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Teste Completo: BYD Han

Teste Completo: BYD Han
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“Para voos mais altos”

Depois de um Teste Completo ao Atto 3, modelo que será, a par do Dolphin, um dos maiores responsáveis pela fatia das vendas da BYD na Europa, chegou a vez de colocar o Han, topo de gama da marca, à prova. Esta berlina executiva de segmento E apresenta um exterior cativante, um interior com qualidade e uma potência superior a 500cv.

Será este um verdadeiro “negócio da China”?

 

Exterior

Com um nome inspirado na mais longa dinastia Chinesa, o Han quer ser o modelo de destaque para a marca no velho continente, chamando à atenção para o real valor que este novo construtor pode ter juntamente com nomes mais consagrados e estabelecidos no panorama automóvel.

Olhando para o BYD Han, a primeira sensação é de que estamos perante um automóvel de dimensões generosas, que por pouco não atinge os 5 metros de comprimento (4,995mm), apontando desde logo como principais rivais modelos de segmento E, que começa a estar cada vez mais “povoado” de soluções 100% elétricas.

Desenhado por Wolfgang Egger, o modelo conta com um design harmonioso e bem conseguido, juntando a sobriedade necessária de um automóvel executivo com as linhas aerodinâmicas tão importantes num BEV, o que lhe permite atingir um valor de 0,23Cx.

A dianteira é longa e mergulhante, com a silhueta a não contar com um terceiro volume muito evidenciado, optando antes por uma inspiração fastback (ainda que a bagageira abra como uma normal berlina de três volumes). No Han, a BYD não cometeu o erro de “sobredesenhar” o automóvel, com uma beleza simples e fácil de agradar, tanto ao público Europeu, como ao seu mercado doméstico. No entanto, na traseira encontramos o significado de BYD (Build Your Dreams), assim como um “easter egg” com o 3.9S sob o nome do modelo, que significa o tempo de aceleração dos 0 aos 100km/h…

Isso, em conjunto com as jantes de 19’’ que montam uns pneus Michelin Pilot Sport 4 e escondem um sistema de travagem Brembo, mostra que aqui a preocupação não foi somente a de oferecer uma elevada eficiência, mas também eficácia. Mas quanto a isso já lá iremos…



Interior

A distância entre eixos bastante generosa e visível no exterior, que prova ser vantajosa relativamente ao nível de espaço oferecido a bordo deste BYD Han, estando longe das suas qualidades ficarem apenas por aí.

Abrindo a porta podemos, desde logo, deixar para trás algumas ideias pré-concebidas. A apresentação está num bom nível, assim como os materiais empregues e a montagem dos mesmos. Sim, este BYD Han pode mesmo equiparar-se com modelos concorrentes premium do seu segmento, sem receios. Em mais de 500km de teste, não foi audível um único ruído parasita, assim como registámos uma boa insonorização, mesmo a circular em condições de chuva muito intensa como aquela que apanhámos durante os dias de ensaio.

O revestimento dos bancos apresenta uma boa qualidade, com pespontos bem elaborados e com bom acabamento, juntando-se a elementos decorativos em linha com os que encontramos em algumas marcas alemãs, que são os “alvos a abater” por parte de todos os “outsiders” que chegam ao nosso mercado.

No entanto, a posição de condução é algo elevada, devido à posição das baterias, o que eleva um pouco o piso deste BYD, assim como o volante não está perfeitamente alinhado. Embora não seja algo que vá atrapalhar ou arruinar a experiência de condução, mas depois de reparar não há como esquecer…

Mas era preciso muito para dar uma nota negativa a este interior. Para além da qualidade, o equipamento a bordo seria difícil de ser mais completo. O leque de sistemas de segurança é mais do que vasto, assim como apresenta um elevado número de elementos de conforto, como é o caso dos confortáveis bancos elétricos, aquecidos e arrefecidos, e o sistema de som de alta fidelidade da Dynaudio.

Por falar nisso, importa referir o sistema multimédia. Este ainda está um passo atrás das referências, mas a sua boa definição e dimensão generosa (15,6’’) são um bom ponto de partida para melhorias. Para isso, os BYD podem ser atualizados Over-The-Air, com a possibilidade de ao longo do tempo serem adicionadas novas funcionalidades, o que se espera, visto que não oferece (ainda) a possibilidade de conectar o nosso smartphone por Android Auto ou Apple CarPlay… algo que deveria ser resolvido rapidamente, já que é algo cada vez mais usual em qualquer automóvel, não importando a faixa de preço.

