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O dia-a-dia com um SUV desportivo

O dia-a-dia com um SUV desportivo
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“Um atleta polivalente”

 

É verdade que já testámos o Volkswagen T-Roc R por aqui, mas não podíamos deixar passar a oportunidade de o conduzir de novo, não só por ser o automóvel mais potente produzido em território nacional, mas também para cumprir uma missão: entender como se comporta um SUV desportivo durante a vida normal, ou seja, os 99% de condução que um automóvel deste género deverá ter.

O Volkswagen T-Roc é um verdadeiro sucesso de vendas, com mais de 700 mil unidades vendidas na Europa, o que também pode ser justificado por uma dimensão média, que se adapta tanto à vida citadina, como a uma utilização mais polivalente, situando-se entre o T-Cross e o mais “adulto” Tiguan.

No entanto, essa polivalência deste SUV com o R, que descreve as versões mais “Radicais” da marca de Wolfsburgo, utiliza o mesmo “hardware” utilizado por outros modelos com quem partilha o apelido: o motor 2.0 TSI com 300cv, transmissão DSG e tração integral 4Motion. O resultado: aceleração até aos 100km/h em apenas 4,9s e uma velocidade máxima de 250km/h.

Mas tal como dito acima, isso é parte (muito ínfima) da vida de um Volkswagen T-Roc R. Importa saber é se esta capacidade atlética cumpre na (difícil) vida de um automóvel familiar.

 

O conforto, como é?

O Volkswagen T-ROC R conta com o sistema DCC (Dynamic Chassis Control) em opção, algo que esta unidade contava e que deverá ser selecionado. Isto porque este sistema permite uma “afinação” da rigidez, dependendo do modo de condução selecionado, o que pode alterar verdadeiramente a maneira como este T-Roc R pisa o asfalto.

Portanto, seja em modo Confort, ECO ou Normal, este Volkswagen é suficientemente confortável, não havendo muita margem a queixas por parte dos ocupantes, algo que também é conseguido através de uns bancos confortáveis e envolventes. As jantes de 20’’ polegadas (também opcionais) fazem, por vezes, sentir-se um pouco o piso mais degradado. Mas sim, tendo em conta o que este modelo consegue fazer quando está inspirado, pode dizer-se que é suficientemente confortável.

 

Tem espaço suficiente? 

No final de contas, é um R, mas acima de tudo é um T-Roc. Ou seja, tem o espaço que podemos esperar desta proposta da marca alemã, sentando de forma confortável quatro adultos, com a possibilidade de um quinto ir no lugar central, ainda que tenha de lidar com o túnel central que este R utiliza para transmitir a potência às rodas traseiras. Graças a isso, a bagageira também é ligeiramente mais pequena, com 392l, mas que ainda assim serve para as necessidades de uma jovem família. Portanto, um T-ROC R não obriga a deixar ninguém em casa porque temos um desportivo, ou a comprar um ovo de cada vez porque temos 300cv.

 

É fácil de utilizar? 

Sim, o T-Roc R é um automóvel pacífico de conviver. O habitáculo está organizado de forma lógica, conta com espaços de arrumação suficientes e no seu restyling melhorou muito a qualidade do interior, ainda que conte com plásticos rijos no topo das portas e na consola central. A ergonomia sai a ganhar por contar com um controlo individual da climatização, embora os comandos hápticos no volante não sejam a solução mais prática. A abertura da bagageira elétrica é a prova de que este é um T-Roc como os outros, mas que caiu no caldeirão quando era pequeno.

 

Os 300cv, são “muito brutos”?

Graças aos modos de condução, é fácil transformar verdadeiramente o temperamento deste T-Roc, tornando-o dócil quando queremos, mas com uma resposta ao acelerador sempre pronta, mesmo no modo Normal. No entanto, se escolheu um R é porque irá, algumas vezes, explorar a dinâmica, algo que poderá acontecer regularmente, nem que seja por breves segundos. E sim, aí é notória a entrega de potência e a capacidade de tração deste pequeno SUV “made in Portugal”.



Por falar nisso: Como tem tração integral, posso utilizá-lo fora do asfalto?

Tração integral nem sempre é sinónimo de aventuras fora do alcatrão, contudo a Volkswagen dotou o modelo com um seletor que permite escolher o tipo de terreno que queremos abordar (Snow, Normal, Offroad ou Offroad Expert). Em resposta à pergunta, sim, é possível utilizar, mas com muito cuidado. Não que o sistema 4Motion não seja eficaz, mas por este T-Roc R ser mais “rasteiro” que os demais, assim como contar com uns pneumáticos desportivos de baixo perfil que estão mais preocupados em “morder” o asfalto do que fazer saltar gravilha.

 

E os custos?

Aqui é onde a situação se complica para este polivalente desportivo alemão. Com um preço que inicia pouco abaixo dos 60 mil euros, a unidade em ensaio custava 70.984 euros, devido a opcionais essenciais como o DCC (1.114 euros), os faróis LED IQ. Led Matrix (787 euros), bem como outros mais aspiracionais, como o sistema de escape em titânio Akrapovic, que faz desembolsar 3.885 euros.

Para além de um preço que está longe de todas as bolsas, o seu consumo médio não é simpático. Ou seja, em trajeto calmo, como foram muitos dos quilómetros aqui circulados, foi possível ver valores em torno dos 7l/100km, no entanto basta algum ritmo de autoestrada ou um trânsito de final de tarde para fixar o consumo em valores mais elevados. No final, este T-Roc R apresentou 9,2l/100km.

 

O Volkswagen T-Roc R “passa no teste”? 

Nesta segunda passagem pelo T-Roc R, foi feita uma vida perfeitamente normal com o pequeno desportivo alemão, que provou que é capaz de ter uma “vida pacata” mesmo guardando dentro de si uma vontade de atacar uma sequência de curvas da forma mais rápida possível. O conforto dado pelo sistema DCC ameniza a rigidez necessária de um automóvel deste tipo, assim como as jantes de maiores dimensões. O interior prático e suficientemente espaçoso não são motivos de queixa, porém o preço elevado é o principal obstáculo. Quanto aos consumos, é o “preço a pagar” por ter um automóvel diferente, sem se sentir condicionado.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!