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“O regresso de uma sigla conhecida” – Opel Astra GSe em teste

“O regresso de uma sigla conhecida” – Opel Astra GSe em teste
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“Desportivo dos tempos modernos”

 

Depois de um Teste Completo à variante híbrida Plug-in de 180cv, foi agora vez de colocar à prova o novo Astra GSe, uma proposta mais emocional do modelo de segmento C da marca de Rüsselsheim, que fez renascer uma importante sigla desportiva, agora com uma consciência mais ecológica.

O significado destas três letras, que estiveram presentes em muitos modelos importantes da marca não é o mesmo “Grand Sport Einsprintzung” (Grand Sport Injection) de outrora. Agora, o “e” minúsculo, indica que estamos perante uma versão desportiva eletrificada.

E podemos começar precisamente por essa eletrificação, de forma a entender o que se esconde “sob a pele” deste familiar médio da Opel. Já que esta é a primeira pergunta que todos fazem quando sabem que estão perante uma proposta desportiva.

Respondendo a isso, este Opel Astra GSe conta com 225cv, conseguidos graças a um conjunto entre um motor gasolina turbo com 1.6l de capacidade e 180cv, bem como um motor elétrico de 81kW. Em termos “atléticos” esta versão mais potente do Astra, consegue despachar o sprint dos 0 aos 100km/h em 7,5s, um valor respeitável tendo em conta o seu peso de 1703kg – normal neste tipo de propostas híbridas – mas que como poderemos ver mais à frente, consegue ser “disfarçado” pela sua capacidade dinâmica competente.

Mas o Astra GSe também é diferente na sua estética, sendo fácil entender as diferenças entre este Astra e um outro mais “convencional”. Na dianteira contamos com para-choques distinto, mais desportivo, assim como o Opel Vizor – imagem de marca dos novos modelos da marca – que surge escurecido. As jantes, de 18’’ polegadas, contam com um desenho exclusivo, com uma clara preocupação com a aerodinâmica, enquanto o tejadilho em preto faz contraste com a pintura branca Arktis, uma das 7 disponíveis para este GSe.

Para além da altura ao solo mais reduzida, na traseira a única diferença é o logo que distingue esta versão mais emocional do modelo, que conta ainda com um spoiler que lhe confere a desportividade que se procura em propostas como esta.



No interior, existem também diferenças, igualmente não muito abrangentes, mas que são essenciais para conferir o estatuto diferenciador desta versão. Os bancos dianteiros performance com um acabamento em Alcantara, oferecem um bom conforto graças à certificação AGR, mas igualmente um melhor apoio quando a condução é mais “inspirada”.

O restante habitáculo é bem organizado e ergonómico, contando com a dose certa de digitalização, ou seja, a Opel não esqueceu que os comandos físicos tão necessários, como é o caso dos da climatização. O espaço habitável nada sofreu neste Astra “mais atlético”, com espaço suficiente para dois adultos nos assentos traseiros, assim como uma bagageira de 352l de capacidade.

Para quem necessita de mais espaço, mas gostaria de possuir a versão mais desportiva do modelo, o Astra Sports Tourer GSe está igualmente disponível, oferecendo uma bagageira com 516l de capacidade.

Passando para a condução, a Opel dotou o Astra GSe com uma afinação própria, de forma a oferecer uma experiência de condução mais emocionante. O que na prática conseguiu.

Mas será que este GSe é um verdadeiro desportivo?

Como constatámos acima, os 225cv de potência combinada já são um valor que merece o nosso respeito, com o comportamento dinâmico a ter sido igualmente melhorado pelos engenheiros da marca germânica, graças à inclusão de elementos inéditos, como os amortecedores Koni FSD (Frequency Selective Damping) que se adaptam às condições da estrada e ao tipo de condução, aumentando o nível de contacto dos pneus com o asfalto.

Para além disso, encontramos um automóvel com uma direção rápida e bom peso, fácil de explorar e que oferece confiança necessária quando o ritmo aumenta.

Portanto, temos um conjunto com um generoso nível de potência, uma suspensão competente que transmite boas sensações, sem prejudicar o conforto, enquanto a direção também ajuda a oferecer uma boa experiência. Então é tudo positivo?

Nem por isso. Há algumas coisas que deixam o Astra GSe “a caminho” de ser um verdadeiro desportivo.

E muito por culpa da Opel ter decidido montar pneus Michelin Primacy 4 na medida 225/40 R18, que não são (de todo) uma escolha desportiva e que “traem” as capacidades que este modelo conseguiria apresentar. Ou seja, é notório que o chassis está bem afinado e consegue oferecer mais, mas os pneus não conseguem transferir toda a potência vinda do eixo dianteiro para o asfalto, com o mesmo a acontecer em curva, não continuando a oferecer tanta confiança quando a velocidade aumenta, quanto aquela que o modelo oferece desde baixas velocidades.

A isso junta-se um peso que é elevado – normal num PHEV – e que mesmo que o chassis “disfarce”, o tato de travão exige alguma habituação, não sendo muito fácil de modular. No entanto, é uma questão de hábito, sendo o preço a pagar por um automóvel que permite percorrer até 64km, segundo a marca, sem quaisquer emissões. Nós conseguimos 58km e um consumo, nos primeiros 100km, abaixo dos 3l/100km.

Quando a bateria acaba, é possível contar com um consumo entre os 5,8l e os 6,5l/100km.

Por último, seria bom que a Opel tivesse dotado o Astra GSe com um modo “totalmente manual” da transmissão automática. Esta é rápida (e na maior parte das vezes) decidida nas suas passagens. Porém, mesmo que conte com patilhas de seleção montadas atrás do volante, nunca “fixa” em modo manual, acabando por voltar ao modo automático passados alguns segundos.



Agora, é negativo não ser um “puro desportivo”?

A resposta é não. Este Opel Astra GSe é sim uma proposta mais emocional e mais capaz, uma espécie de um Astra “mais picante”, mas igualmente consciente, capaz de oferecer uma boa dinâmica de condução, o que é um facto, mas não tão focado em atingir os limites. Por outro lado, consegue ser um bom companheiro para o dia-a-dia, oferecendo um nível de conforto perfeitamente tolerável, consumos baixos e um habitáculo bem conseguido, confortável e espaçoso.

Com um preço final de 49.590€, o Astra GSe com 225cv é 6100€ mais caro que o Astra GS Plug-In de 180cv. Essa diferença de preço é justificada pelo aumento de potência, uma dinâmica mais aprimorada, assim como um equipamento mais generoso.

Em jeito de conclusão, o Opel Astra GSe pode ser um bom companheiro para quem procura um automóvel familiar, que permite alguma diversão ao volante, sem “massacrar” quem vai connosco (ou a nossa carteira). Se os pneus eleitos pela marca fossem outros, a diversão e a capacidade dinâmica poderiam ser bem mais elevadas, graças à boa base onde este Opel assenta.

Mas quanto a isso a solução é bastante fácil…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!