Passando para os lugares traseiros, é onde é mais notório o espaço interior espaçoso deste Han. Duas verdadeiras poltronas, com o lugar central a ser igualmente possível de utilizar, ainda que seja mais bem empregue como apoio de braço, que inclui um ecrã para controlar as funções básicas do interior como a climatização, ainda que essa seja apenas bi-zona. Ou seja, quando controlamos a temperatura traseira, regula igualmente a temperatura para o condutor. Deveria ser algo a melhorar na altura de renovar este Han.

Os assentos traseiros podem ser igualmente aquecidos ou arrefecidos, podendo ainda ser ajustados eletricamente. Tal como na frente, o piso mais elevado obriga as pernas a irem mais fletidas, mas tal é desculpado pelo amplo espaço. A bagageira conta com 410l de capacidade, um valor apenas razoável que não permite ser aumentado através do rebatimento dos bancos traseiros.



Dinâmica e Consumos

Passando para a condução, o BYD Han apresenta números interessantes. A aceleração dos 0 aos 100km/h já sabem que se cumpre em 3,9s (o que foi confirmado pelo cronómetro), e isso é possível graças a dois motores elétricos, um montado em cada eixo, que lhe garante a tração integral. A potência combinada de 517cv e 700Nm de binário são números interessantes, mas que provam mais à frente que são mais rápidos do que desportivos.

Isto porque o BYD Han é um executivo, mais preocupado em oferecer conforto do que prestações alucinantes quando chegam as curvas; quer antes ser uma berlina rápida nas recuperações e capaz de um andamento mais rápido, sem sobressaltos.

Isso é notório no seu amortecimento, ainda que conte com dois modos (um mais desportivo e outro mais confortável). O BYD Han apresenta sempre algum movimento exagerado de carroçaria, o que traz vantagens no que diz respeito ao conforto, sendo preciso muito para acharmos um piso suficientemente degradado para prejudicar o conforto dos ocupantes.

Depois, a direção é leve, mesmo no modo Sport, o que demonstra bem que este Han prefere ser conduzido suavemente, do que ser “atirado” para as curvas, altura em que também esse balanceio de carroçaria passa a um nível mais excessivo, notando-se os seus 2250kg de peso. Para parar tudo isso, confirma-se a potência da travagem do sistema Brembo, ventilado e perfurado, com quatro pistões a “morderem” os discos dianteiros.

Voltando à condução “normal”, o Han só conta com dois níveis de regeneração, com o seletor a estar colocado na consola central. O nível baixo é praticamente inexistente, enquanto o nível alto é mais notório, onde poderia existir ainda mais um nível, para tornar a condução mais cómoda e poupada, com um acesso mais simples a este seletor.

Em termos de consumos, o BYD Han consegue atingir valores bastante aceitáveis. Em percurso combinado, a média andou em torno dos 19,8kWh/100km, o que se traduz numa autonomia real de 431km, graças a uma bateria LFP de 85,4kWh (capacidade útil). Em cidade, local onde o Han se comportou também de forma bastante positiva, o valor diminuiu para valores em redor dos 17kWh/100km. Não se pode pedir menos a um automóvel com este nível de potência e esta dimensão.

Para carregar, o Han (tal como o Atto 3) não é uma referência na rapidez, mas não envergonha. São 120kW em (DC) corrente contínua, não tão rápido quanto os seus concorrentes, mas que apresentou uma “curva” de carregamento interessante após os 80% de carga, mantendo valores elevados. Dos 0 aos 80% são necessários 48 minutos de carregamento. Em corrente alternada, a potência máxima é de 11kW



 

Conclusão

É um “negócio da china”? Talvez seja. É certo que o BYD Han não é um produto perfeito, mas os seus “erros” são fáceis de resolver. O estilo exterior não desaponta, com um interior espaçoso, muito bem equipado e com uma elevada qualidade. A sua autonomia, que facilmente atinge (de forma real) os 400km, poderá ser suficiente para muitos.

No entanto, se a condução dinâmica é uma necessidade, esta talvez não seja a escolha certa. Porém, se o conforto for, o BYD Han cumpre bastante bem nessa premissa, sendo um automóvel familiar (ou executivo) interessante.

Por pouco mais de 72 mil euros é um valor bastante abaixo face à sua concorrência, tendo em conta a qualidade, conforto, equipamento e sobretudo a potência oferecida por este modelo topo de gama, de uma marca que ainda dará muito que falar.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!