumas propostas de segmento mais elevado falham: junção entre o tejadilho e o vidro dianteiro, e portas traseiras, onde este BYD oferece um material idêntico ao montado nas portas dianteiras.

Depois, contamos ainda com detalhes interessantes, como os manípulos de abertura das portas, assim como as cordas de guitarra (ou banjo) junto às bolsas de arrumação, que em conjunto com as saídas de ventilação que querem fazer lembrar um CD de uma jukebox, mostrando que a música foi uma verdadeira inspiração na altura de desenhar o interior deste Atto 3.

Os lugares traseiros contam com um espaço generoso, graças a um bom aproveitamento do espaço, assim como uma bagageira com 440l de duplo piso, para uma maior facilidade de gestão de espaço.

No entanto, também há pontos que necessitam de melhoramento. O sistema multimedia deveria contar com comandos para a climatização de acesso mais facilitado, assim como maior fluidez em alguns comandos. Este segundo ponto foi parcialmente resolvido durante o nosso teste, já que o BYD “pediu” uma atualização OTA (Over The Air) para melhoramento do sistema, o que prova que este ponto menos positivo poderá ser “coisa do passado” daqui a uns tempos.

No entanto, o painel de instrumentos é outro dos pontos que necessitaria de ser revisto no futuro. Com uma dimensão reduzida, apresenta sem problemas os elementos que necessitamos para a condução, como a velocidade ou a autonomia. No entanto, o computador de bordo não é simples de utilizar e apresenta a média de consumo geral, bem como uma média dos últimos 50km, valores que não nos pareceram muito claros ou realistas.



Condução e Consumos

Portanto, é altura de conduzir este BYD Atto 3. Mas primeiro, precisamos de falar da sua ficha técnica. Em termos de potência, essa é entregue às rodas dianteiras, contando com os “típicos” 150kW, o que “traduzido” para cavalos dá um total de 204cv, e um binário de 310Nm que também permite que este Atto 3 seja suficientemente despachado.

Isso é verificado igualmente pelo seu tempo de aceleração, demorando 7,3s dos 0 aos 100km/h, enquanto a velocidade máxima está limitada aos 160km/h, algo também normal nestas propostas 100% elétricas.

A Blade Battery (que também ajuda na rigidez e na segurança passiva dos BYD) é composta por LFP (Lítio, Fosfato e Ferro) com uma capacidade de 60,5kWh, que segundo o construtor é capaz de percorrer até 420km.

A condução, propriamente dita, é confortável, com uma afinação que claramente preferiu oferecer mais conforto aos passageiros, mesmo em piso mais degradado, ao invés de uma experiência de condução mais imersiva ao condutor. Ou seja, contamos com algum adornar, mas nada em demasia. O modo Sport faz com que as suas reações sejam mais imediatas, mas também é onde notamos mais que o ESP intervém em demasia. Assim, o melhor é mesmo aproveitar o conforto dado por este BYD, que o consegue fazer mesmo sem ser demasiado “flutuante” nas suas reações.

Os bancos confirmam o bom apoio que apresentaram logo de início, com a posição de condução a ser confortável mesmo após vários quilómetros.

O tato de travão, algo também importante de referir neste tipo de automóveis, apresenta-se correto no caso BYD Atto 3, sendo fácil de modular, sem demasiada intervenção da regeneração. Por outro lado, o seletor para ajustar o nível da regeneração na condução podia ser mais fácil de utilizar, já que por vezes é complicado notar a diferença entre os dois disponíveis. De futuro, patilhas de seleção montadas atrás do volante, com maior diferença entre os modos, seria a solução ideal.

Mesmo em ritmo mais elevado de autoestrada, podemos notar que foi feito um bom trabalho no que diz respeito à insonorização.

Passando para os consumos, durante o percurso feito com este BYD durante alguns dias, o valor final atingido foi de 16,8kWh/100km, com valores em torno dos 14kWh/100km a serem facilmente atingidos numa condução citadina. Nestes primeiros contactos com um modelo, ainda para mais de uma marca totalmente nova, é normal que não sejam sempre feitos num ritmo ideal, pelo que este número é interessante, traduzindo-se numa autonomia de mais de 350km em ciclo misto.

No entanto, o BYD Atto 3 não está tão avançado no que diz respeito aos carregamentos. A bateria de 60,5kWh só permite um carregamento rápido de até 88kWh (0 aos 80% em 44 minutos) em corrente contínua, o que fica abaixo dos seus rivais. Em corrente alternada, os 11kWh permitem um carregamento dos 0 aos 100% em 6h30m.



 Conclusão

Por 41.995€, o BYD Atto 3 é um modelo para ser levado a sério, seja pelo seu design bastante europeu, o interior com qualidade e espaço, assim como um comportamento que oferece uma elevada dose de conforto, sem pedir muitos kWh em troca. É verdade que ainda existem “arestas a limar”, mas são bem menos do que poderíamos esperar, de uma marca que promete ser uma das principais referências elétricas no território europeu. As novidades BYD vão continuar ainda este ano.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!