Home Ensaios Teste Completo: BYD Dolphin

Teste Completo: BYD Dolphin

Teste Completo: BYD Dolphin
0
0

“Sem medo dos tubarões”

 

A BYD continua a sua ofensiva no mercado nacional. O Dolphin é a mais recente adição à gama da marca chinesa e que tal como o Golfinho no qual se inspira, parece não ter medo dos mais conhecidos “tubarões” de segmento C. Com preços que iniciam abaixo dos 30 mil euros, testámos a versão mais equipada Design (37.690€), para um Teste Completo e entender o que vale este novo modelo.

 

Exterior

Num primeiro olhar, o BYD Dolphin pode parecer um modelo de segmento B, mas a marca anuncia-o como um modelo de segmento acima, algo que é confirmado pela sua dimensão de 4290mm, que o posiciona de igual para igual com os seus principais rivais. Esteticamente, o Dolphin é um automóvel que não choca em nenhum aspeto em particular, sendo fácil de agradar à maioria dos públicos que procurem uma proposta 100% elétrica, sem optar pelos “típicos” SUV.

O seu estilo faz mesmo relembrar-nos o dos “mini-monovolume”, que aproveitavam da melhor forma o espaço interior, algo que iremos falar no ponto seguinte.

O nível Design, este que estivemos ao volante, é o mais equipado e distingue-se pela pintura com dois tons, que lhe confere uma imagem mais distinta, assim como umas jantes “tri-colores”, vidros escurecidos atrás e tejadilho panorâmico em vidro.

A dianteira conta com os (pequenos) grupos óticos unidos à grelha dianteira, que apresenta as três letras BYD em destaque, com um padrão decorativo semelhante ao que encontramos no pilar C. A lateral é simples, ainda que conte com uns vincos mais pronunciados que lhe pretendem conferir um dinamismo extra, enquanto na secção traseira o destaque vai para os farolins, que quando ligados conferem uma interessante assinatura luminosa.

Basicamente, o BYD Dolphin apresenta um design moderno, sem querer ser demasiado original ou difícil de agradar.



Interior

Comparado com o exterior, o interior opta por uma maior originalidade, tal como aquela que encontrámos quando testámos o Atto 3, embora que no Dolphin apresente uma diferente filosofia. O ambiente é agradável, distinto e com vários espaços de arrumação.

Quanto à qualidade de construção, esta apresenta-se num nível interessante, com uma ausência de ruídos e uma montagem que parece ser resistente, ainda que muitos dos materiais apresentem um toque mais rijo do que aqueles que encontrámos no habitáculo do Atto 3, o BYD que partilha o mesmo segmento deste novo Dolphin.

Ao centro continua presente o ecrã multimedia, que oferece a possibilidade de estar em posição horizontal ou vertical, embora que, se como eu, utilizar óculos de sol polarizados não conseguirá utilizar em posição vertical. Em termos de operação deste sistema, a BYD quis deixar tudo o mais simples possível, mas que ainda existe alguma margem de melhoramento para atingir esse objetivo, bem como para deixar o seu funcionamento mais fluído. Isso será algo que a marca poderá vir a fazer no futuro, já que este sistema permite atualizações OTA (Over-The-Air).

O volante é o mesmo que encontramos no Atto 3, assim como o painel de instrumentos de 5’’ polegadas, que continua a não ser uma solução que oferece a leitura mais simples, devido aos caracteres de pequenas dimensões e excesso de informação em alguns menus.

Ao centro encontramos uma consola central elevada, com local para guardar dois smartphones (um desses locais com carregamento por indução), um compartimento fechado, bem como dois porta-copos e uma secção inferior para arrumos de maiores dimensões. Para garantir estes generosos e bem-vindos espaços, o selector de marcha está presente junto com os atalhos abaixo do ecrã de 12,8’’.

Os bancos com encosto integrado são confortáveis e contam, nesta versão Design, com ajuste elétrico e aquecimento, um dos elementos de destaque a par com tejadilho em vidro, que confere uma maior luminosidade para o habitáculo. Para ver o exterior, contamos ainda com uma câmara 360º graus, com tudo isto a estar disponível de série.

