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“Teste Completo” – Novo Citroën C4 1.5 BlueHDi 130

“Teste Completo” – Novo Citroën C4 1.5 BlueHDi 130
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“Vaidoso sim, mas despretensioso” 

 

Este é o novo Citroën C4, que “nasce” a pouco mais de 600km da nossa capital, na fábrica de Villaverde, às portas de Madrid. Esta é a terceira geração de um modelo que concorre no aguerrido segmento C. Se a primeira geração foi conhecida por “dançar” num famoso anúncio de televisão e de dar 4 triunfos a Sebastian Loeb/Daniel Elena e 3 à equipa no campeonato mundial de ralis, já a segunda geração, longe de ter algo de negativo, não nos marcou por ser demasiado… certinha.

Agora, a marca quer mudar isso e apresentar um “Verdadeiro Citroën”. O que é que quero dizer com isso? Um automóvel que, para além de apresentar uma imagem distinta e revolucionária, quer também oferecer uma elevada dose de conforto para os seus ocupantes, assim como facilidade de utilização para o seu condutor. Será que cumpre? 

Primeiro capítulo: O estilo exterior.

Se ao olhar para o Citroën C4 não sentir nada, algo está errado. Este é daqueles automóveis sobre os quais todos têm alguma opinião, seja ela positiva ou negativa. A sua estética é inspirada nos mais recentes concept da marca, que aproveita também para integrar novos elementos estéticos, como é o caso dos grupos ópticos em “V”, tanto na dianteira como na traseira. A sua silhueta faz uma mescla entre dois estilos, o dos SUV que está bem em voga, com o de um coupé que nunca deixa de agradar. Para além disso, a marca optou por lhe conferir linhas e vincos que, em conjunto com os AirBumps e uma elevada distância ao solo, querem garantir uma imagem mais robusta ao modelo. As jantes de 18’’ dão pontos para o estilo, mas também se destacam por ainda assim possuirem uma boa “parede” de pneu que irá garantir viagens confortáveis. 

A personalização não foi esquecida, com sete cores disponíveis e cinco packs de cor. 



Segundo capítulo: O interior confortável.

Se visto de fora o Citroën C4 pode oferecer sentimentos mistos, no interior não há grandes razões para não se gostar desta proposta. Primeiro, tudo está colocado de forma lógica. Temos um volante de dimensões normais, enquanto ao centro temos o novo sistema multimedia de 10’’ polegadas, em posição mais elevada, que não se destaca demasiado. Abaixo disso, os comandos físicos da climatização, algo que nunca deveria ter deixado de ser assim. 

Depois, para além disso, existem outros pontos de destaque que o tornam mais confortável para quem viaja cá dentro, como é o caso dos muitos pontos de arrumação que existem espalhados pelo habitáculo. Destaca-se a zona de carregamento por debaixo dos comandos da climatização, um compartimento secreto abaixo desse, assim como dois suportes de copos (que também podem ser fechados) e um apoio de braço que também tem, adivinhem, um outro compartimento de arrumação. Portanto, os bolsos são facilmente “despejados” de forma lógica cá dentro. 

Depois, existe obviamente o Smart Pad Support, uma estreia mundial que não é nada mais nada menos do que um sistema retrátil que permite que o passageiro use um tablet com toda a segurança, mesmo em viagem. Abaixo, existe ainda uma gavela deslizante para o guardar quando não se está a utilizar. Obviamente, ainda existe um porta-luvas. 

Acho mesmo que com um Citroën C4, podem dispensar uns móveis lá de casa e começarem a arrumar coisas aqui…

Terceiro capítulo: Sentados no tapete voador. 

Não, não vão sentados no chão. O Citroën C4 oferece, tal como outras propostas da marca, bancos Advanced Confort. Não são os que oferecem o maior apoio do segmento, é certo, mas são dos mais confortáveis ao serem compostos de uma “mousse” com 15mm de espessura, que nos oferece uma sensação de conforto imediata. Atrás, o espaço é ideal para dois adultos, mas apenas devido à largura, porque em espaço para as pernas o Citroën C4 apresenta um bom valor. 

