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Teste Completo – Suzuki S-Cross 1.4T Mild-Hybrid 4WD

Teste Completo – Suzuki S-Cross 1.4T Mild-Hybrid 4WD
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“Público específico”

O nome S-Cross está presente na gama da marca nipónica já há 9 anos, partilhando espaço com o Vitara. O modelo opta por uma maior preocupação familiar e uma imagem mais sóbria. Agora, a nova geração surge eletrificada e com mais personalidade.

 

Exterior

Vamos ser sinceros: o Suzuki S-Cross não é um automóvel de nos tirar o sono, com o seu design exterior a ser sóbrio e uma alternativa mais tradicional face à sua concorrência. Esta geração, que surge assente na mesma plataforma lançada em 2015, conta com as mesmas dimensões do seu antecessor, daí algumas parecenças num primeiro olhar.

Contudo, a Suzuki quis dar mais personalidade ao modelo. Assim, a secção dianteira surge totalmente revista, apresentando-se mais vertical e com uma imagem mais forte, com os grupos óticos em LED, de grande dimensão, a serem o principal fator de destaque. O seu aspeto SUV surge igualmente na lateral que, tal como os para-choques, adota um acabamento em plástico preto, que contrasta com o Vermelho Energético que reveste a carroçaria, uma das cores mais vivas disponíveis para este modelo.

Na secção posterior, o farolim traseiro é também mais generoso nas suas dimensões, sendo agora unido por uma faixa negra, que se adapta à tendência do mercado, ainda que não seja iluminada. Assim, a nova geração S-Cross difere completamente da anterior geração. As jantes de 17’’ polegadas, com um novo desenho, estão ajustadas às pretensões familiares do modelo.



Interior

“Dentro de portas”, a sensação deste S-Cross é também de sobriedade, com um arranjo muito tradicional de todos os comandos. Talvez até demasiado tradicional. O painel de instrumentos não aderiu à moda do digital, contando ainda com instrumentos analógicos, enquanto a novidade tecnológica reside no novo sistema multimedia de 9’’ polegadas, bem colocado, que embora completo, demonstrou-se algo lento no seu funcionamento. O S-Cross conta com Apple CarPlay e Android Auto sem fios, com a única ligação a ser uma tomada USB abaixo dos comandos físicos da climatização.

Mas é no interior que encontramos o ponto que será, talvez, mais complicado de aceitar por parte dos consumidores, os materiais. Isto porque os plásticos são todos eles rijos e de aspeto mais brilhante, apenas com um friso mais largo a ser o único local onde não sentimos a dureza dos materiais. Por outro lado, a construção revela-se robusta, o que irá prevenir um envelhecimento precoce deste interior.

Existem espaços de arrumação suficientes, incluindo um porta-óculos junto ao espelho retrovisor, com a posição de condução a ser elevada e a oferecer uma boa visibilidade para o exterior. O comando da transmissão manual está algo baixo, relativamente ao apoio de braços central.

Atrás, espaço para três, com o central a contar sempre com algum condicionamento. O espaço para as pernas é bom, com o encosto do banco a permitir regulação da inclinação para um maior conforto. Nesse campo do conforto contamos com um apoio de braço central (para quando não contamos com passageiro ao meio), mas nada de saídas de ventilação nem tomadas USB (nem mesmo uma ficha de 12v) para quem circula atrás.

A bagageira conta com uma volumetria de 430 ou 440L (dependendo do ângulo de inclinação do banco posterior), podendo ascender até aos 1230L de capacidade, quase planos. O acesso é bom, com um bom bocal e uma baixa altura em relação ao solo.

Quanto ao equipamento, no nível S3 – o mais equipado – contamos com um vasto equipamento de série, como os bancos em pele (aquecidos à frente), teto de abrir panorâmico, sistema de navegação e câmara 360º, que é também outra novidade no modelo.

No que toca a elementos de segurança ativa, boa dotação igualmente de série, com cruise-control adaptativo, assistente de mudança de faixa com alerta de ângulo morto, detetor de fadiga, reconhecimento de sinais de tráfego e travagem ativa de emergência, embora este último se revele algo “hipocondríaco” por vezes nas suas reações.



 

Condução

Se por fora é sóbrio e por dentro tradicional, a condução do Suzuki S-Cross revela-se, tal como o seu antecessor, uma surpresa. O bloco 1.4 Boosterjet com 129cv (aquele que também equipa o Swift Sport) assenta bem neste S-Cross, que mesmo com tração integral 4×4, pesa apenas 1360kg. O motor conta agora com tecnologia Mild-Hybrid, o que reduz consumos e emissões, garantindo também um arranque mais rápido do sistema Stop/Start, por vezes quase impercetível. Assim, os consumos no final do ensaio, em percurso misto, ficaram nuns muito aceitáveis 6,0L/100km, não muito acima do homologado pelo construtor.

A condução é ágil, com o S-Cross a mover-se bem entre as curvas, mesmo que a suspensão pensada mais para o conforto apresente algum rolar de carroçaria, o que está longe de ser problemático num automóvel como este. A transmissão manual de seis velocidades é agradável de usar e ótima para explorar o propulsor, que tem uma boa resposta desde baixos regimes. A direção consegue ser direta, mas algo leve, o que filtra um pouco a sensação do que se passa com as rodas dianteiras.

O sistema All-Grip oferece, no alcatrão, uma maior aderência em curva, podendo abordar com mais confiança algumas estradas mais reviradas, enquanto fora de estrada garante maior “grip” e capacidade de subir alguns estradões que os seus SUV concorrentes de imagem mais moderna não conseguem.

Contudo, e mesmo que conte com bloqueio de diferencial, o S-Cross é limitado pelos seus ângulos, pelo que não se pode esperar uma experiência Todo-o-Terreno “pura e dura”. É, sim, uma forma mais rápida e eficaz de enfrentar estradas de terra, percursos enlameados ou de circular nos dias de chuva de uma forma mais tranquila.



Conclusão

O Suzuki S-Cross é um automóvel que não nos faz bater mais rápido o coração. O seu exterior é sóbrio, o interior é relativamente espaçoso e ergonómico, mas também não vai fazer os olhos brilhar. Já o seu comportamento e condução são diferentes de alguns dos seus concorrentes, com o S-Cross a revelar uma boa agilidade e mais “à vontade” para circular em maus caminhos. É um produto bem equipado, com um motor poupado e capaz de ir até onde outros SUV não vão. A unidade ensaiada, com um preço de 31.121€ com campanha promocional, pode não agradar a todos, mas é justificado por esse sistema 4WD quase inédito e pelo equipamento de série, bastante generoso.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!