Atrás o espaço é positivo, sendo suficientemente confortável para dois adultos, não tendo problemas em acomodar um terceiro. Bom espaço para pernas e cabeça, mesmo que o Dolphin exibe um piso elevado (como é normal nos automóveis elétricos) ainda que não seja demasia, não obrigando dessa forma aos joelhos irem demasiado fletidos. No entanto, a bagageira de 345l está ligeiramente abaixo dos valores oferecidos pelos seus concorrentes diretos, ainda que permita um aumento da sua capacidade através do rebatimento assimétrico dos bancos, na proporção 60:40.



Condução e consumos

Assente na ePlatform 3.0, que se destaca pela “blade battery” livre de cobalto, o BYD Dolphin na versão Design conta com o conjunto motor/bateria mais generoso, com 204cv (150kW) e 290Nm e uma bateria de 60,4kWh, que poderá parecer pouco, mas que nos quilómetros que fizemos consegue alcançar confortavelmente os 400km de autonomia.

A condução do BYD Dolphin é desde logo muito fácil e ágil, como seria de esperar de uma proposta deste tipo, com a resposta do motor elétrico a ser mais do que suficiente para “puxar” (já que é tração dianteira) os 1658kg deste elétrico, o que até se pode dizer que seja “leve”. Em cidade, onde o piso está mais degradado, é a suspensão com afinação mais branda que se destaca, tornando o BYD Dolphin numa proposta confortável. Ainda aqui, no mau piso, confirmamos mais uma vez que a montagem está num bom nível, não exibindo quaisquer ruídos parasitas.

Mas quando o ritmo aumenta, constatamos que os pneus escolhidos pela BYD para o seu Dolphin são sofríveis e estão abaixo do desejado, ainda mais para esta versão de topo, com um preço já próximo dos 40 mil euros. Acessível para o que oferece de equipamento, performances e autonomia, mas demasiado caro para montar uns pneus Ling Long Comfort Master. Estes têm dificuldades em enviar a potência para o asfalto quando pressionamos cedo demais o acelerador à saída das curvas, sendo mais preocupante quando o piso está molhado. Uma melhor escolha de pneumáticos poderia elevar a experiência de condução a um outro nível…

Antes de passar para mais pontos positivos, a largura do pilar A prejudica um pouco a visibilidade e quando circulamos a velocidades mais elevadas, é audível algum ruído aerodinâmico. Os sistemas de segurança ativa poderiam igualmente ser menos intrusivos.

No entanto, o Dolphin conta com outras vantagens fortes, como é o caso dos seus consumos. Em circuito misto, conseguimos um valor de 14,7kWh/100km, sem fazer uma condução demasiado preocupada, o que prova a capacidade de fazer cerca de 400km com uma única carga, deixando ainda margem para melhoria da nossa parte. Igualmente positivo é o seu consumo em autoestrada, já que a uma velocidade estabilizada a 120km/h, é possível obter valores “sub” 18kWh/100km.

Para carregar o BYD Dolphin podemos utilizar carregadores rápidos até 88kW, o que está abaixo dos seus rivais diretos. Em corrente alternada, os 11kW é o máximo que podemos atingir. No entanto, ao contrário de alguns dos seus adversários, o BYD Dophin conta com a função V2L (Vehicle-2-load) que permite dar carga a outros objetos… ou mesmo a outro automóvel elétrico.



Conclusão

O BYD Dolphin é mais um modelo que tem argumentos para ser uma aposta ganha, para a marca que chegou ao mercado em 2023. Apresenta uma boa autonomia, graças a um reduzido consumo, nomeadamente em autoestrada, conseguindo alcançar o mais difícil para um automóvel 100% elétrico, bem como um preço abaixo dos seus rivais com prestações idênticas.

O espaço a bordo está dentro do que esperado, com a qualidade de construção a estar acima do que esperávamos. O equipamento é vasto e o conforto de rolamento é garantido por uma suspensão que está bem afinada, mas que conta com uns pneus que prejudicam uma prestação que poderia ser melhor, assim como um sistema multimédia que precisa de ser melhorado. A primeira pode ser facilmente substituída, a segunda é esperar que pelas atualizações.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!