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Volkswagen T-ROC R em teste: 300cv “Lusitanos”

Volkswagen T-ROC R em teste: 300cv “Lusitanos”
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“Golden Days” 

Há alguns anos era bem normal os modelos mais vendidos contarem com uma versão mais desportiva. Mas esses “Golden Days” já lá vão. Bem, na verdade ainda existem alguns exemplos, como este Volkswagen T-ROC R, um desportivo de 300cv no corpo de um best-seller em formato SUV. 

O Volkswagen T-ROC R foi renovado, tal como toda a sua gama. A versão mais desportiva do modelo produzido na Autoeuropa recebeu os mesmos tratamentos estéticos (e de conteúdo) das outras versões, mas, tal como eles, merecem destaque. 

Ora, o R é o mais desportivo, porém, continua a ser bastante sóbrio, um caso normal nestes Volkswagen mais desportivos. Portanto, no seu exterior encontramos uns para-choques com um aspeto mais desportivo, jantes “Estoril” de 19’’ polegadas exclusivas, assim como alguns acabamentos inéditos, como uma película a simular fibra de carbono no pilar C. A pintura Azul Lapiz também se destaca, sobretudo por ser a mesma cor que a marca utilizou para pintar as bombas de travão, que mordem uns discos sobredimensionados, prontos para andamentos mais rápidos. Na traseira, o logo R avisa quem vai atrás que está perante uma versão “picante” do T-Roc, assim como o spoiler de maiores dimensões. 

No entanto, no exterior, o maior destaque de todos vai para o opcional sistema de escape em titânio da Akrapovič, que é possível ver através das quatro generosas ponteiras de escapes que prometem (e cumprem) oferecer uma sonoridade bastante emotiva.



Abrindo a porta, encontramos um habitáculo idêntico ao dos outros T-Roc, como era expectável, mas com variados detalhes da versão R. O volante é novo, conta com uma boa pega e, sobretudo, com umas patilhas de seleção de maiores dimensões. No entanto, os botões hápticos estão presentes, o que por vezes obriga a dar uma “vista de olhos” antes de carregar num “botão”. 

Os bancos em tecido e Artvelours (veludo ou alcântara, para a Volkswagen) são também mais desportivos, ainda que não sejam bacquets, algo que também não sentimos falta, já que estes assentos oferecem um generoso apoio, especialmente lateral. Com isso, o espaço interior não é penalizado, já que este T-Roc R, mesmo sendo capaz de oferecer emoções muito fortes, não deixa de oferecer a mesma habitabilidade de qualquer outra versão deste modelo. A bagageira, no entanto, perde 53l face às versões de tração dianteira, apresentando 392l de capacidade, possíveis ainda de contar com roda suplente de dimensões reduzidas. 

O sistema de navegação Discover Pro de 10’’ é também uma novidade, está mais completo e conta, neste R, com um ecrã específico para demonstrar alguns elementos desportivos, como as forças G, a pressão do turbo ou o uso de potência…

Tal como a restante gama T-Roc, os materiais também sofreram uma generosa melhoria na qualidade, tanto ao toque como à vista, mas nesta versão com um preço mais elevado, os plásticos rijos no topo das portas dianteiras, por exemplo, são difíceis de desculpar.  



Para ajudar a “esquecer” isso, ligamos o motor 2.0 TSI de 300cv, preferencialmente no modo mais desportivo de forma a sermos recebidos com um bem encorpado som de escape, um opcional dispendioso de 3.812€ mas que aumenta muito a sensação de exclusividade do modelo. 

A grande vantagem de um automóvel como este Volkswagen T-Roc R é a sua polivalência, a capacidade de nos modos ECO, Comfort e Normal, serem apenas um T-Roc “um pouquinho mais rijo” mas competente, com a transmissão DSG a ajudar a garantir essa “dupla personalidade”. Mas, por outro lado, quando existem as condições certas, utilizar o modo R, agora disponível num desses botões hápticos no volante, altera verdadeiramente este SUV. 

No modo R, os 300cv têm outra vivacidade que é constatada em todos os regimes, um motor cheio ajudado como bem gostamos. O binário máximo de 400Nm faz-se sentir na saída das curvas. É neste modo que se regista a aceleração dos 0 aos 100km/h em apenas 4,9s. Quanto à velocidade máxima, está limitada a 250km/h.

Quanto à direção, fica mais “pesada”, fazendo com que este T-Roc R seja quase um desportivo de verdade. Só não o é, porque não há milagres quanto à posição de condução mais elevada, mas quando constatamos o que a tração integral 4Drive faz durante um encadeado de curvas, é como a questão dos plásticos, passa para um segundo plano. 

A tração integral está bem afinada, não se “pendura” demasiado nas rodas dianteiras, aliás, podemos “jogar” com a traseira, com um ligeiro lift-off que aumenta a agilidade, assim como a diversão para quem vai ao volante. Para que a diversão não seja arruinada, o sistema de travagem é bastante competente, com uma boa mordida e tato para o ajuste certo em cada condição. 



Com um (verdadeiro) modo manual, a DSG permite que nós dominemos a ação, com um borbulhar a cada passagem, assim como vários “pop’s and bang’s” quando soltamos o acelerador e começamos a reduzir. Um vício que sai caro quando olhamos para o computador de bordo. 

Sim, o Volkswagen T-Roc R não é um automóvel para quem goste de estar constantemente a medir os consumos. Mesmo em modos mais “calminhos”, o consumo não baixa muito dos 8,5 a 9l/100km, o que em misto é fácil passar dos 10l/100km. Em ritmos mais elevados, o melhor é fazer “reset” e nem ver. 

Isso é mau? Seria, se só houvesse uma escolha. Mas a verdade é que a Volkswagen ainda nos dá hipótese de ter um desportivo como nos “Golden Days”. E é essa a principal conclusão para este T-Roc R. É verdade que o seu preço assusta, entrando no mesmo “campeonato” do Golf R, estando disponível desde 57.691€, com esta unidade (que não tinha todos os opcionais) a custar perto de 70 mil euros.

O Volkswagen T-Roc R é um automóvel polivalente, ou seja, consegue ser extremo sem nos impactar na vida diária, se esquecermos os consumos. Mas, tal como já falámos acima, é tudo uma questão de ver o lado positivo. O som de escape mais emocional paga-se com mais idas à bomba, já os comandos hápticos que em condução mais viva nos fazem mudar de estação é que é mais complicado de desculpar…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!