“Amarelo ecológico”
Estávamos em 1997 quando a Toyota desvendou o Prius, o primeiro automóvel híbrido de produção em massa. Agora, 27 anos depois, estamos ao volante da quinta geração do modelo ecológico da marca nipónica que, pela primeira vez, pisca o olho à emoção.
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A história do Prius começa em 1993, quando Eiji Toyoda apresentou à sua equipa de engenheiros e designers o desafio de criar um automóvel do futuro que fizesse a companhia entrar no século XXI com um verdadeiro avanço tecnológico. Pouco depois – mas não sem antes queimar algumas pestanas e criar calvície – o sistema híbrido foi o escolhido para garantir essa vantagem tecnológica. Podemos dizer que valeu a pena o esforço.
Com uma eficiência 1,5x maior do que um automóvel a gasolina convencional, o Prius de primeira geração era um laboratório rolante de uma proposta que se revelaria um sucesso, logo na sua segunda geração, lançada em 2004.
Esta foi a preferida por estrelas de Hollywood, sendo ainda frequente encontrar muitas a circular pelo nosso país, assim como da geração seguinte, lançada em 2009, que estreou pela primeira vez o sistema híbrido Plug-in.
Agora, a quinta geração corta por completo com a quarta geração, que contava igualmente com um look futurista – mas não no lado certo da ideia – conferindo agora a este modelo um estilo exterior bem mais atraente. Para além disso, o Toyota Prius de quinta geração deixa cair o sistema híbrido convencional (Full Hybrid) adotando uma solução somente híbrida Plug-in. Jogada arriscada, num modelo que conta com mais de cinco milhões de unidades vendidas em todo o mundo.
A revolução estética pode ajudar a cativar mais clientes e aumentar esse número de vendas. Elegante e com um estilo exterior especial, o novo Toyota Prius destaca-se por um Pilar A extremamente inclinado, inspirado nos Coupés. A dianteira conta com uns grupos óticos em C, aumentando a sensação de largura, a lateral conta com o mesmo efeito que já conhecíamos, mas agora mais evidenciado, com as inéditas jantes de 19’’ a destacarem-se, numa unidade com a “cor certa”, Amarelo Mostarda. Os puxadores surgem agora escondidos no pilar C.
A traseira é como num fastback, algo que o modelo foi desde a sua segunda geração, surgindo agora bastante inclinado tal como na frente. O Prius apresenta o seu nome de forma orgulhosa no portão da bagageira, com os farolins a estarem colocados numa posição dissimulada.
Passando para o interior, encontramos uma atmosfera igualmente moderna, ainda que nos deparemos com muitos e desejados botões. Vamos um pouco mais baixos e sentados de forma mais envolvente, com as pernas a irem agora mais esticadas. O painel de instrumentos é muito parecido ao que encontramos no bZ4X, o primeiro 100% elétrico “em massa” da Toyota, no entanto este apresenta-se algo confuso na sua navegação e requer algum ajuste na coluna de direção para que seja visto na sua totalidade.
Ao centro encontramos um ecrã central de dimensões generosas e um sistema mais evoluído, sendo fácil de utilizar, contando já com os “obrigatórios” Apple CarPlay e Android Auto sem fios. Mais abaixo, contamos com os comandos físicos para a climatização, bem como duas áreas de arrumação.
Na consola central é onde se encontra o novo selector de transmissão dos modelos híbridos da Toyota (o C-HR também a usa), bem como vários botões que nos permitem selecionar o modo de condução assim com que “motor” queremos, ou privilegiamos em utilizar.
Atrás, o espaço é aceitável, não sendo referencial, já que a altura até ao tejadilho não é muito elevada. A bagageira é onde este Prius poderá dececionar mais uma família, já que apresenta somente 284l de capacidade…um Corolla oferece mais 77 litros! Igualmente nos pontos menos positivos, estão alguns materiais, ainda que contem com uma boa montagem que deverá resistir bem ao teste do tempo.
Ao volante
O novo Prius conta agora com um motor gasolina 2.0l de capacidade com uma arquitetura e 150cv, sendo auxiliado por dois motores elétricos que conferem a este modelo um total de 223cv de potência, “ligeiramente” mais do que os 122cv que contávamos no anterior Toyota Prius, que não precisava de ligar à ficha.
Comparativamente ao anterior Plug-in, esta nova geração conta com uma bateria de 13,6kWh, o que segundo a marca dará para percorrer até 86km sem emissões de escape.
Mas antes de arrancar, há uma situação que temos que falar. O excesso de zelo de algumas funcionalidades de segurança ativa. Falamos da monitorização do condutor, que deteta sempre que os olhos se desviam ligeiramente da estrada.
É uma boa ideia, só que na prática acaba por ser demasiado intrusiva. Basta olhar pelo espelho mais algum tempo ou para o sistema multimédia para que o Prius comece a “buzinar”. E sim, é possível desligar esta função, mas apenas com este Toyota parado, ligando sempre que iniciamos nova viagem.
Também é igualmente quando estamos parados que temos de definir que nível de regeneração queremos. Mesmo que contemos com modo B para regeneração, os três níveis têm de ser escolhidos num submenu no painel de instrumentos. Complicações desnecessárias…
Passando isto, vamos para a estrada.
O novo Toyota Prius sente-se agora um automóvel bastante mais dinâmico e isso é de aplaudir, com um comportamento bem mais agradável quando as curvas se sucedem, sendo mais envolvente de conduzir, comparativamente com o seu antecessor, conseguindo até “piscar o olho” à diversão. A direção conta igualmente com um bom peso, assim como o pedal de travão conta um tato acertado. Tudo fatores que ajudam a garantir essa sensação positiva ao volante.
Isto, em conjunto com um motor que oferece agora uma potência mais elevada, faz com que este novo Prius consiga essa receita bem mais emocional. Para se ter uma noção, os números de aceleração dos 0-100km/h chegam quase a ser dignos de um desportivo, sendo necessários apenas 6,8s para atingir esta marca.
A sua veia desportiva é apenas beliscada pelo som da transmissão CVT quando abusamos mais do motor térmico, ainda que esteja bem mais pacata do que nas gerações passadas.
Mas vamos ao que mais importa, a poupança. Começando pelo modo híbrido, a frugalidade não foi esquecida no Prius, podendo contar agora com um automóvel que oferece o melhor de dois mundos.
Assim, em 100km em percurso misto, usando somente o sistema híbrido sem forçar o modo EV, este Toyota apresentou uma média de 4,5l/100km, o que é um bom valor num automóvel que oferece agora valores e sensações acrescentadas.
Em modo EV, conseguimos atingir a marca dos 78km percorridos com uma carga completa, ainda que se tenha percorrido alguma autoestrada pelo meio. Com isto, nos primeiros 100km, é mesmo possível conseguir um consumo de combustível inferior a 1l a cada 100km!
Portanto, estamos perante aquele que é, sem dúvida, o melhor Toyota Prius de sempre. Com uma estética que se revela conquistadora para muitos e um interior mais tecnológico, o Prius continua a oferecer uma boa eficácia e eficiência, juntando a isso uma competência dinâmica que não tinha anteriormente. Disponível desde 39.520€, o seu preço está ajustado, devido a ser uma proposta híbrida Plug-in, com a unidade ensaiada a custar 47.870€ fruto de um maior equipamento onde não falta mesmo um tejadilho com células fotovoltaicas para garantir uns quilómetros extra em dias de sol…
