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Uma raridade: Cupra Formentor VZ5 “Taiga Grey” à prova

Uma raridade: Cupra Formentor VZ5 “Taiga Grey” à prova
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“O que importa é o coração”

 

Quantas vezes já ouvimos a expressão: “O que importa é o coração”?

Pois bem, é um ditado de sabedoria popular, mas é uma verdade efetiva que aprendemos ao longo das nossas vidas. Mas esta expressão poderia ser igualmente utilizada nos automóveis, em relação aos “corações” (ou pulmões, como prefiram chamar aos seus motores). No entanto, neste caso que aqui vos trago, existe uma junção entre um excelente coração, como já pouco se vê, e o Cupra Formentor, uma “formula de sucesso” que conquistou (e não parece parar de conquistar) muitos corações de verdade.

À prova a exclusiva versão VZ5, na ainda mais limitada e numerada Taïga Grey, com os seus 390cv provenientes de um “bom coração” de 5 cilindros a quererem constantemente ser os protagonistas.

Pois bem, para quem um Cupra Formentor VZ com 310cv não seria suficiente, a jovem marca nascida em Barcelona resolveu ir buscar um motor que é a “jóia da coroa” para o grupo onde se insere, pedindo à Audi o seu bastante conhecido (e audível) motor a gasolina 2.5l turbo com uma arquitetura pentacilindrica. No entanto, o Cupra Formentor VZ5 teve duas regras a cumprir: ser limitado a 7000 unidades, assim como, “por respeito”, ter menos 10cv que o Audi, apresentando ainda assim uns impressionantes 390cv de potência, mais 80cv que o, até agora, Cupra Formentor mais desportivo.

Mas são “só” 80cv?
Pois claro que não!

Esteticamente notam-se diferenças, com a maior a ser a sua cor exclusiva Taiga Grey, que dá nome a esta versão limitada e numerada a 999 unidades. No seu exterior destacam-se ainda as jantes de 20’’ polegadas exclusivas do Formentor VZ5, que escondem um sistema de travagem Akebono, que na frente tem 6 pistões a morderem os discos de 375mm ventilados e perfurados. Os para-choques contam ainda com elementos em fibra de carbono, com o traseiro a apresentar ainda as 4 saídas de escape, com acabamento acobreado, tal como as jantes, montados em posição distinta, que “desmascaram” este Cupra bastante especial.



Antes de ceder à tentação de nos fazermos à estrada, falemos do interior.

Não é muito diferente dos outros Cupra Formentor VZ, no entanto pode contar com bacquets exclusivas, em opção. Mas, ainda mais exclusivo do que isso, é o ambiente interior desta edição Taiga Grey, que conta com acabamentos em Dinamica Black (uma espécie de Alcantara) perfurada, que se junta com o couro castanho Nappa, sendo finalizado com pespontos em cor de contraste, que conferem a este interior um elevado bom gosto, assim como um acabamento mais premium.

Na friso decorativo da porta do condutor, podemos encontrar, gravado a laser, o número do “nosso” Cupra VZ Taiga Grey, com este a ser o 374/999.

No restante interior, encontramos o espaço habitável que encontraríamos em qualquer outro Formentor, conseguindo sentar de forma confortável quatro adultos, com o lugar central do meio a ser mais de recurso, como é normal. A bagageira conta com 410l de capacidade, ideais para transportar as compras rapidamente do supermercado para casa…

Mas o investimento extra necessário para este Cupra Formentor VZ5 só pode ser entendido (ou justificado) quando o começamos a conduzir. E que experiência!

Se o Cupra Formentor VZ com 310cv já nos deixou boas indicações, este Formentor VZ5 eleva-as a um outro patamar, em primeiro lugar graças ao seu motor. O 2.5 TSI de 5 cilindros é uma solução praticamente extinta, mas que felizmente ainda encontrou abrigo no cofre deste Cupra.

O seu som característico e encorpado faz-se ouvir assim que carregamos no botão Start, colocado no volante. No que diz respeito aos números, face ao 2.0 TSI de 4 cilindros e menos 80cv, este Cupra Formentor VZ5 pede menos 0,4s para atingir os 100km/h, cumprindo essa tarefa em 4,2s. Já a velocidade máxima de 250km/h é a mesma, graças a limitação eletrónica. O binário de 480Nm, disponível num regime entre as 2250rpm e as 5700Nm, é igualmente uma preparação para o que podemos esperar assim que exploramos mais a fundo esta proposta de Barcelona, com um coração alemão de “pura raça”.



“Dócil, se necessário. Agressivo, se assim quisermos.”

Claro que um ensaio não poderia começar sem antes sentir como se comporta este Formentor VZ5 quando utilizado de forma mais ordeira, sem cairmos na tentação de ouvir a sua bonita nota de escape. A resposta é que o VZ5 consegue ser perfeitamente utilizável e, comparativamente com o VZ 310 que já conhecíamos, não se notam praticamente diferenças (para pior) no que diz respeito ao conforto, mesmo que a suspensão seja aqui 10mm mais baixa. Nem existem penalizações no que diz respeito à facilidade de utilização, graças igualmente a uma transmissão DSG que é suave nas suas passagens, quando lhe pedimos um andamento mais calmo.

