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Teste Completo: Land Rover Defender SE X-Dynamic PHEV P400e

Teste Completo: Land Rover Defender SE X-Dynamic PHEV P400e
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“Icone reimaginado”

 

Este não é um “Teste Completo” a um simples automóvel, isto porque o Defender é um verdadeiro ícone que transmite consigo uma elevada carga emocional, não apenas para a Land Rover, mas igualmente para toda a indústria, que o saluda com uma elevada dose de respeito. É então, com uma grande dose de responsabilidade, que estivemos aos comandos da nova geração de um modelo que já cativou milhões de clientes, onde se incluía uma bastante especial, a sua majestade, Rainha Elizabeth II.

Sim, o Land Rover Defender era o automóvel de eleição da antiga rainha de Inglaterra (e seu marido, Duque de Edimburgo), que fazia questão de o conduzir sempre que possível. Por essas e tantas outras razões, fazer uma nova geração de um modelo como este não foi tarefa fácil para os engenheiros e designers da marca de Solihull, o que foi constatado pelo “tempo de gestação” desta geração.

Mas, em 2020, o Defender chegou ao mercado num ano em que tudo mudou, numa espécie de “golpe de teatro”, que provou desde o primeiro dia que o Defender está pronto para todas as adversidades, mesmo aquelas que poderíamos não esperar.

Agora, é altura de estar à prova no MotorO2, uma tarefa bastante mais tranquila, na sua silhueta 110, equipada com a interessante versão híbrida plug-in P400e com 404cv.

 

Exterior

A imagem exterior do Defender causa um grande impacto, tanto com quem connosco se cruzou, como em nós próprios nos dias que estivemos na companhia deste Land Rover. Para muitos, poderia faltar mais dose de tradicionalismo ao modelo, mas temos que nos lembrar que a anterior geração esteve em produção mais de 70 anos, pelo que era essencial avançar.

Portanto, o novo Defender é um perfeito exemplo de um desenho que respeita o seu passado, mas que não é “refém” dele. Conta com uma personalidade única, com elementos que o aproximam do modelo original.

O aspeto conceptual do modelo é notório em qualquer um dos ângulos, com proporções impecáveis do ponto de vista de design.

Na dianteira, a imponência é garantida por uma superfície elevada e um capot plano, onde encontramos elementos decorativos a evocar as chapas de alumínio, elementos esses que o ligam ao Defender original, assim como pelos grupos óticos, numa nova interpretação de design.

Esta unidade, na cor Carpathian Grey, contava ainda com o Extended Black Exterior Pack, que escurecia muitos elementos e tornava este Defender 110 mais “misterioso”, o que até resulta, mas que para quem não goste é algo altamente possível de personalizar. Aliás, é fácil perder algumas horas a criar o “nosso” Defender ideal no configurador da marca.

O seu formato é mesmo um dos elementos indissociáveis deste modelo, com o estilo do Defender original, não sendo, para muitos, necessário ver qualquer logo da marca para o entender. A robustez é aqui uma vez mais evidenciada pelas suas superfícies, que conjugam as formas mais rudes do modelo original com a elegância de um automóvel premium reeditado, como este. Assim, para além da sua silhueta, os elementos de destaque vão para a superfície vidrada que permite o efeito de tejadilho “flutuante”, para a “Alpine Window” que surgiu também aqui nesta nova geração do modelo, assim como para as enormes jantes de 22’’ polegadas, que na cor preta conferem uma imagem (ainda) mais distinta.

Na traseira, é mais uma vez o formato: estreito em cima, alargando na cintura. A roda suplente, de dimensões (e estilo) igual destaca-se, enquanto os estilizados farolins traseiros conferem mais alguma dose de futurismo a este conjunto, num estilo geral atraente e que foi verdadeiramente bem conseguido por parte da Land Rover.



Interior

Se no exterior, o trabalho de desenho foi feito de forma exímia, o interior conta igualmente com um ambiente que conjuga da mesma maneira a qualidade dos materiais e espírito de uma marca premium, com elementos originais e típicos do histórico modelo. Por exemplo, o tablier conta com uma organização mais convencional, com o painel de instrumentos, ainda que digital, com uma inspiração mais clássica, assim como o ecrã central bem posicionado, não assumindo demasiado destaque.

O destaque vai antes para o desenho do próprio tablier, que nos remete para os Defender dos anos 80 e 90, com vastos espaços de arrumação e pegas úteis quando estamos em maus caminhos, contando ainda com materiais duráveis de fácil limpeza. Para além disso, a tal mescla entre o premium e o original pode ser visível nas portas, juntando a pele no topo das portas e as colunas do sistema de som de alta fidelidade Meridian, com os parafusos expostos e a chapa na cor exterior. Uma perfeita junção entre o novo e o antigo, o cuidado e o robusto, com elevado bom gosto.

Ao centro do tablier, os comandos mais úteis são físicos. Aqui, podemos regular a climatização, mas igualmente escolher os modos de condução, selecionar qual o modo do sistema híbrido que queremos no momento, assim como efetuar regulações na suspensão e no sistema de transmissão. Ainda na dianteira, na consola central debaixo do apoio de braço e entre os confortáveis bancos e de bom apoio, encontramos um espaço climatizado, onde podemos colocar algumas bebidas, para enfrentar um escaldante deserto no continente africano… ou apenas uma tarde quente de verão no trânsito citadino.

