Home Ensaios Volkswagen Amarok 2.0 TDI 205cv 4Motion à prova

Volkswagen Amarok 2.0 TDI 205cv 4Motion à prova

Volkswagen Amarok 2.0 TDI 205cv 4Motion à prova
0
0

“A mais rebelde”

 

Num panorama atual onde os SUV são quem mais ordena, as Pick-up são imagem cada vez mais rara, mas ainda com importância relevante para um cliente específico. Sabendo disso, a Volkswagen desenvolveu a segunda geração da Amarok, uma pick-up de aventura ou trabalho, que não se nega ao lazer nem mesmo a ser uma proposta simples e de fácil utilização no dia-a-dia. Testámo-la na versão Style, com o motor 2.0 TDI de 205cv de potência e transmissão automática de 10 velocidades.

Pois bem, para desenvolver a nova Amarok, a Volkswagen uniu-se à Ford. A marca alemã tem-se unido com a marca americana para celebrar algumas parcerias, que vão para além dos comerciais ligeiros e de tecnologia para automóveis elétricos, fazendo com que esta nova Amarok seja “prima” da Ranger, recentemente lançada.

Ainda assim, esteticamente, a Volkswagen Amarok é distinta do modelo com o qual partilha inúmeras peças, com a marca alemã a conseguir conferir à Amarok uma imagem própria, perfeitamente encaixada na imagem de marca, sem cometer o erro de um “badge engineering”, um caminho que seria mais fácil para uma das partes. Dessa forma, a dianteira é perfeitamente reconhecível, com o logo da marca de Wolfsburgo em posição de destaque, continuando a oferecer a imagem bastante robusta que apresentava desde a sua primeira geração. Porém, agora apresenta uma imagem mais cuidada, mais upmarket, graças a linhas mais vincadas e frisos cromados.

Na lateral, as jantes especificas afastam as propostas dos dois lados do oceano, com o comprimento de 5350mm a ter aumentado 96mm face à anterior geração da Amarok. Atrás, a caixa de carga apresenta orgulhosamente o nome do modelo lançado em 2010, com os grupos óticos em “C” a conferirem uma maior modernidade ao modelo. Obviamente, a Amarok não poderia deixar de apresentar com orgulho, na caixa de carga, o nome 4Motion, que designa a capacidade desta Pick-up de andar por maus caminhos.

Mas isso também seria possível de ver pela sua escolha de pneumáticos, com os Goodyear Wrangler Territory AT/S, a serem bons aliados quando o caminho fica mais difícil.



Passando para o seu habitáculo, é aqui que notamos um maior cuidado com a qualidade dos materiais, com elementos revestidos a pele ou imitação de madeira, assim como uma superior facilidade de utilização no dia-a-dia. A apresentação é muito boa, com bancos confortáveis e revestidos de forma cuidada, bem como uma posição de condução confortável, obviamente elevada.

À nossa frente contamos com um volante tipicamente Volkswagen, com boa pega e botões físicos e um painel de instrumentos, com grafismo típico da casa alemã, mas com algumas parecenças com o sistema da Ford. Ao centro encontramos o sistema multimédia, colocado em posição vertical com 12’’ polegadas, com um funcionamento simples e com a possibilidade de contar com incorporação de smartphone sem fios (Android Auto e Apple CarPlay), não escondendo igualmente qual das duas marcas foi a responsável por desenvolver o software.

Abaixo, encontramos algumas teclas de atalho, assim como um botão de volume rotativo, ideal para operar com luvas.

Esse cuidado com o conforto de utilização está patente no aquecimento dos bancos, assim como nos espaços de arrumação e até um local para carregamento de smartphone por indução. Atrás, há lugar para três adultos, ainda que o aconselhável seja viajarem dois ocupantes, graças ao generoso espaço ocupado pelo túnel de transmissão. No entanto, nota-se o aumento da distância entre eixos em 173mm, com uma posição normal para os passageiros, sem os constrangimentos que seriam “normais” em propostas deste tipo.

A caixa de carga conta com a possibilidade poder transportar uma Europalete, graças a um espaço amplo entre as cavas das rodas. Se o objetivo foi igualmente rebocar, é possível fazê-lo até aos 3500kg.



Em andamento, o 2.0 TDI de 205cv revela-se desenvolto e cheio de força graças a um binário máximo de 500Nm, com a transmissão de 10 velocidades a ser uma aliada importante em manter a suavidade e contando com o interessante facto de se poder eleger o número máximo de relações que queremos ter.

Já que tocámos nesse assunto, o que menos gostamos foi mesmo seletor da transmissão. Nada conta o seu formato, que é ergonómico, mas a distância entre o P,R,N,D é demasiado curta, o que pode fazer com que nos enganemos na marcha que queremos. Para além disso, existe um modo manual, só que as mudanças são selecionadas (+/-) na lateral deste seletor, já que não existem comandos atrás do volante.

No entanto, isso não é suficiente para “manchar” o comportamento desta Volkswagen Amarok, que circula no asfalto sem problemas, com um conforto acima da média (mesmo com a caixa de carga vazia), sem exibir demasiado “saltitar”. Os pneus mistos, podem apresentar algum ruído de rolamento ou mesmo perdas de motricidade em piso mais molhado ou quando somos mais violentos com o acelerador. Mas aí, não há milagres.

Porém, quando o asfalto acaba, estes são os tais importantes aliados que falámos acima, com uma elevada capacidade em fazer com que esta Amarok avance mesmo nos pisos mais enlameados. Para isso contamos com um seletor que nos permite escolher entre diversos modos de tração 2H (tração atrás) 4A (Automaticamente elege a tração integral se necessário) 4H (Tração integral permanente) ou 4L (as conhecidas “baixas” para nos salvar dos maiores apuros). Para além disso, podemos bloquear o diferencial traseiro, desligar totalmente o controlo de tração, assim como contar com o Hill Descent Assist, para descidas sem problemas.

Para evitar “contas de cabeça”, a Volkswagen dotou a Amarok de modos de condução, onde se inclui o Neve/Areia, Lama ou mesmo um modo dedicado para o Reboque, fazendo os próprios ajustes automaticamente.

Os ângulos são generosos, com 30º na entrada, 21º ventral e 23º de saída, com uma altura ao solo de 219mm e uma capacidade de passagem em vau de 800mm, mais 300mm que anteriormente.

Em termos de consumos, em quase 400km percorridos com esta totalmente renovada Volkswagen Amarok, o valor apresentado foi de 8,4l/100km, o que está longe de assustar tendo em conta as dimensões e potência desta proposta. Para conseguir estes valores, a transmissão automática é uma grande responsável, assim como o cruise-control adaptativo, um dos diversos elementos que tornam estas propostas cada vez mais próximas de automóveis de turismo.

Os preços da nova Volkswagen Amarok iniciam-se nos 44.524€ (c/IVA) para a versão Life equipada com o motor 2.0 TDI de 170cv e transmissão manual de 6 velocidades. A Style, esta ensaiada com cabine dupla e 205cv, começa nos 55.722€, com a versão de transmissão automática a obrigar a dar um “salto” até aos 57.045€, mas perfeitamente aceite tendo em conta o conforto providenciado por esta.

Em jeito de conclusão, a Volkswagen Amarok continua a ser um produto capaz, com a marca a preferir (e muito bem) a continuar presente neste segmento, mesmo que para isso tenha contado agora com a ajuda direta de um outro fabricante. Ainda assim, esta Amarok sente-se Volkswagen, notando-se que nesta foi empregues os melhores conhecimentos de cada um dos lados. E quem tem mais a ganhar com isso somos nós, os consumidores.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!