“Fiel Amigo”
Perdoem-me este à vontade, mas, para mim, o Jeep Renegade é um automóvel diferente. Desde o seu lançamento que faz, no meu ver, o balanço perfeito entre a parte lógica da compra de um automóvel assim, com a parte emocional. É fácil perceber porquê, e também para mim, se tivesse um Renegade, seria o “carro lá de casa”, parte da família, como se de um fiel amigo se tratasse.
Pois bem, agora foi vez de regressar ao Jeep Renegade, após algumas aventuras a bordo deste simpático SUV americano, e descobrir aquela que é a sua versão mais “apimentada”, e longe da realidade pela qual a marca Jeep é conhecida. Isto porque este é o Renegade S.
Mas o que significa o S?
O S significa que estamos perante uma versão que se preocupa bem mais com o asfalto do que com qualquer outro tipo de piso, mas atenção, o Renegade não esquece os seus antepassados, e já deviam saber disso…
Esteticamente destaca-se por acabamentos em preto, que substituem o cromado, assim como umas jantes de 19’’, também de tom mais escuro, o que contrasta muito bem com a pintura vermelha, que reveste este original SUV de linhas angulosas, e que parece não envelhecer com o passar dos anos. Para quem esteve mais distraído, o Renegade contou com um restyling há cerca de um ano, que lhe conferiu uns novos faróis LED, com uma nova assinatura luminosa, assim como outros pequenos detalhes, tais como novos desenhos de jantes, para-choques redesenhados, novos farolins traseiros e até uma nova abertura do portão da bagageira. Detalhes, porque não era preciso mudar muito para continuar cool.
Nesse campo da estética, ou se ama ou se odeia. Mas quem odeia este Renegade, muito dificilmente será cool…
No interior, o espaço continua a ser a primeira sensação que se tem quando se entra no habitáculo. O enorme vidro dianteiro, num ângulo quase reto, remete-nos para o Wrangler, enquanto o tablier mais alto nos dá uma sensação de imponência, de um automóvel maior do que realmente é. O habitáculo está, no geral, bem montado, com materiais na maioria suaves ao toque, ainda que não seja um exemplo nesse campo. O seu equipamento, nesta versão S, não tem mácula, incluindo um completo sistema infotenimento de 8,4’’ com navegação, bem como Apple CarPlay e Android Auto. No campo da segurança, elementos como Cruise Control adaptativo, sistema de travagem automática, Lane Keep Assist (ativo) e leitura de sinais de trânsito são de série. Como opcionais, apenas os estofos em pele com detalhes em cinzento, o ajuste elétrico dos mesmos, assim como o teto de abrir ‘My Sky’, que não é panorâmico, mas que tal como o Renegade prima pela diferença, já que pode ser retirado de forma a criar um “Open top”.
Mas o “tal” espaço, passa da sensação para realidade. As quotas são realmente boas, e no banco traseiro conseguem mesmo viajar três ocupantes sem problemas de maior, enquanto a bagageira ainda não é referência, com 351L de capacidade.
Mas vamos passar para a condução, e aqui importa referir que a gama S do Renegade apenas conta com dois propulsores, o 1.6 MJet (diesel) de 120cv, e este 1.3 FireFly de 150cv a gasolina, ambos equipados com transmissão dupla embraiagem DCT de seis velocidades. Entre eles, distam cerca de 3.300€, com o motor a gasolina a ser mais barato.
Este motor “anima” muito bem o Jeep, com o seu funcionamento a ser suave graças a uma arquitetura de quatro cilindros, e uma boa dose de binário (270Nm), disponível logo a baixas rotações. Para além dessa disponibilidade, ainda permite uma aceleração dos 0-100km/h em 9,4s e uma velocidade máxima de 196km/h, ainda que isso pouco importe num automóvel deste tipo.
Na prática, a transmissão DCT acaba por facilitar a condução, como é normal neste tipo de solução, contudo poderia ser mais expedita nas suas trocas e um pouco mais decidida, o que a par com as formas do Renegade, é uma das responsáveis por um consumo que, por vezes, é algo exagerado. No final do nosso ensaio, num circuito misto, o valor ficou pelos 7,8l/100km.
Dinamicamente falando, o centro de gravidade elevado do Jeep Renegade mostra desde cedo que não é feito para grandes correrias, mas mesmo em situações mais “aceleradas” nunca mostrou reações adversas. Este modelo gosta é de estradas nacionais. Elas são o seu percurso de eleição, de preferência com amigos, numa tarde de verão, com um destino bem longe, como já fizemos. Foi um bom companheiro, e um fiel amigo. Pode ter os seus defeitos, não é um produto perfeito, mas desculpamos tudo isso graças ao tal lado emocional que falei acima.
Lembrem-se deste exemplo: os vossos cães também roeram os vossos sapatos, as portas e os sofás lá de casa; ladraram quando vocês só queriam um pouco de silêncio; desarrumaram a casa antes de receberem visitas. Mas mesmo depois de tudo isto: vocês adoram-nos, pelo que eles são. O Renegade é desse tipo, mas muito mais bem-educado!
JEEP Renegade Limited S 1.3 Turbo Gasolina
Especificações:
Potência – 150cv
Binário – 270Nm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 9,4s
Velocidade Máxima (oficial): 196km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) – 6,4l/100km (7,6l/100km)
Preços:
Jeep Renegade desde: 21.808€
Preço da versão ensaiada: 34.404€*
*com campanha em vigor
