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Depois dos RS TSI e RS TDI, chegou a vez do Škoda Octavia RS iV

Depois dos RS TSI e RS TDI, chegou a vez do Škoda Octavia RS iV
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“O terceiro elemento”

 

Resolvi chamar a este ensaio “terceiro elemento” visto que este é o terceiro Octavia RS que estou ao volante, após testar as variantes gasolina (TSI) e Diesel (TDI). Quis também o destino que este fosse o terceiro que, por coincidência, utiliza esse mesmo terceiro elemento da tabela periódica para o diferenciar dos outros dois, o lítio. Esse é o composto que usa nas suas baterias que o tornam, em conjunto com o seu motor elétrico, num híbrido plug-in com “veia desportiva”.

É uma mais-valia a Škoda oferecer esta versão iV do seu Octavia RS, mas se a uma primeira vista este iV parece igual aos outros RS, um olhar mais atento faz-nos reconsiderar essa ideia. Contamos com as mesmas jantes de 19’’ polegadas, e um kit estético desportivo específico. Mas, na lateral, encontramos a porta de carregamento (do lado do condutor) assim como uma altura ao solo mais elevada.

Este iV RS é 15mm mais elevado que os outros Octavia RS, o que demostra que este RS não conta com as diferenças de chassis dos outros Octavia testados anteriormente.

Já no interior, não contamos com diferenças, a não ser obviamente informações distintas sobre o sistema híbrido mas, tirando isso, contamos com uma atmosfera desportiva e bem conseguida, com as bacquets e os revestimentos RS específicos a sobressaírem. O espaço a bordo continua a ser uma das suas principais mais-valias, com um habitáculo confortável para cinco. A bagageira decresce de volumetria, devido à colocação das baterias, perdendo 150l, mas ainda assim apresenta uns positivos 450l de capacidade.



O que mais importa saber para quem escolhe este Octavia iV RS são os seus números, tanto os da autonomia e consumo, como os da aceleração e de velocidade máxima, que são bastante apresentáveis: 7,0s e 225km/h respetivamente. Isso é conseguido graças à junção entre o motor 1.4 TSI de 150cv e o motor elétrico com 116cv. A caixa automática de dupla embraiagem gere então os 245cv e 400Nm de binário máximo.

Quanto à bateria, composta de iões de lítio, conta com uma capacidade bruta de 13kWh capaz de, segundo a Škoda, fazer 62km. Na prática conseguimos atingir a barreira de 58km antes do motor a combustão “acordar”. Assim, os primeiros 100km apresentaram (na melhor das tentativas) 2,2l/100km. Contudo, convém contar com uns mais realistas 3l/100km. Após isso, ou seja, sem a bateria “carregada”, podemos encontrar valores de média entre os 5,5l e os 6,3l/100km.

O carregamento para “repor energias” demora 3h30m numa Wallbox a 7kW.

Em termos de autonomia global, para compensar o peso (e espaço extra ocupado), o Octavia RS iV conta com um depósito de combustível mais pequeno, apresentando 39,5l. Ainda assim, é possível cobrir confortavelmente mais de 600km sem parar.

Mas sendo este um RS, tem de ser testado como tal. E aqui, o iV ganha algum peso nas contas.

Como dito acima, este iV é um RS sem muitas alterações a nível de chassi, o que acresce 167kg ao seu peso, totalizando 1693kg. E isso nota-se quando encontramos uma sucessão de curvas.

Atenção, este Škoda Octavia iV RS não deixa de ser competente, mas digamos que está um “degrau” abaixo dos seus congéneres somente térmicos. Aqui nota-se mais o rolamento de carroçaria, enquanto a direção continua com uma boa assistência e rapidez, a suspensão continua a ser firme, podendo ser ajustada graças ao sistema DCC. Porém, o peso nota-se mais nas transferências de massa, embora o “boost” elétrico ajude a compensar isso nas retas. Em travagem, o Škoda Octavia iV RS felizmente não conta com um tato de pedal muito diferente, algo que é típico dos híbridos plug-in.

Contudo, a transmissão DSG, que é rápida e suave quando está a comandar a situação, em modo manual é por vezes um pouco “teimosa” na altura de uma condução mais desportiva. O melhor é colocar em “S” e deixá-la tomar as decisões sozinha.



Mas, após tudo isto, é complicado não ver qualidades neste modelo. É um bom compromisso, embora não se possa ver com um “verdadeiro” RS. É um modelo mais especial, isso é certo, mas que não é tão “focado” como o TSI com o mesmo nível de potência, que alcança os 100km/h em menos 0,3s e uma velocidade de ponta 25km/h mais elevada (250km/h).

O preço de 47.381€ é 770€ inferior face ao TSI 245 e apenas 340€ superior face ao TDI 200. Com preços muito aproximados, a Škoda tem aqui uma proposta para todos os gostos, algo que já o disse anteriormente. O TSI é o melhor, enquanto o TDI é o que permite o melhor equilíbrio entre consumos e performances, principalmente se circular muito em autoestrada. O iV é aquele que nos deixa ter um pouco de tudo isso, com a vantagem de não “ir à bomba” durante muito tempo caso os percursos diários sejam inferiores a 50/60km, embora não seja tão divertido de explorar.

Desta forma, este Škoda Octavia RS iV é uma solução bem diferente dos dois RS testados anteriormente. Conta com a imagem desportiva, assim como um conjunto motriz de 245cv que é capaz e económico, mas que não nos brinda com uma condução tão dinâmica quando comparado com RS “térmicos”. No entanto, para quem procura o melhor de três mundos (look/poupança/performance), o iV RS pode ser uma boa solução, embora o Sportline com 204cv seja talvez a escolha certa, com um preço que arranca 3.100€ abaixo deste iV RS e que já conta com uma imagem mais desportiva face ao Octavia iV “comum” …

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!