Home Ensaios “O Diesel Desportivo” – Škoda Octavia RS 2.0 TDI 200 

“O Diesel Desportivo” – Škoda Octavia RS 2.0 TDI 200 

“O Diesel Desportivo” – Škoda Octavia RS 2.0 TDI 200 
0
0

“Papa-Léguas”

Depois de testar a versão a gasolina com 245cv do Škoda Octavia RS, recolhi a chave deste Diesel de 200cv com algum ceticismo, porque aliar a palavra Diesel a desportivo pode não fazer muita lógica. Contudo, neste Octavia RS pode fazer mais sentido do que (eu) poderia esperar… 

Lembro-me de ser um jovem adolescente e uma marca “irmã” da Škoda catalogar muitos dos seus carros como os “Diesel Desportivos”, algo que a Škoda também fez ao colocar, na primeira década dos anos 2000, o Fabia RS TDI no nacional de rally. Essa sigla TDI, com três letras apenas, conseguiu mesmo vencer a mais longa corrida de resistência do mundo. Não uma vez, mas cinco, com a Audi.  

Ainda assim, com todas estas provas, Diesel e desportivo soam algo estranho. 

Hoje chegou o dia de provar que talvez não seja (bem) assim. 

Após o ensaio à versão equipada com o motor 2.0 TSI de 245cv, talvez seja algo repetitivo entrar em detalhes sobre a estética deste Octavia que era, em tudo, igual ao do seu “gémeo” a gasolina. Ainda assim, destaque para a “elegância desportiva” do modelo, que se destacou ainda mais pela sua cor Azul Race, uma das oito possíveis de escolher. 



No interior, a mesma coisa. Encontramos um habitáculo espaçoso (ou não estivéssemos num Škoda Octavia) e bem organizado. A versão RS adiciona os “temperos” desportivos extra, ou seja, bacquets específicas que conferem um apoio sem reparos, acabamentos a imitar fibra de carbono e revestimentos em Alcantara e pespontos vermelhos, que tratam de criar um ambiente mais “racing” ao interior deste familiar Checo. Ainda assim, e como referido acima, o habitáculo continua tão espaçoso quanto em outro Octavia, com a capacidade de sentar até cinco adultos e de transportar até 600l de bagagens, com acesso fácil devido ao seu formato “liftback”, que abre todo o portão da bagageira. 

Mas, passemos para a a parte técnica. 

A animar este Octavia diesel mais “radical” está o conhecido 2.0 TDI com uma generosa potência de 200cv, garantindo igualmente um binário máximo de 400Nm disponíveis numa faixa de utilização vasta que vai das 1750 até às 3500rpm. Graças a isso, conseguimos uma aceleração dos 0 aos 100km/h que demora 7,6s. Um bom valor, ainda que 0,9s mais lento que o 245cv a gasolina que ensaiámos anteriormente. A velocidade máxima é de 250km/h, mais do que suficiente caso queiramos ir provar a gastronomia alemã e as suas estradas sem limite de velocidade. 

Mas porque é que este TDI com 200cv até tem lógica em junção com a sigla RS?

Porque constatei, uma vez mais, que o Octavia RS não é um desportivo dos tempos modernos. Ou seja, mesmo que tenha uma transmissão automática que para muitos não é “purista”, este Škoda não andou a combater por tempos em Nürburgring, nem se preocupou em ser o mais rápido nos track days, quer sim ser um desportivo moderno “à antiga”, daqueles que podemos ter uma vida perfeitamente normal, com momentos para diversão sempre que nos apeteça.

Assim, com um comportamento dinâmico que continua tão são quanto no TSI, já que este TDI pesa “virtualmente” o mesmo, encontramos uma direção que nos permite inserir bem em curva e uma agilidade de notar, tendo em conta as suas dimensões. Para além disso, brinda-nos com uma sensação de segurança típica de um automóvel com uma distância entre eixos mais longa, que não se nega a algumas derivas quando provocado, terminando num sistema de travagem suficiente para o conjunto, com um bom tato e mordida. Tudo ingredientes certos para bons momentos ao volante. 



Obviamente explorar este motor diesel não é uma tarefa tão satisfatória comparativamente ao mesmo exercício no motor a gasolina, pela sua faixa de utilização mais curta, que termina cerca de 2000rpm mais cedo que o TSI, assim como pela sua sonoridade.

Por outro lado, recebemos uma boa dose de impulso, forte, na zona onde o binário tem mais força, acontecendo até, por vezes, falta de motricidade com os Pirelli Cinturato P7 a fazerem-se ouvir, com um andamento que impressiona e que se dilui face ao TSI.

No entanto, a grande vantagem para o TDI está do lado dos consumos, algo impossível de não impressionar. A transmissão DSG consegue ser uma importante aliada neste Octavia RS, ainda mais que no TSI, conseguindo consumos facilmente abaixo dos 6 litros a cada cem quilómetros, com este ensaio a terminar com um valor de apenas 5,2l/100km, com toadas completamente descontraídas e um percurso feito mais ao nível RS. 

Isto, em jeito também de conclusão, leva o Škoda Octavia RS para outro nível, não o desportivo, mas o de um verdadeiro “Papa-Léguas” capaz de percorrer muitos quilómetros, a uma velocidade descontraída, com consumos dignos de um citadino. Este “desportivo a gasóleo” é talvez o GT que muitos de nós precisamos. Faz tudo bem, já que conta com espaço interior abundante, um equipamento completo, um motor que oferece boas prestações com pouco apetite e um comportamento dinâmico sem muitas lacunas face à versão a gasolina. É verdade que são quase 50 mil euros por um Škoda Octavia, mas é complicado achar algo mais completo, principalmente se estivermos a falar de soluções Diesel. 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!