“O Biscione preferido”
Quem diria que um Alfa Romeo SUV (formato que nem se conhecia há uns anos) seria o preferido em termos de vendas? Pois bem, poucos de nós, certamente.
É verdade que já falei que o Stelvio foi um produto lógico e que até parece ter vindo tarde, já que tinha existido um projeto bastante bem-recebido, o Kamal, em 2003. Mas o certo é que é talvez o melhor produto da Alfa Romeo da atualidade, e que para um primeiro automóvel do género, se revela uma surpresa muito agradável.
O Stelvio toma de assalto um mercado sedento de SUV, com uma concorrência feroz, mas que este Alfa Romeo parece tolerar bem, capaz mesmo de vencer em alguns campos. Isto porque na palavra SUV (Sports Utility Vehicle), a primeira letra do acrónimo importa muito, e o Alfa Romeo Stelvio faz o melhor uso possível dela.
Pois bem, aqui começo logo com mais uma opinião pessoal. Se me perguntassem se preferia um Giulia ou um Stelvio, eu hesitaria. E quem me conhece sabe que eu nunca demoraria tempo algum a preferir uma berlina a um SUV do mesmo segmento. Mas a justificação aqui é a seguinte: o Giulia faz as coisas bem, mas faz o que se espera; o Stelvio faz mais do que podíamos esperar num automóvel com estas dimensões e características.
Assente na mesma base do Giulia (a Giorgio), o Stelvio partilha assim um chassis muito competente e rígido, numa base exemplar onde obviamente foram revistas as ligações ao solo, com molas e amortecedores específicos. O uso de materiais leves (como alumínio e carbono) fazem com que este seja o SUV mais leve do seu segmento, com 1735kg, que chega a ser uns 100kg mais leve que alguns dos seus adversários diretos.
A “embrulhar” tudo isto está uma carroçaria muito bem desenhada, que mesmo tendo um estilo que nunca tinha sido feito pela marca, conseguiu “beber” muita inspiração e ser verdadeiramente italiano. A frente alta com o “scudetto” é agressiva, dinâmica e alta, dando origem a uma lateral elegante, mas de respeito graças às suas dimensões, onde as jantes de 20’’ polegadas desta unidade parecem ser “normais”. A traseira destaca-se pelo portão de bagageira bem desenhado, e pelas generosas ponteiras de escape, pretas, graças à versão B-Tech, que “tinge” tudo o que é cromado neste tom mais escuro.
Passando para o interior, parece ser um Giulia, mas um olho mais atento nota diferenças.
O estilo é o mesmo, agradável, mas com os acabamentos a parecerem melhores, nomeadamente nos compartimentos das portas que são forradas no seu interior. O tablier está organizado de forma correta, com o ecrã a não ser tátil, mas a ser controlado pelos comandos presentes na consola central, de fácil habituação. Sim, mais uma vez é o sistema multimédia o “elo mais fraco”, com um software às vezes confuso e uma câmara de estacionamento difícil de ser vista em horas de maior luminosidade. Mas a salvar as honras da casa, a versão B-Tech já conta de série com sistema Apple CarPlay e Android Auto, para “espelhar” o nosso smartphone e nos sentirmos mais em casa.
No interior encontramos uma posição de condução muito correta, com uma colocação ideal face ao volante e aos pedais, elevada, mas continuando a ser desportiva. Apenas um pequeno reparo para o apoio dos bancos, que se sente insuficiente em condução mais acutilante, mas quanto a isso já lá vamos…
No interior, a maior vantagem face ao Giulia surge no superior espaço a bordo, com três passageiros a conseguirem ir nos lugares traseiros, com um espaço bastante razoável seja para as pernas ou para a cabeça. A bagageira também é superior, 525L de capacidade, com bom acesso e acabamento.
“Acabamento” é outra palavra-chave para caracterizar este Alfa Romeo Stelvio, já que não se ouviu um único barulho parasita, nem mesmo em mau piso. O cuidado na construção, tanto exterior como interior, revelaram estar em muito bom nível.
Mas tal como no Giulia, é em andamento que o modelo mais impressiona. E como disse ao início, devido ao que consegue fazer. Ou seja, mais do que podemos esperar. Para começar, a sua direção, muito direta e com um bom feeling, continua a ser “telepática” como a do seu irmão mais “rasteirinho”. Depois, a suspensão. Obviamente tem uma afinação mais rija, que também tolera bem os maus caminhos, e acaba por oferecer uma sensação de aderência acima da média, sem adornos excessivos, o que se enquadra muito bem com um motor diesel renovado com 190cv.
Este continua possante e com um bom balanço entre prestações/consumos, que acabam sempre por ser 0,5 a 1L mais elevados que no Giulia (não há milagres). Contudo, as prestações continuam a impressionar, e isso acontece graças a uma transmissão automática de 8 relações, que se mostrou sempre rápida e decidida. Ponto forte também a ir para as generosas patilhas de seleção, ainda para mais se colocarmos o DNA (sistema que permite mudar o temperamento do Stelvio) em D, de Dynamic.
Quanto a preços, se compararmos diretamente, na versão B-Tech com o mesmo propulsor, o Stelvio é 6.800€ mais dispendioso que o Giulia. Por outro lado, oferece um espaço extra, uma qualidade melhorada, tudo num SUV que está acima dos seus concorrentes a nível dinâmico.
É bem compreensível o seu sucesso!
Alfa Romeo Stelvio 2.2 Turbodiesel 190 B-Tech RWD 8AT Q2
Especificações:
Potência – 190cv às 3500rpm
Binário – 450Nm às 1750rpm
Consumo Combinado Anunciado – 6L/100km
Consumo Combinado Medido – 6,7L/100km
Aceleração 0-100km/h (oficial): 7,6s
Velocidade máxima (oficial): 210km/h
Preços:
Alfa Romeo Stelvio desde: 52.542€
Preço da versão ensaiada: 59.060€
Preço da versão ensaiada c/opcionais e campanha: 63.298€*
*inclui campanha em vigor de 8.000€
Clica e vê este Stelvio B-Tech em maior detalhe:
