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Volkswagen ID.3 renovado colocado à prova

Volkswagen ID.3 renovado colocado à prova
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“O original”

 

Quando se pensa em automóveis elétricos compactos, é muito provável que o Volkswagen ID.3 surja num dos lugares cimeiros da lista. Aquele que é o “Golf eletrificado” da marca de Wolfsburgo foi agora renovado, para continuar assim a ser uma proposta apetecível para quem pretende largar (de vez) as soluções térmicas.

Lançado há pouco mais de três anos, o Volkswagen ID.3 teve um início “agridoce”. Se por um lado inaugurou a linhagem elétrica da marca, conseguindo a atenção do público e transmitindo a mensagem de que a Volkswagen está verdadeiramente dedicada à eletrificação, alguns detalhes como a qualidade interior que não estava no nível que todos esperavam e um software que não estava suficiente fluído, foram pontos que não se destacaram pela positiva.

Agora, a Volkswagen foi por aí (mas não só) na renovação do seu BEV de segmento C. Comecemos então esta análise pelo exterior.

Com um comprimento de 4264mm, o ID.3 é apenas 20mm mais curto do que o Golf, dimensões semelhantes em modelos que apresentam uma imagem bastante diferente, ainda que este 100% elétrico se aproxime agora, um pouco mais, ao modelo mais conhecido do fabricante alemão.

Na dianteira as diferenças são fáceis de encontrar, com o capot agora com uma única cor, deixando de contar com o elemento em preto que nos dava a ilusão de que o para-brisas era de maiores dimensões. Assim conseguiu-se o objetivo de garantir uma dianteira mais “longa”, afastando-se de um estilo monovolume.

Os para-choques foram igualmente redesenhados, adotando agora entradas de ar com um diferente formato, conferindo igualmente uma imagem mais “adulta” a este modelo.

Já atrás, as diferenças são vistas nas luzes, que agora iluminam na parte que está colocada no portão da bagageira, contando com animações quando trancamos ou destrancamos este Volkswagen.

No exterior podemos ainda escolher duas novas cores: Verde Olivine e este Azul Costa, bem como novas jantes que podem ir entre as 18’’ e as 20’’ polegadas. Estas são as Wellington, de tamanho intermédio, com 19’’ polegadas.



Passando para o interior, como dito acima, o Volkswagen ID.3 sofreu, no início, algumas críticas quanto aos materiais empregues, que não lhe conferiam uma imagem em linha com as outras propostas da marca alemã.

Agora, isso foi (maioritariamente) resolvido, com os revestimentos das portas a contarem com um novo desenho, assim como com uma “mousse” mais suave e pespontos, que contrastam e conferem uma imagem mais premium ao modelo.

O tablier conta com superfícies em pele sintética, o que aumenta essa sensação de maior cuidado. Já atrás, o material das portas traseiras continua a ser de plástico rijo, sendo algo normal no segmento, mas que graças à mudança do seu desenho passa a incluir um revestimento em tecido, melhorando a sensação de qualidade “à vista”.

O outro problema era o sistema multimédia, que na sua juventude apresentava alguns “bugs” indesejados. Agora isso parece ter sido resolvido, com o “bónus” de o ecrã contar com maiores dimensões. No entanto, apenas no ID.7 vamos começar a contar com os atalhos táteis iluminados à noite.

De resto, o habitáculo continua a ser um exemplo de simplicidade bem feita. O seletor de marcha junto ao pequeno painel de instrumentos é fácil de utilizar (depois de alguma habituação), e a sensação de espaço é conseguida graças à ausência de consola central de grandes dimensões. Contudo, não faltam espaços de arrumação abertos ou fechados.

E sim, o comando dos quatro vidros elétricos continua a ser apenas feito por dois botões, sendo necessário carregar primeiro em “rear” para operar os traseiros… aqui foi uma simplicidade levada ao extremo.

Por falar em lugares traseiros, há espaço mais do que suficiente para dois adultos, havendo a hipótese de levar um “quinto” passageiro no lugar central, graças ao piso plano que não prejudica o espaço para as pernas. A bagageira de 385l está na média face aos seus rivais diretos.



Mas vamos voltar para o lugar do condutor…

Sentados numa posição elevada (as baterias assim o obrigam) encontramos um ambiente luminoso, graças à ampla superfície vidrada. A suavidade é dado adquirido, assim como o conforto (mais do que oferecido pelo seu “primo” Born), sem perder a compostura.

O motor elétrico de 150kW (204cv) é mais do que suficiente para mover os 1815kg deste Volkswagen ID.3 com bateria mais pequena (capacidade útil de 58kWh), que promete 428km de autonomia.

E isso é mesmo possível, graças ao valor conseguido de 15,3kWh/100km, que não falhou por muito a meta de autonomia prometida pela marca.

Para isso, a utilização do modo “B” é essencial, podendo mesmo ser utilizado sempre que circulamos em cidade. Em autoestrada, num percurso feito apenas nessa via mais rápida (média de 110km/h), conseguimos 19,1kWh/100km, o que resultaria em 298km de autonomia.

Muito ágil, o Volkswagen ID.3 apenas peca pelos seus bancos, nesta versão Pro Urban, ao não oferecerem um apoio desejado, algo que pode ser resolvido caso se opte pelas versões superiores, que passam a contar com uma solução ao estilo bacquet.

Mecanicamente a Volkswagen não fez alterações ao ID.3. Assim, a potência máxima de carregamento permitida continua a ser de 120kWh em corrente contínua, ou 11kWh caso se utilize uma solução de corrente alternada. Traduzido para os tempos de carregamento, isso equivale a 35 minutos para conseguir ir dos 0 aos 80% em carregamento rápido ou em torno de 6h30 para se carregar totalmente numa Wallbox.

Em jeito de conclusão, o Volkswagen ID.3 tem os ingredientes melhorados para a sua segunda parte da carreira. A sua maior mais valia é a sua afinação e capacidade de fazer consumos reduzidos. O interior está agora com maior qualidade, enquanto o exterior foi aperfeiçoado, conseguindo disfarçar a sua silhueta do tipo monovolume. O preço desta unidade ascendia aos 49.384€, numa gama que começa nos 42.078€ com este mesmo conjunto motor/bateria. No entanto, para aumentar a autonomia, os preços começam nos 44.930€. Será que vale a pena essa pequena diferença?

Para o descobrir, em breve colocaremos igualmente essa versão “à prova”.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!