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SEAT Leon Cupra R ST 300 4Drive

SEAT Leon Cupra R ST 300 4Drive
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“Cobre que vale ouro”

“Inspiro, entro em curva, prendo a respiração, saio da curva, expiro e carrego na patilha direita, subo uma relação e busco rapidamente a próxima curva…”

É muito isto que se passa quando estamos “in the zone” com esta SEAT Leon Cupra R ST 4Drive, um nome generoso para um automóvel que tem um carácter acima da média, e que devido às suas características o tornam, praticamente, único.

Esta não é apenas uma carrinha que tomou esteróides e ficou potente, não é um caso estético, é mais um caso sério. Um caso de quando uma marca demonstra o que de melhor faz, e o que acontece quando a SEAT e a Cupra “mergulham” no (enorme) balde de peças do grupo VW. E o resultado é bom, muito bom.

Bem, vou acalmar-me.

Esta SEAT Leon ST Cupra R (que ainda se chama SEAT, ao contrário do “primo” Ateca) tem no R o importante atributo que a faz ser ainda mais especial. No exterior temos apliques em Cobre, que nada mais fazem do que lhe dar um carácter especial, ao contrário das jantes exclusivas de 19’’, envoltas numa super aderente borracha da Michelin, os Pilot Sport Cup 2, assim como um sistema de travagem da Brembo, com o símbolo da AUDI, e que se mostra incansável, com pistões de seis êmbolos que mordem discos perfurados e ventilados com uma dimensão de 340mm.

Ainda no exterior desta carrinha, encontramos o lip dianteiro, difusor traseiro e spoiler integralmente feitos em carbono, assim como na traseira, quatro ponteiras de escape, que mostram assim que esta “nada convencional” não está para brincadeiras, nem fazer a “vida chata” que as outras carrinhas fazem.

Esta não, esta é a “ovelha negra”, no bom sentido da expressão!yt

O interior demonstra também isso, os acabamentos em cobre envolvem alguns detalhes, enquanto o padrão carbono (apenas padrão) encontra lugar nas portas. As bacquets “apertam-nos” o corpo, como quando entramos numa montanha russa e pensamos: “isto vai ser engraçado.” A alavanca da caixa e o volante, com o logo também em cobre, tem aqui um acabamento em Alcântara®, que apesar de não ser do gosto de todos, a verdade é que o torna ainda mais exclusivo.

Aqui, no interior, apenas perco um tempo para configurar todo o painel de instrumentos 100% digital, que pode assumir diversas formas. Ligar o telefone ao CarPlay, e sem mais demoras, carrego no botão Start!

O som invade a garagem, as quatro ponteiras tocam a minha sinfonia preferida, seleciono o ‘Drive’, e só quero sair da cidade…

Mas enquanto isso não acontece, e com o modo Confort ativado, nota-se mesmo que esta SEAT consegue muito bem ser usada no dia-a-dia. Obviamente requer cuidado com o precioso lip dianteiro, o que demonstra que não é a solução mais confortável da marca. Contudo, sei bem que quando chegar ao território retorcido de asfalto ela vai desculpar tudo isso.

Em autoestrada mostra-se uma boa companheira de viagem (se a carteira assim tolerar um consumo que não baixa dos 9l/100km, a velocidade de cruzeiro dentro dos limites legais), o sistema de som da Beats (que aqui conta com o logo em preto para não destoar num interior “sério”) dá-nos uma boa qualidade acústica e torna as viagens mais agradáveis, assim como o generoso teto de abrir panorâmico, que ilumina o habitáculo, tão espaçoso como uma Leon ST com o motor 1.6 TDi, completamente normal.

Mal a estrada assim deixa, com o trânsito praticamente nulo, é altura de selecionar o modo mais agressivo de todos (ainda há o Sport, mas não aguentei e o Cupra é o modo a usar). Soltei o animal!

Este bloco 2.0 TSi debita 300cv, uma potência de respeito, não tão alta como alguns dos seus rivais, mas é bastante cheio e com força desde as baixas rotações até onde o ponteiro atinge o “vermelho”. O binário de 450Nm também acompanha numa importante franja de disponibilidade, enquanto a transmissão DSG sobe de relação rapidamente, e com um toque suficiente de agressividade (neste modo não queremos festinhas). A aceleração dos 0 aos 100km/h demora menos de cinco segundos…

Aqui apenas notei, para isto ser perto de perfeito, que as patilhas deveriam ser ligeiramente maiores, e com um acabamento metálico, talvez também tingidas de cobre. Fica para a próxima, senhores da Cupra, está bem?

Mas o incrível acontece quando chega a primeira curva e surgem os “carris”.

Como assim?

A SEAT Leon Cupra R ST conta com o sistema 4Drive, o que significa que tem tração integral graças ao sistema Haldex, que se junta ao diferencial autoblocante dianteiro e que a faz prender ao chão de uma forma que um desportivo focado terá dificuldades em acompanhar (ou fugir). Para além disso, é também aqui que se sente que a suspensão modificada para a versão “R” tem os seus pontos fortes, com a convergência a assumir 2º negativos, tanto na dianteira como na traseira, absorvendo e mantendo as quatro rodas onde devem estar, no chão.

Basicamente a dinâmica é: entrar ligeiramente mais lento, mas muito mais cedo, esmagar o acelerador com confiança e apontar para a saída da curva, e assim sentir o efeito “fisga” que nos puxa – e empurra – para a próxima curva, com uma direção que está muito bem calibrada.

Quando lá chegamos, é só confiar nos préstimos do excelente sistema de travagem, com bom tato, e que para fatigar, fatiga-nos primeiro.

A transmissão, em modo manual, raramente nos “vira as costas”, contudo algumas reduções de forma a proteger o motor não acontecem logo quando queremos, mas nada de grave. Como desculpa disso, o escape manda um “borbulhar de pipocas” que se no interior se ouve, no exterior faz “florescer” sorrisos em quem, como eu, ama automóveis.

Já estou novamente demasiado romântico num ensaio. Mas bolas, eu adoro carrinhas desportivas, e isto torna-se complicado. Se tem defeitos? Tem detalhes como o das patilhas, e uma base que já tem um modelo novo à espera de “entrar em cena”. O seu preço é cerca de 7.000 euros mais elevado que uma Cupra ST “normal”, que já conta com 300cv e o mesmo sistema de tração integral. Se vale a pena? Eu agora, a “quente”, digo que sim, mas talvez no “dia-a-dia” das nossas vidas, a normal chegue.

Mas cá para nós, se pode ter uma, opte logo por esta, prepare-se é que os pneus não são baratos, e a manutenção destes travões também não tem ar disso. Ah! E os consumos, vai aprender a baixá-los quando lhe começar a doer a carteira, até lá, são um “medicamento para a alma”. Mas por favor, prometa-me, seja responsável e consuma com moderação.


SEAT Leon Cupra R ST 2.0 TSI 300 DSG7 4Drive 

Especificações:
Potência – 300cv às 5300~6500rpm
Binário – 400Nm às 2000~5200rpm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 4,9s
Velocidade Máxima (oficial): 250km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) –7,1l/100 (10,1l/100km)

Preços:
SEAT Leon Cupra ST desde: 50.193€
Unidade ensaiada: 59.810€


Clica, e vê com maior detalhe esta carrinha desportiva: 

 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!