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“Sem medo de arriscar” – Mazda CX-60 3.3 e-Skyactiv D Homura

“Sem medo de arriscar” – Mazda CX-60 3.3 e-Skyactiv D Homura
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“Traçar o seu próprio caminho”

 

Numa altura em que a eletrificação é palavra forte na indústria, o downsizing parece o caminho “obrigatório” a seguir, e o diesel é deixado de fora por muitas marcas, a Mazda tem no seu topo de gama o CX-60, uma opção diesel, que com 3.3l deixou o downsizing de lado. No entanto, conta com alguma eletrificação. O que vale esta nova proposta da marca nipónica, que mostra que (ainda) é possível traçar o seu próprio caminho? 

É preciso muita coragem para tomar uma decisão como esta da Mazda, mas, muitas vezes, para se fazer algo acima da média é preciso correr riscos. Acredito que tenha sido assim que a marca de Hiroxima pensou quando pensou, desenvolveu e decidiu lançar para o mercado este SUV com quase duas toneladas equipado com um motor diesel com mais de três litros de capacidade e uma arquitetura de seis cilindros.

No exterior, não existem muitas diferenças face às versões híbridas Plug-in testadas anteriormente, sendo essas apenas de detalhe. Basicamente aqui temos só um local para colocar o combustível, a inscrição Hybrid deu lugar a um orgulhoso “Inline 6”, enquanto atrás está presente o nome desta tecnologia e-Skyactiv D. 

Assim sendo, contamos com uma proposta com dimensões generosas e um aspeto exterior impactante, onde se destaca o longo capot, ideal para receber este generoso motor “seis em linha”. A imagem Mazda é patente pela filosofia Kodo, que conjuga as linhas “limpas” com uma imagem atlética. 

Abrindo a porta, encontramos um interior com elevado nível de qualidade, como já constatámos igualmente nos últimos ensaios feitos a este modelo. No nível Homura, testado aqui, o ambiente é mais sóbrio, mas não perdendo a sensação de estarmos a bordo de um modelo que pode, com toda a certeza, ser considerado premium. A posição de condução é correta, com múltiplos ajustes (todos elétricos) que permitem que, mesmo num SUV de grandes dimensões como este, possamos ir sentados de forma correta, porque afinal de contas “conduzir importa” para a Mazda. 



Em termos de ergonomia não há igualmente reparos, com os comandos físicos da climatização a serem a escolha certa, assim como o controlo na consola central do sistema multimedia, que se torna fácil de utilizar, sem tirar os olhos da estrada. 

O painel de instrumentos, totalmente digital, é de fácil leitura e é complementado por um head-up display. Ainda assim, poderia ser mais completo no que diz respeito ao computador de bordo. 

Já sentados atrás, nota positiva para o espaço habitável, que pode sentar até três adultos sem queixas, sendo também aqui que podemos apreciar a elevada dose de equipamento de série presente neste Mazda. Para além dos bancos aquecidos “lá atrás”, à frente são ainda ventilados. Podemos contar com saída de ventilação própria, assim como duas fichas USB-C, e ainda uma tomada convencional. 

Ainda no que ao espaço diz respeito, a bagageira (de abertura e fecho elétrico, como seria de esperar) apresenta os mesmos 570l de capacidade da versão e-Skyactiv PHEV. 

“Verdadeiramente impressionante”

Já o disse aqui e volto a dizer: “O Diesel não está morto”. Por muito que se compreenda as razões, esta ainda é uma maneira bastante eficiente de viajar, com este Mazda CX-60 3.3 e-Skyactiv D a dar uma verdadeira lição sobre isso. 

Para começar, a Mazda colocou as convenções na gaveta e as opiniões para trás das costas. Desenvolveu um motor 3.3l diesel numa altura em que isso seria, para muitos, apenas uma ilusão. Com seis cilindros em linha, oferece um balanço que só está ao nível de arquiteturas deste género. Em termos de potência, este motor está dividido em dois patamares: 200cv e tração traseira, como contámos nesta unidade; ou 254cv caso optemos pela tração integral às quatro rodas. 

