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Teste à Škoda Octavia Scout 4X4: “À prova de tudo!”

Teste à Škoda Octavia Scout 4X4: “À prova de tudo!”
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“Canivete Checo”

Estávamos no final do seculo XIX, quando Karl Elsener, inventou um dos mais icónicos objetos de design industrial de sempre, o “canivete suíço”. Destinado às forças armadas, estes pequenos objetos caracterizam-se pela sua multifuncionalidade e capacidade de agregarem vários instrumentos e ferramentas.

Pois bem, esta Škoda Octavia Scout não é oriunda da Suíça mas sim da República Checa, e é bem maior do que esse objeto de bolso, mas as semelhanças são muitas.

O modelo está na sua 4º geração (na verdade pode ser chamada de 5ª geração se contarmos com o Octavia original de 1959) e conta com uma versão mais aventureira, denominada de Scout – anteriormente chamada apenas de 4×4, lançada em 1999. As diferenças estão tão visíveis na sua “pele” como debaixo dela, numa proposta familiar que não esquece quem está ao volante.

No exterior, contamos com uma imagem mais aventureira, com vários elementos em plástico negro que envolvem a parte inferior deste Škoda, assim como outros apontamentos em cinzento acetinado, que poderiam servir de contraste não estivesse esta Škoda pintada num “pouco animador” Prata Brilliant. Para além disso, no exterior, existem ainda jantes exclusivas da versão, bem como uma altura ao solo superior em 15mm face à Octavia “mais certinha” que maioritariamente vemos nas nossas estradas.



O comprimento de 4,70mm e uma distância entre eixos de 2,68m começam a prometer um interior espaçoso, mas ainda no exterior há também mais detalhes a observar na geração lançada em 2019. É o caso dos vincos bem pronunciados, assim como os grupos óticos em LED que lhe dão um ar mais premium e upmarket, ao qual esta Octavia mostra (e bem) não ter dúvidas. Prova disso é o nome Škoda no portão de bagageira, para que ninguém também as tenha.

A confiança no produto passa também para o interior, que impressiona pela sua apresentação e qualidade. A apresentação é conseguida devido a uma mistura de revestimentos – muito felizes na minha opinião – entre o tecido e os plásticos, e os elementos cromados e madeira que embelezam este interior. O tablier conta com um desenho também bem conseguido, onde se destaca o cockpit 100% digital, personalizável e de fácil leitura. O ecrã central é o centro de comando de tudo, seja rádio e media, telefone ou climatização. Esse último ficaria melhor separadamente, em comandos próprios para facilitar a utilização, mas passa “com nota positiva” graças aos atalhos colocados abaixo desse ecrã.

Os bancos da versão Scout são específicos em desenho e revestimento, oferecendo um bom apoio em curva, assim como uma espuma (que quase parece um colchão viscoelástico) para não nos massacrar caso queiramos testar o sistema de tração integral. Atrás, amplo espaço para três adultos, embora o lugar central conte com um túnel de transmissão algo intrusivo, algo justificado pela mesma tração total falada acima. De resto, viaja-se muito bem nesta proposta da marca, com saída de ventilação própria, duas entradas USB-C e até uma ficha “como as lá de casa”. A bagageira conta com 610L de capacidade e foi levada ao limite, com uma grande dificuldade em encher todo esse espaço.

Para se ter uma noção, na viagem feita com esta Škoda, levei 3 malas de cabine, dois sacos de viagem, quatro mochilas e duas pastas e, ainda assim, sobrou muito espaço para trazer “recuerdos”.



Usei essa palavra porque elegi esta proposta como a minha companheira de viagem numa ida, em lazer, até Sevilha. Debaixo do capot estava a única proposta disponível para esta versão em solo nacional, o “outrora favorito”, mas sempre prestável 2.0 TDI com 150cv aliado à transmissão DSG7, ideais para uma tirada mais longa como esta.

Até terras que viram em 1492 sair embarcações em descoberta do “Novo Mundo”, esta Škoda Octavia Scout também partiu em missão de descoberta, mas por autoestrada, altura onde é possível verificar a capacidade de consumos reduzidos a velocidade estabilizada (a 120km/h circula abaixo das 2000rpm), e onde foi, logo aqui, descoberta também a sua capacidade de “navegar”, graças à enorme bátega de água que se abateu durante a viagem, ao qual o sistema de tração integral permitiu passar estas tormentas. Gostaram dos trocadilhos?

Pois bem, quer dizer em resumo que este conjunto é muito capaz, garantindo uma capacidade de andamento mais que suficiente e uma tração acima da média, principalmente quando o clima não parece ajudar. A suspensão conta com um ajuste mais dócil, com uma frequência de amortecimento mais lenta, o que neste tipo de percurso é bem-vinda.

Quando esse tapete de alcatrão termina e começa outro, mais degradado e com mais curvas, a Škoda Octavia Scout responde com uma suspensão que está preparada para andar fora de estrada, e uma dinâmica que, embora não seja um Octavia RS, acaba por entusiasmar o condutor, mais que não seja pela sensação extra de “grip”.

Claro que ter o logo 4×4 no seletor de mudanças me tentou sempre a ter de experimentar esta Octavia Scout fora de estrada. Se respeitarmos a altura ao solo e nos lembrarmos que os pneus são de estrada, esta “Scout” mostra a razão de ser o tal “Canivete Checo” que falei acima, conseguindo ir até onde muitos SUV não vão e outras carrinhas… muito menos. Em termos de consumos combinados, já que as voltas pela cidade ainda foram muitas e o regresso feito por nacional/autoestrada, ficaram nos 6,3L/100km em mais de 1200km percorridos, com muita chuva e maioritariamente carregada com 4 passageiros e bagagens.

Quanto a preços, a Škoda pede pela Octavia Scout equipada com esta motorização 43.456€, o que se mostra justo face ao que oferece. O seu estilo off-road cativa, o interior pode competir com as referências, o espaço é dos maiores do seu segmento, enquanto o motor diesel oferece boas performances, com consumos comedidos. Já a tração total é o seu trunfo final, e é aí que faz toda a diferença!

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!