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“A escolha manual” – Opel Astra GS 1.2 Turbo 130cv em teste

“A escolha manual” – Opel Astra GS 1.2 Turbo 130cv em teste
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“Receita tradicional”

 

O mercado está cada vez mais diferente; se outrora o diesel era favorito, a motorização a gasolina tomou o seu lugar, com os híbridos a crescerem e os elétricos a serem cada vez mais uma solução. Tal como as escolhas dos propulsores, também as transmissões viram, nos últimos anos, uma mudança de paradigma, com cada vez mais clientes a “largarem” o manual em detrimento da solução automática. Este Opel Astra que temos em teste é uma “receita tradicional”, ao juntar o motor a gasolina 1.2 Turbo de 130cv com a transmissão manual, a única maneira de ter um “terceiro pedal” na mais recente geração do pequeno familiar germânico.

 

Depois de um “Teste Completo” ao Opel Astra na sua variante Plug-In Hybrid de 180cv, o reencontro deu-se com o motor de entrada de gama, o 1.2 Turbo (agora da família Stellantis) com 130cv e caixa manual de seis velocidades. Mas, ainda que seja motorização de entrada, o nível GS mostra que o equipamento pode ser bastante vasto, mesmo num modelo de segmento C.

Por ser o GS Line contamos com elementos diferenciadores, como para-choques exclusivos e (obviamente) mais desportivos, símbolos e cromados tingidos a preto brilhante e um tejadilho em cor de contraste. A cor Amarelo Kult assenta que nem uma luva ao modelo, com as jantes opcionais de 18’’ polegadas a serem a escolha ideal no que à estética diz respeito… ainda que estas com os pormenores vermelhos não sejam possíveis de escolher em conjunto com esta cor. Imaginem sem o vermelho, é basicamente isso que podem ter. E ainda bem.



No interior, encontramos um habitáculo bem conseguido, tanto em termos estéticos como ergonómicos. O seu estilo é mais sóbrio que o dos seus “primos franceses”, com linhas retas e com o Pure Panel (junção dos dois ecrãs de 10’’ polegadas) a serem o motivo de destaque. Abaixo do ecrã central encontramos umas muito bem conseguidas teclas de atalho, que, imagine-se, permitem controlar a climatização sem aceder ao ecrã. Uma mais valia na ergonomia, lá está.

Mas isso também é conseguido graças a vários espaços de arrumação, três deles fechados: na consola central, em frente do seletor e abaixo do ecrã, que nos permite “esconder” uns óculos de sol, graças a um acabamento mais cuidado que evita os riscos.

Os bancos AGR garantem um superior apoio, permitem uma ampla regulação (com esta unidade a contar com ajuste elétrico e memória para o condutor) e conforto acima da média, com acabamento que mistura e pele com a Alcantara. Atrás, espaço para três, aconselhado para dois (como é normal), ainda que o túnel central não seja muito intrusivo.

O espaço para as pernas está num bom nível e em altura também não está mal, caso o cartão de cidadão indique que mede abaixo de 1,85m. Contamos ainda com elementos de conforto como é o caso da saída USB, ventilação dedicada e apoio de braço. A bagageira está no lote das mais espaçosas do seu segmento, com 422l de capacidade. Quem achar que isso não é suficiente e precisar de mais uns “litros extra”, basta escolher o Astra Sports Tourer que apresenta 597l de capacidade.

Mas o que toda a gente quer saber é do motor e da sua “inédita” caixa manual. Sendo 2000€ mais acessível do que a automática de oito velocidades, será uma escolha para aqueles que gostam de poupar. Mas será que vale a pena?

Ora bem, comecemos pelo motor.

O 1.2 Turbo de 130cv chega perfeitamente para este Opel Astra. Sim, mesmo. Os seus 130cv são “elásticos”, com entrega desde baixa rotação; não é um desportivo, nem pretende sê-lo, mas não nos deixa ficar mal nem em momentos onde mais precisamos dele. A sua sonoridade não está muito evidenciada na cabine, graças a uma boa insonorização, ainda que surja a partir das 4000rpm algum som típico deste tricilíndrico.

A transmissão manual está bem escalonada e aproveita bem o “sumo” deste motor a gasolina sem qualquer tipo de eletrificação. Ainda que apresente um tato suave, não é a mais mecânica e conta com um curso algo longo.



Em termos dinâmicos, o Astra também não desilude. O seu peso, 337kg (!) mais leve que o Plug-in que ensaiámos anteriormente, “compensa” os 50cv a menos que tem. Quem sai a ganhar mais com esse “emagrecimento” é a agilidade, algo que este Astra revela logo após os primeiros quilómetros e que demonstra quando chegam as curvas, com uma boa capacidade dinâmica. Mas, nem tudo é perfeito.

Se o volante conta com um tamanho ideal e a agilidade é uma mais valia, a suspensão que dá vantagens no capítulo dinâmico, mostra-se um pouco rija quando o piso está mais degradado, o que não pode ser do agrado de todos. Se não for, talvez fique melhor com um Astra do nível Ultimate e jantes de 17’’ polegadas. Depois, os pneus Michelin Primacy 4 não comprometem quando o piso está seco, mas não são os melhores quando queremos explorar este modelo à chuva, algo que seria solucionado com uma escolha mais desportiva por parte da Opel, como é o caso dos Pilot Sport 5, que melhoraria de sobremaneira a experiência de condução.

Esquecendo a dinâmica, os consumos foram uma boa surpresa, com mais de 400km feitos a apresentarem uma média final de 6,1l/100km, mesmo com meia centena de quilómetros em estrada de montanha. Em autoestrada é possível contar com consumos na ordem dos 5,0 a 5,5l/100km em velocidade estabilizada, sem problema.

Em termos de opcionais, esta unidade estava recheada, com elementos como o teto de abrir elétrico, para-brisas aquecido (que é dispensável caso não morem em locais onde o gelo é uma constante), Head-up Display e o Intelli-Drive 1.0, que é um pacote de sistemas de ajuda à condução.

Dessa maneira, o preço final desta unidade ficava por 36.354€, o que está justo face ao equipamento (e ao mercado). No entanto, o Astra com este motor inicia-se nos 26.780€, ou 31.780€ no nível GS sem opcionais.

A decisão entre caixa manual ou automática é sempre uma questão de gosto. A transmissão automática oferece um conforto extra e é a escolha racional caso se circule muito em cidade ou se tenha o azar de viver horas no trânsito. Por outro lado, a racionalidade da escolha pela transmissão manual também existe, ao ser justificada pelos 2000€ de diferença, que permitem escolher muitos opcionais.

No final, o Opel Astra mostra ser um produto bastante capaz de se evidenciar no seu segmento, com um exterior sóbrio (o que não é o caso deste pintado em Amarelo Kult) e elegante, um interior bem conseguido e um motor que para além de suficientemente despachado, é poupado. A transmissão manual não compromete e começa a ser uma raridade nos tempos que correm, mas que ainda tem uma larga legião de fãs.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!