Passando para os lugares traseiros, é um tratado no que ao espaço interior diz respeito. A sua distância entre eixos com mais de 3 metros de comprimento é a culpada, oferecendo um elevado espaço em todas as direções, podendo transportar de forma confortável três adultos no banco traseiro. Aqui, encontramos ainda elementos de conforto como é o caso do sistema de climatização independente atrás, com aquecimento para os dois assentos nos extremos, duas tomada USB, assim como um apoio de braço.

Esta versão PHEV perde um pouco no espaço de carga, ainda que apresente um bom valor: são 670l de capacidade, com um piso e lateral fáceis de limpar. A porta da bagageira de abertura lateral exige que deixemos algum espaço para as paredes, no entanto o elemento basculante permite que paremos em qualquer momento, sem haver o perigo de se fechar acidentalmente. Graças à sua suspensão pneumática, contamos com um comando que permite aumentar ou reduzir a altura de acesso ao piso de carga, assim como uma útil tomada doméstica.



 Condução

O “nosso” Defender contava com o conjunto híbrido Plug-in P400e, apenas disponível nesta silhueta intermédia 110 (existe ainda o 90 e o 130). Este é composto pelo motor térmico 2.0l Ingenium a gasolina, com uma arquitetura de quatro cilindros e uma potência de 300cv, que é combinado com um motor elétrico com 105kW, alimentado por uma bateria de iões de lítio com 19,2kWh de capacidade bruta, oferecendo um total de 404cv de potência.

Para além desse número, o binário de 640Nm é uma boa ajuda nas recuperações, na capacidade de rebocar (até 3000kg), assim como em fora de estrada. Este conjunto tanto permite baixos consumos, como uma elevada performance, com os 0 aos 100km/h a serem cumpridos em 5,6s.

Era preciso? Não. Mas também não vamos reclamar sobre performance a mais…

Em estrada, o Land Rover Defender 110 P400e apresenta um conforto de rolamento muito elevado, com a vantagem de apresentar uma maior suavidade graças ao sistema híbrido, que por diversas vezes circula em modo elétrico, notando-se quando o motor Ingenium entra em funcionamento, mas sem nunca perturbar os ocupantes.

É normal que se note algum movimento e inclinação de carroçaria quando abordamos as curvas mais rapidamente, o que é normal graças ao nível de potência e confiança dada, mas a física não permite disfarçar os 2600kg de peso. No entanto, a suspensão pneumática controlada eletronicamente, oferecida de série, faz muito para minorar esses movimentos, ao mesmo tempo que ajuda a oferecer um elevado conforto.

Vantagem aqui para a direção, suficientemente assistida e com um peso correto, que permite informar, assim como oferece uma boa agilidade e facilidade de condução, mesmo em cidade onde este Defender 110 se sente estranhamente à vontade. No entanto, o acelerador é um pouco sensível, pelo que deve ser premido com alguma cautela, com o motor elétrico a ser vigoroso na sua entrega de potência.

Nesse modo elétrico, suficiente para mover este Defender 110 no trânsito das cidades, alcançamos um valor de 38km antes do motor a gasolina “acordar”, não muito longe dos 43km anunciados pela marca. Os primeiros 100km (com o arranque com a carga a 100%) foram possíveis de ser feitos com 4,2l de combustível. Depois disso, obviamente, o valor aumenta. Em autoestrada, com bateria descarregada, devemos contar com um valor entre os 10 e os 12l/100km, o que mesmo que seja um valor elevado para alguns, é uma realidade não muito negativa para um automóvel com esta dimensão, peso e potência.

Saindo do asfalto, o Land Rover Defender 110 P400e exige muito para se sentir em dificuldades. Esta unidade não contava com a melhor escolha de pneus/jantes, pelo que não o levámos para muito maus caminhos, mas em pisos de areia e gravilha, foi sentido um verdadeiro “à vontade” por parte deste “herdeiro da coroa”.

A suspensão é possível de ser elevada para trespassar os obstáculos da melhor maneira, enquanto uma verdadeira central de informação, projetada no ecrã central, nos informa de tudo o que se passa, seja nas inclinações, seja nas passagens a vau, seja mesmo debaixo do Defender, com uma câmara que vai lendo o piso para abordar o terreno da melhor maneira possível.

A tração mecânica continua garantida, sendo uma experiência curiosa (mas muito eficaz) explorar caminhos em silêncio absoluto, sendo fácil de dosear a potência nas subidas, assim como melhorar nas descidas graças à regeneração do motor elétrico.

Para carregar este motor elétrico, o Land Rover Defender P400e tem ainda um truque na manga. Em corrente alternada pode carregar até 7kW, o que significa carga completa em cerca de duas horas e meia; em casa a tomada doméstica demora cerca de uma noite para repor as energias. No entanto, a vantagem está no caso de querermos carregar em corrente contínua, com este PHEV a aceitar uma potência de até 50kW, significando 80% de carga em 30 minutos.



Conclusão

A conclusão começa pelo preço, e pelo que foi dito logo no início de que o P400e é bastante apetecível, comparativamente com o P400 (mild-hybrid gasolina com 400cv), com este PHEV 22.199 euros mais barato. Sim, o PHEV é mais acessível, o que torna mais do lógica a sua escolha. No entanto, o seu preço continua a ser elevado, com esta unidade a pedir em troca 123.151 euros.

Porém, o Land Rover Defender é um automóvel aventureiro, mas muito polivalente. Oferece um estilo distinto e um interior espaçoso, com tecnologia e conforto de rolamento elevados, enquanto o sistema híbrido Plug-in, para além de permitir poupança no dia-a-dia, ainda ajuda em fora de estrada. Tudo isto numa “embalagem” que presta uma perfeita homenagem ao seu modelo original, lançado em 1948.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!