Todos estes passageiros levam bagagens, e as que não conseguem arrumar no habitáculo encontram espaço nos 380L de capacidade. É um valor estonteante? Não. Está na média do segmento, mas dá a possibilidade de optar por dois níveis do piso. 



Quarto capítulo: Conectados. 

Hoje em dia, um automóvel com falhas na tecnologia, seja ela ao serviço do condutor ou dos passageiros, ou mesmo no caso segurança ativa, não é válido. Aqui, o C4 está também em bom nível. 

De entre 20 sistemas de ajuda à condução, destaca-se o Highway Driver Assist, Cruise-Control com função Stop & Go, luzes de máximos automáticos ou sistema de vigilância de ângulo morto. Depois, para conforto dos ocupantes, existem 4 saídas USB, assim como um ponto de carregamento por indução do smartphone. 

Mas nem tudo é brilhante. O Citroën C4 já poderia contar com sistema Apple CarPlay e Android Auto wireless como alguns dos seus concorrentes, assim como um painel de instrumentos de maior dimensão e mais completo. Nota-se que foi aqui um tributo ao Cactus, mas não tinha saudades disso. O Head-Up display oferece precisamente a mesma informação, portanto, durante todo o ensaio andou desligado. 

Quinto capítulo: Em andamento. 

Calhou para este primeiro contacto o motor diesel de 130cv, aliado à transmissão automática de oito relações. Este motor 1.5 BlueHDi já é conhecido, e aqui prova ser muito poupado, com médias que ficam muito facilmente em torno dos cinco litros a cada cem quilómetros, mesmo com poucos quilómetros ainda rodados, provavelmente fruto de uma aerodinâmica aprimorada. A transmissão colabora bem, é suave e suficientemente despachada. O seu comando é mais minimalista, com ponto positivo para as patilhas de seleção atrás do volante. 

Mas mais importante que isso, é saber como se comporta este familiar da marca do Double Chevron. 

A primeira sensação é de uma direção leve, que ajuda em manobras citadinas, tornando-o mais ágil ao mesmo tempo que ajuda a uma condução mais tranquila, mas não é das que oferece um melhor feeling ao condutor. Desculpo facilmente, já que o cliente-alvo desta proposta não quer algo pesado e purista para que consiga acertar no ponto certo do ápex em curva. 

O factor que mais se destaca, no capítulo da condução, é mesmo a suspensão. Não é um caso de marketing, o Citroën C4 é mesmo confortável. Não é um tapete voador (porque o Aladdin não ia vender assim a sua tecnologia tão facilmente), mas está a meio caminho disso. A suspensão hidráulica com batentes progressivos ajuda a uma viagem mais tranquila, mesmo em pisos mais degradados. O seu funcionamento é notório ao passar por lombas, com maior absorção de impacto. Isso, em conjunto com os bancos que falei no terceiro capítulo, tornam este modelo no mais confortável do seu segmento. Ponto.

Talvez a escolha do diesel não tenha sido má. Digo isto porque deu também para entender que a insonorização está num bom nível, algo que terá também peso devido ao ë-C4, a versão elétrica do modelo, que exige mais nesse campo.



Sexto capítulo: Deveria comprar um C4 destes? 

Este automóvel é fácil de entender. É uma proposta para quem quer um automóvel confortável para viajar, não para quem quer uma proposta dinâmica. Este é um automóvel fácil de utilizar no dia-a-dia, não é complexo nem nos pe

de em troca concessões. É um Citroën confortável, como todos são, mas este parece ter aprendido com as mais de dez gerações de berlinas. Este C4 é uma junção entre a primeira geração, graças à sua imagem mais distinta, com a segunda geração, mais “apagada” em termos de loucura francesa, mas bem ligada ao conforto. 

O seu preço, sem campanhas, começa nos 24.908€, com esta unidade que contava com nível mais equipado (Shine Pack) e motorização diesel a custar 34.908€, estando na média do segmento, tendo em conta a elevada dose de equipamento de série.

Será um vencedor? Só o tempo o dirá…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!