É verdade que não testei ainda a versão mais potente deste propulsor, mas posso dizer desde já que estes 200cv (que parecem até ser mais) chegam perfeitamente para a vida deste grande Mazda. 

E a parte do verdadeiramente impressionante, não é (apenas) oferecida pelo seu andamento. Comecemos pela suavidade, com este propulsor Diesel a fazer-se apenas ouvir mais a frio, algo que, ainda assim, não é em demasia. Apenas é mais notório já que cada vez mais aqui no MotorO2 estamos ao volante de alternativas elétricas. É verdade que esses são ainda mais suaves, mas este 3.3l impressiona, principalmente pelo tipo de combustível que consome. 

Depois a sua sonoridade. Sim, este Diesel “canta” bem, com um típico som de seis cilindros que nos faz gostar ainda mais dele. Mas, acima de tudo isso, os seus consumos são o motivo de mais surpresa, talvez até demasiada. 

Ora bem, voltemos lá a ver os números: 

São mais de 1900kg de peso, num SUV com 4,75m de comprimento. O motor é um 3.3l com seis cilindros e 200cv. O consumo conseguido no final deste teste de mais de 600km? 5,3l/100km. 

Sim, isso mesmo. Pouco mais de 5 litros a cada cem quilómetros.

O que também é possível graças a um sistema “micro-híbrido” de 48v, que com 17cv e 153Nm de binário ajuda nos arranques e a rodar até em modo elétrico a baixas velocidades, ou quando usamos o pedal do acelerador como se tivéssemos um ovo por baixo.



Depois de sair da Mazda e fazer os habituais “reset” aos consumos anteriores, em toada calma, um percurso de 50km terminou com uma média de 4,4l/100km. Mas depois disso, com condução normal, é fácil fazer com que este “bom gigante” se mantenha abaixo dos 6l/100km. Uma prova para aquela velha máxima de: “there is no replacement for displacement”. A ajudar a isso, a transmissão automática de 8 relações funciona de forma irrepreensível com este motor, com passagens suaves e no “tempo certo”. Para mais imersão na tarefa de condução, as patilhas atrás do volante permitem passagens “manuais”. 

Em termos de condução, a tração traseira torna o CX-60 mais ágil, com uma dianteira mais “leve”, assim como um peso também reduzido em 163kg face ao seu “irmão” PHEV. A direção é direta e não demasiado assistida, indo ao encontro da filosofia do modelo. 

Mas, nem tudo é perfeito, já que a afinação da suspensão continua a não ser perfeita, com o eixo traseiro a ser por vezes demasiado “seco” (amortecimento rijo) ou a exibir algum balanceio excessivo, por exemplo na saída de lombas (molas macias). Ainda assim, em condução mais apressada, funciona melhor do que em andamento mais tranquilo. Ainda assim, deverá ser motivo de revisão pela Mazda na altura de atualizar este modelo. 

Mas, logo depois, voltam os motivos de surpresa, já que para além do consumo reduzido conseguido, também os níveis de emissão de CO2 são reduzidos. Apenas 129g/km, o que lhe permite que o imposto de circulação, embora ainda seja alto, seja menos chocante do que se poderia esperar. 628,75€ anualmente. 

Em jeito de conclusão, o Mazda CX-60 PHEV é um automóvel com muitas qualidades, mas esta variante Diesel conseguiu elevar a fasquia e impressionar ainda mais, com uma verdadeira capacidade de atravessar grandes distâncias graças a um “pulmão” com força e pouco apetite. O seu preço de 75.275€ impõe algum respeito, no entanto, merece ser colocado como uma alternativa, já que para além desta “pérola mecânica” debaixo do capot, o equipamento também é completo e a qualidade é um dado adquirido.

Agora, se me permitir dar uma opinião, escolha esta cor Platinum Quartz, no nível de equipamento Takumi, que tal como expliquei aqui, eleva este Mazda CX-60 a um novo patamar…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!