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“Sem ruído”: Testámos a Renault Kangoo E-Tech

“Sem ruído”: Testámos a Renault Kangoo E-Tech
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“É preciso querer”

 

Quando pensamos num automóvel comercial compacto, o Renault Kangoo poderá estar, muito provavelmente, no topo da nossa lista mental. Mas tal como já vos apresentei por aqui também há algum tempo, o Renault Kangoo conta também com uma muito racional versão de passageiros, para quem o espaço e funcionalidade é o mais importante.

Mas será que a sua variante elétrica também é racional?
Foi isso que quisemos descobrir neste ensaio.

Para começar, falemos das diferenças estéticas, que a bom da verdade não são muitas. Nesta terceira geração da solução (bastante) polivalente da Renault, a versão E-Tech destaca-se por uma dianteira com uma grelha revista, que “esconde” atrás do seu losango, o ponto de carregamento.

De resto, apenas a ausência de escape e o pequeno logo E-Tech na traseira nos informam que estamos perante uma Kangoo com uma “pegada mais verde”. Assim, não deixamos de contar com umas jantes de 17’’ polegadas, bem como barras de tejadilho e vidros escurecidos, nesta versão Techno, a mais equipada.



Abrindo a porta dianteira encontramos um interior simpático e bastante luminoso, com bastantes espaços de arrumação e uma boa apresentação. Sim, os plásticos não são moles, mas é aqui que nos lembramos que estamos perante um automóvel que dá base a uma das propostas comerciais mais vendidas do nosso mercado.

No entanto, os seus bancos confortáveis, volante em pele e uma boa dotação de equipamento remetem-nos de volta para os automóveis de turismo, ou seja, de passageiros.

E aproveitando para falar desses passageiros traseiros, encontramos diferenças entre esta variante E-Tech e a normal de combustão que testámos anteriormente.

Devido à  bateria estar alojada sob os bancos traseiros encontramos alguns constrangimentos. Para começar, as pernas vão mais dobradas, devido ao piso estar igualmente mais alto, o que também nos deixa pouco espaço para colocar os pés debaixo dos bancos dianteiros.

Em segundo, a regulação dos bancos longitudinalmente (através dos carris) e em inclinação, não estão igualmente disponíveis nesta variante elétrica do Kangoo, algo que também faz com que, quando rebatidos os bancos, não contamos com um piso de carga totalmente plano…como na versão térmica.

No entanto, não nos podemos queixar de falta de espaço a bordo de um Kangoo, algo que o torna imbatível face a um SUV familiar. Também a bagageira apresenta uma volumetria bastante elevada, com 850l de capacidade e um piso baixo, o que ajuda a carregar (ou descarregar) cargas mais pesadas. No entanto, temos de ter cuidado com o tamanho generoso do portão da bagageira.

Passando para a condução, o Renault Kangoo E-Tech utiliza um motor elétrico com 122cv (90kW) que entrega a potência às rodas dianteiras, com a energia a ser armazenada na bateria com 45kWh de capacidade útil.

Primeira impressão é a normal que temos quando conduzimos uma variante elétrica de um modelo que já conhecemos com motor a combustão, com uma suavidade (e disponibilidade) bastante superior, o que não é exceção também aqui no caso do Kangoo E-Tech. A sua potência é suficiente para “a vida” que este tipo de automóvel terá, mesmo que apresente uns “pesados” 1870kg na balança. Em termos de comparação, a variante gasolina com transmissão EDC pesa menos 200kg.



No entanto o seu binário sempre disponível disfarça bem esse peso, principalmente em cidade, onde este Kangoo E-Tech mais “dará cartas”. É igualmente aqui que conseguimos os melhores consumos, local onde é também ideal para testar os três modos de regeneração: B1 (modo “vela”), B2 (regeneração média) e B3 (regeneração com travagem).

Dessa forma, conseguimos valores em torno dos 16,2kWh/100km.

Em auto-estrada é notório o aumento de consumo (devido ao volume dianteiro), indo para valores mais próximos dos 19kWh/100km. Com uma toada calma, conseguimos um consumo combinado de 18,5kWh/100km, o que significa uma autonomia de 245km, um pouco longe dos 270km anunciados pela Renault.

A gama Kangoo E-Tech inicia-se nos 39.975€, com esta versão Techno a pedir em troca desde 41.513€. No entanto, devemos optar por esta versão 44.957€, já que conta com possibilidade de carregamento rápido (embora apenas até 80kW) e carregamento alternado até 22kW.

É aqui que encontramos o principal calcanhar de Aquiles deste Renault Kangoo E-Tech, os seus preços elevados, difíceis de justificar por um cliente particular. No entanto, para um cliente empresarial com um uso extensivo em cidade, para transporte de passageiros, poderá fazer sentido devido a custos de utilização mais reduzidos.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!