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Teste Completo – BYD Seal AWD Excellence

Teste Completo – BYD Seal AWD Excellence
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“A estrela da companhia”

 

O Seal é uma elegante berlina 100% elétrica, que pretende demostrar (uma vez mais) o verdadeiro potencial da gigante BYD. Para além da sua elegância, a qualidade interior elevada, o equipamento completo e prestações bastante respeitáveis fazem com que este novo modelo seja a nova “estrela da companhia”.

Teste completo à versão Excellence AWD, equipada com dois motores elétricos e um total de 360kW (530cv) divididos pelas suas quatro rodas.

 

Exterior

Este é mais um modelo que integra a série Ocean da BYD, daí a inspiração para o seu nome neste animal marinho que é, de forma quase unânime, adorado por muitos. Se Wolfgang Egger se inspirou mesmo numa foca, a resposta poderemos nunca vir a saber, mas a verdade é que este Seal é quase tão fácil de ser gostado quanto o simpático animal marinho que lhe dá o nome.

Com cerca de 4,80m, o BYD Seal é uma elegante proposta, onde não há praticamente maneira de “apontar o dedo” a esta criação da marca de origem chinesa, provando que existe uma verdadeira preocupação em agradar a uma clientela mais ocidental.

Com uma frente baixa e silhueta esguia, sem excessos de elementos que nos possam distrair, o Seal adota um elevado cuidado com a aerodinâmica, visível pelas suas jantes de 19’’ e pelos puxadores embutidos na carroçaria, garantindo a forma mais suave de penetrar o ar, apresentando um Cx de 0,219.

A traseira adota uns farolins com matrizes de pontos, ligados por uma faixa LED, que se destaca nesta secção bem resolvida, merecendo ainda o destaque por a marca não ter optado por colocar o “Build Your Dreams” como nas suas outras propostas, o que faz muito por “europeizar” esta proposta.

Tudo isto faz com que este modelo possa ser descrito como uma proposta elegante, estando disponível em 6 diferentes cores, para quem não for fã deste Ice Blue, a cor sem custo do BYD Seal.



Interior

A primeira sensação que podemos ter quando entramos neste modelo da marca é a de qualidade, com materiais agradáveis à vista e ao toque, assim como uma montagem que se revelou bastante sólida, no longo teste que fizemos ao modelo.

A posição de condução é correta, não sofrendo de uma altura excessiva devido à colocação das baterias, num habitáculo espaçoso tanto para quem vai à frente, como atrás.

Mas começando na dianteira, os bancos são elétricos, com a capacidade de serem aquecidos ou ventilados, com um bom apoio a nível lombar, e que provaram ser confortáveis para longas tiradas de condução. A decoração interior é original, embora não em demasia, não correndo o risco de afastar potenciais interessados. Mas é igualmente aqui que encontramos alguns pontos que ainda faltam “limar” a este BYD.

O sistema multimedia conta com um ecrã generoso – com a possibilidade de girar, algo que nunca entendemos a razão – embora não seja o mais fácil de operar, com vários menus e sub-menus. No entanto, este já conta com a possibilidade de contar com Apple CarPlay ou Android Auto, ainda que obrigue a alguma ginástica sempre que queremos ir à climatização, por exemplo.

Aí encontramos igualmente a funcionalidade de controlar o fluxo de ar, que é gerido eletronicamente e não nas próprias saídas.

O painel de instrumentos, bem colocado em frente ao condutor, conta com uma boa dimensão, penalizando, no entanto, por ter demasiada informação, algo que é transversal a todos os modelos da marca, bem como a “norma” de contabilizar o consumo em intervalos de 50km.

Ao centro encontramos o seletor de marcha, que é simples de operar, estando junto de alguns atalhos rápidos para controlar funções deste BYD, nomeadamente os modos de condução, o volume ou o botão Start/Stop. Aqui, podiam ter aproveitado igualmente para colocar a regulação da intensidade da regeneração, ao invés de termos (uma vez mais) de recorrer ao generoso ecrã.

Mas nem tudo são cravos, já que a BYD pensou nos ocupantes com elementos de conforto como o tejadilho em vidro, sem cortina mas que não permite a luz solar direta neste interior, assim como várias tomadas USB-C. Ainda na frente, existem dois pontos de carregamento por indução, para que não existam “lutas” entre condutor e passageiro.

Atrás, bom espaço para os ocupantes (embora aqui as pernas vão mais dobradas devido à altura do piso), não existindo queixas. A larga distância entre eixos também ajuda a isso. A bagageira parece maior do que realmente é, devido ao seu formato regular, já que apresenta apenas 400l de capacidade, ainda que conte com um fundo falso e a “ajuda” de um frunk com 53 litros de capacidade, dois bons locais para armazenar os cabos de carregamento.

