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Mazda 3 Skyactiv-X Evolve

Mazda 3 Skyactiv-X Evolve
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“E não é que funciona?”

 

Vou ser sincero convosco: quando ouvi falar pela primeira vez no Skyactiv-X, fiquei com muitas dúvidas. Então a Mazda dizia, “à boca cheia”, que tinha desenvolvido um motor a gasolina com ignição por compressão, combinando todas as suas vantagens com um consumo inferior ao de um diesel?

 

Bem, eu sei do que a Mazda é capaz, mas aqui achei que tinham ido longe demais, e receava que fosse um golpe de marketing.

Esta é a primeira vez que o experimento e, para mim, este era o “combo” perfeito. Um Mazda 3 Hatchback, manual, e com a cor certa, o Soul Red Crystal.



Por fora, pequenas diferenças, no conceptual modelo da marca nipónica, que se tudo correr bem, deixará de ser futurista lá para 2053. A grelha assume uma pintura mais escura nos seus flancos, enquanto as jantes de 18’’ recebem também o mesmo tratamento. Na traseira, apenas o badge do modelo, que avisa quem vai atrás de nós que à sua frente vai um automóvel com motor muito especial.

No interior, não há diferenças. “Apenas” um interior muito bem conseguido, juntando as linhas simples à tecnologia (necessária) para quem gosta de conduzir. Ergonomia em bom nível, e a posição de condução também. Para quem acha que o volante é algo grande (pode parecer), na realidade adapta-se muito bem ao “estilo” de condução deste familiar médio. A versão testada, Evolve + Pack i-Activsense + Pack Sport está bem equipada, contando já com iluminação LED com máximos adaptativos, sistema multimédia completo com Apple CarPlay, assim como ar condicionado bi-zona e cruise-control adaptativo.

Ou seja, praticamente nada falta cá dentro.

São só coisas boas?

Quase. A visibilidade é um contra no Mazda 3. O seu pilar C acaba por cortar alguma visibilidade quando saímos de estacionamentos, e o vidro traseiro também não é de grandes dimensões. Contudo, a câmara de estacionamento atenua muito isso, no que toca às manobras. O espaço atrás é confortável para dois adultos, enquanto a bagageira é de 358L, e está na média do seu segmento.



Mas vamos para o que importa, e isso é a condução.

Primeiro, pequena aula sobre motores, por alguém que é feito para conduzir e não para andar a mexer neles.

Ora bem, num motor a gasolina convencional, a mistura de combustível-ar é inflamada por uma faísca produzida pela vela de ignição. Já no motor diesel, essa combustão é feita por compressão, que inflama apenas por pressão e pelo calor gerado. O diesel é também mais denso em energia que a gasolina. Sendo mais denso, significa também que consome mais ar e menos combustível, contribuindo desde aí para um menor “apetite”.

Ora bem, para a Mazda surgiu aqui uma ideia: mas os diesel, ainda que consumam menos, e até consigam libertar menos dióxido de carbono graças a isso, emitem por outro lado outros elementos mais nocivos, como o NOx. Depois, existe ainda uma outra diferença.

Os motores diesel são turbinados (pelo menos na atualidade, e graças ao “deus dos motores”), enquanto que os motores a gasolina podem “viver” sem turbo, e com isso conseguir mais potência nas rotações mais elevadas.

Em suma, o que o Skyactiv-X fez foi oferecer o melhor dos “dois mundos”, e, segundo a marca, sem desvantagens. A ignição é feita por uma tecnologia criada pela Mazda. Ignição por compressão controlada por faísca (SPCCI). Este sistema trabalha comprimindo a mistura combustível-ar, conseguindo assim uma taxa de compressão muito maior do que a de um motor a gasolina “convencional”.

O que conseguimos com tudo isto? 10 a 30% mais binário que o Skyactiv-G, e uma melhor eficiência de combustível que o Skyactiv-D. E uma potência que ainda aumenta 10%.

Parece demais?

Vamos descobrir…

A primeira sensação é obviamente a de suavidade e silêncio, ou não fosse este um motor a gasolina. Disponível desde logo a baixos regimes, o motor aumenta a sua “alma” com o aumento das rotações, fácil de explorar graças a uma transmissão manual “à la Mazda”, ou seja, das melhores que o mercado tem para oferecer.



Quando quero saber verdadeiramente qual é o consumo de um carro, faço sempre reset ao consumo geral, e nunca mais lá volto até me preparar para entregar a chave. Pois bem, aqui fiz o mesmo. As voltas foram as mesmas, e meti na cabeça que não poderia haver preocupação, haveria de ser uma condução normal, como uma pessoa normal.

Em autoestrada, o Mazda 3 Skyactiv-X porta-se tão bem ou melhor do que um diesel, ou seja, é mais silencioso, sem perder a capacidade de ultrapassagem (mesmo que não conte com turbo), ainda que exija, por vezes, uma redução de 6ª para 5ª.

Suavidade é mesmo a palavra de ordem. Mas com o aumento de rotação, surge um “diferente motor”, e com mais raça, ou não sejam eles 180cv que o colocam num patamar de “semi-desportivo”, aquilo que chamo a um automóvel que graças à sua potência poderia ser um desportivo, mas que continua preocupado com tudo o resto, principalmente o conforto e consumos.

E no final faltava saber isso, os consumos. Após uma experiência tão positiva, pensei para mim que o consumo estaria uns 1,5l/100km acima face ao que obtive. Depois de “destapar” os consumos, o número mágico era de 6,2l/100km. Volto a referir que foi sem preocupações, com andamento normal e com um percurso misto, igual ao que faço diariamente. 110km, 75 deles em autoestrada.

No final, um Mazda3 igual a este pede-nos 31.574€, algo que tendo em conta o seu motor, potência e equipamento não parece, de todo, exagerado. Mais uma vez, parabéns à Mazda por quebrar convenções, e mesmo aceitando (em parte) o “futuro elétrico”, não deitou a “toalha ao chão” e dá mais uma hipótese aos motores de combustão.


Mazda3 HB 2.0 SKYACTIV-X 180 cv Evolve Pack i-ACTIVSENSE + Pack Sport

Especificações:
Potência – 180cv às 6000rpm
Binário – 224Nm às 3000rpm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 8,2s
Velocidade Máxima (oficial): 216km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) – 5,5l/100km (6,2l/100km)

Preços:
Mazda 3 desde: 25.988€
Preço da versão ensaiada: 31.547€


 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!