Assim, fazer longas viagens num Formentor VZ5 está muito longe de ser um impedimento, já que não perdeu as qualidades dignas de um Formentor, a não ser pelo maior apetite deste cinco cilindros, mas quanto a isso falaremos mais lá para a frente…

Mas é quando “esprememos o sumo” deste motor e o colocamos ao nível (elevado) que gosta, que conseguimos ver o quão brilhante é este conjunto.

A sensação de segurança está sempre presente, e isso é algo que queremos deixar assente. O Cupra Formentor VZ5 não é uma proposta que se “vire” contra o condutor, opta sim por ser eficaz, muito graças à sua tração integral que lhe confere uma aderência bastante capaz, ainda que conte com uma afinação “mais traseira” do que se poderia esperar, e ainda bem.

Ou seja, a frente insere bem, com a estabilidade em curva a ser uma constante, com o Formentor VZ5 a não adornar em demasia, tendo para isso vários níveis de dureza da suspensão elegíveis de escolha (DCC com 15 níveis de ajuste), caso utilizemos o modo Individual, em vez do Sport ou Cupra, onde tudo fica nos máximos.

Mas é na saída de curva que o Formentor VZ5 mais impressiona, não só pela capacidade de despachar caminho que o 2.5 TSI tem, com uns 390cv que parecem por vezes mais, mas igualmente pela sua traseira que exibe um escorregar que nos entusiasma e não torna esta proposta demasiado clinica, algo que, em conjunto com o som emanado pelas quatro ponteiras de escape, tornam a experiência de condução mais recompensadora.

As “passagens de caixa” são rápidas e feitas na altura certa. Em modo manual, a DSG é permissiva e deixa-nos no controlo como bem queremos, embora fossem bem-vindas umas patilhas no volante com uma maior dimensão, para o comando sequencial da transmissão.

Em termos de som, este 2.5 TSI não é tão notório como se poderia esperar no seu habitáculo, comparativamente com o som que nos brinda no exterior, optando assim por ser mais filtrado quando estamos ao volante. Para além disso, o dramatismo das reduções com “pop’s & bang’s” também são raros. Isto pode ser negativo para alguns, mas aumenta a sensação de conforto em viagem, conforme referimos acima, algo que ao longo do tempo acaba por ser vantajoso.

Mas voltando à forma de “pisar” a estrada, é esse o aspeto que mais se destaca e impressiona ao longo dos quilómetros feitos ao volante deste Formentor VZ5. Um excelente equilíbrio dinâmico, que nos permite explorar os seus (elevados) limites, que nos fazem por vezes questionar se estamos ao volante de um SUV com estas dimensões ou peso.

Para ajudar a ampliar essa sensação de segurança, tal como dito acima, o sistema de travagem também foi melhorado, sendo agora assinado pela Akebono. Assim, na dianteira os discos cresceram até aos 375mm, sendo ventilados e perfurados, com pinças fixas de seis pistões, que para além de uma mordida decidida são ainda capazes de resistir melhor à fadiga, bem como são fáceis de modular, graças a um bom tacto do pedal do travão.



“A surpresa do drift…”

Mas a Cupra não quis ficar apenas por um Formentor mais rápido, quis igualmente elevar este Formenor para novos níveis de diversão. O modo Drift é exclusivo do Formentor VZ5, com o ESC a desativar complemente (depois de avisar o condutor), fazendo com que seja (bastante) fácil fazer deslizar este Cupra em curva, de forma super equilibrada, graças a uma repartição de potência para o eixo traseiro. Se a diversão se mede em sorrisos, neste modo, esses são constantes, garantindo uma nota bastante positiva.

“Só a emoção poderá justificar a razão…”

Já falámos que o Cupra Formentor VZ5 exige um investimento extra face ao VZ 310. Assim, podemos aproveitar exatamente isso para dar início à conclusão deste ensaio. O preço do VZ5 inicia-se nos 81.352€. Comparativamente com a versão “ligeiramente menos picante”, isso traduz-se em praticamente 28 mil euros de diferença entre o VZ (310cv) e o VZ5 (390cv).

Vale a pena? Como na vida, é muito complicado justificar as razões do coração. Emocionalmente, e após passar uns dias com o Formentor VZ5, dizemos que sim, pela sua exclusividade e comportamento dinâmico entusiasmante. Por outro lado, quando nos acalmamos, é um incremento de valor muito (ou demasiado) expressivo.

Para se ter uma ideia desse investimento, a diferença entre o Formentor “base” de 150cv e o VZ310 é 10.000€ inferior à do VZ de 310 e este VZ5 de 390… No entanto, as 7000 unidades que serão produzidas desta versão, não deverão ter quaisquer dificuldades em esgotar o stock, porque quem procura um VZ5, não está indeciso entre este ou a versão inferior.

Portanto, se colocarmos as finanças de parte, a Cupra tem no seu Formentor VZ5 um automóvel brilhante, onde o seu “coração” se destaca pelo seu som viciante e prestações acima da média, mas que não é o único protagonista, já que a isso se junta um comportamento ágil, uma ligação ao solo que não merece reparos e um melhoramento no sistema de travagem que nos faz confiar plenamente em todo este conjunto.

Portanto só me resta dizer: “Felicitats, Cupra!”

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!