É igualmente nestes locais que se nota o cuidado com o acabamento, com a bagageira a ser totalmente forrada em alcatifa, tudo atributos que ajudam a oferecer uma boa qualidade geral.

Outro ponto importante é o equipamento de série, onde tudo o que está à vista é oferecido de série, seja os faróis Full LED, o sistema de som Dynaudio, bem como os bancos em pele aquecidos e arrefecidos…



Condução

Na sua traseira, vemos que este Seal conta com um número: 3.8S. Isso revela o tempo que necessita para atingir os 100km/h desde parado. Portanto sim, é rápido. Mas um automóvel não é apenas as suas performances.

O caso do BYD Seal é curioso. A marca oferece dois níveis de equipamento: Design com 230kW (313cv) de tração traseira, e este Excellence, com 390kW (530cv)/670Nm e tração integral… por mais 1000 euros. É difícil não ser emocional.

Portanto, este é composto por dois motores, um de 160kW (218cv) no eixo dianteiro e outro, mais potente, de 230kW (313cv) no eixo traseiro. Em condições normais, é o mais potente que se encarrega de mover este Seal. A bateria LFP, de 85,2kWh de capacidade útil, promete 520km de autonomia nesta versão mais potente. Para além disso, assente na ePlatform 3.0, esta bateria utiliza a filosofia “Cell to Body”, o que o ajuda a incrementar a rigidez estrutural.

A sua condução é fácil, suave como seria de esperar, com os comandos a estarem bem “afinados”. Para este Teste Completo, fizemo-nos à estrada para que este Seal enfrentasse todos os desafios.

Começando em cidade, o modo ECO é mais do que suficiente. Com uma entrega de potência mais comedida e uma suspensão (no Excellence é de amortecimento variável) que tolera melhor as irregularidades, é fácil conseguir bons consumos, sobretudo se utilizar o nível máximo de regeneração. Um de dois, mesmo que não seja demasiado forte, nunca imobilizando este BYD. Aqui, foi possível conseguir consumos em torno dos 16kWh/100km.

Passando para as estradas nacionais longas e planas, o modo Normal e ECO foram os escolhidos, numa viagem que se fez sem esforço, com os consumos a continuarem bastante comedidos, provando que nestes trajetos é mesmo possível atingir os valores de autonomia prometidos pela marca. Para carregar, o BYD Seal AWD permite que isso seja feito até uma velocidade máxima de 150kW (o que comprovámos), com esse número a diminuir para os 11kW caso se use uma solução de corrente alternada.

Mas os 530cv só se fizeram sentir quando chegámos às estradas de montanha. A BYD nunca revelou que este Seal AWD seja um desportivo, nem o encaramos como isso, mas a forma como lidou com as sequências de curvas impressionou de forma positiva.

Aqui, utilizámos os modos Normal e Sport, com este último a fazer com o que o pisar ficasse mais firme. Mas aqui o que mais impressionou foi o iTAC, o sistema de vetorização de binário, que, se formos suaves com este BYD, nos presenteia com uma capacidade elevada em imprimir um andamento rápido.

A traseira permite algum deslizar, enquanto o eixo dianteiro ajuda a puxar o Seal para a próxima curva, o que, em conjunto com o tato de travão, revelou estar à altura, e ainda nos aumenta o nível de confiança… e diversão.

Atenção, embora envolvente, mais ainda do que poderia esperar (comparativamente com o Han), o Seal não é um desportivo. É mais um GT de quatro portas, fazendo-o de forma competente.

Depois, para as últimas centenas de quilómetros, num dia que totalizou mais de 700km de condução, a Autoestrada foi o local eleito. À velocidade máxima permitida por lei, o BYD Seal AWD Excellence manteve-se entre os 19,5 e os 21,7kWh/100km, o que lhe permitiria percorrer entre 391km e 435km sem necessidade de paragens. Provou, também aqui, o seu bom pisar, filtrando bem irregularidades, assim como demonstrou o bom nível de insonorização conseguido pela marca.



Conclusão

É inegável que o seu maior rival é Americano. Mas o BYD Seal, principalmente nesta versão Excellence, tem trunfos na manga, graças a performances mais elevadas, num automóvel que fica abaixo de 48 mil euros. Com um estilo exterior cativante, um interior repleto de equipamento e com elevada qualidade, apenas o sistema multimedia e alguns aspetos de ergonomia acabam por manchar um resultado que poderia ser ainda melhor.

No entanto, o seu andamento, capaz de ser envolvente desde que não lhe peçamos mais do que ele pode oferecer, fazem deste BYD Seal uma proposta interessante para quem procura uma berlina elétrica que permita fazer longas distâncias, em elevado conforto.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!