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Teste Completo – Mazda CX-60 e-Skyactiv PHEV Homura

Teste Completo – Mazda CX-60 e-Skyactiv PHEV Homura
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“Oposição”

 

A Mazda sempre foi um construtor diferente no panorama internacional do mundo automóvel, e é talvez por isso que gostamos tanto dela.

Esta é a marca que insistiu em contar com um roadster de dois lugares na sua gama, quando todos os outros desistiam dessa ideia por não ser rentável. Aos dias de hoje, o MX-5 continua à venda, contando ainda com um lugar, que será muito provavelmente cativo, no livro dos recordes do Guiness com o título de roadster mais vendido do mundo. A sua história mostra-nos também que optou por diferentes soluções técnicas, como é o caso do motor rotativo Wankel, quando outros acharam o conceito demasiado complexo. A Mazda colocou-o em modelos de estrada, vencendo também uma “pequena corrida” de resistência chamada 24h de Le Mans, em 1991.

Essa vontade de se opor às convenções verifica-se também no seu novo topo de gama para a Europa, o Mazda CX-60, modelo que ainda que se tenha rendido à moda dos SUV, fê-lo “à maneira da Mazda”. Este é o primeiro Plug-in Hybrid da marca que é, igualmente, o Mazda de série mais potente de sempre.

Teste completo à versão Homura, que deverá ser a mais vendida no nosso mercado, de um modelo que pretende ser uma alternativa aos modelos Premium de sempre.

 

Exterior

O estilo é sempre subjetivo, tendo recebido várias opiniões muito distintas sobre este novo modelo da Mazda, provando essa subjetividade. Ora tanto o acharam elegante e imponente, como o acharam “não tão belo” quanto outras propostas da marca. A verdade é que o CX-60 continua a ser reconhecido como um Mazda, com um design que continua a contar com vários elementos Kodo.

Começando com a dianteira, é o local onde existem mais motivos de destaque e que merece igualmente mais atenção. O capot é bem longo, destacando-se nos 4,75m de comprimento deste CX-60, algo que se traduz em 17cm mais do que o CX-5, o SUV que fica abaixo no posicionamento da gama. A grelha assume o protagonismo com uma dimensão bastante generosa, estando numa posição bastante vertical, o que lhe garante a tal imponência com que muitos o descreveram.

No entanto, os grupos óticos “enganam”, ou seja, são bastante pequenos face à dimensão total deste CX-60. Contudo, os designers da marca criaram uma faixa LED que se une à grelha dianteira, fazendo com que não pareçam assim tão pequenos. Provavelmente foi aqui que as opiniões se distanciaram.

Nesta versão Homura os cromados foram “apagados”, dando lugar a frisos em preto, que lhe confere uma imagem mais desportiva. Ainda na dianteira, as diferenças face a outras versões encontram-se no para-choques com diferente desenho e maiores entradas de ar, assim como um distinto padrão na grelha dianteira.

A sua lateral demonstra ainda melhor o comprimento do capot, numa cabine que surge muito mais recuada do que é habitual, fruto da “teimosia” da Mazda em colocar os motores em posição longitudinal. A elegância está aqui presente pela suavidade dos vincos da carroçaria, em linha com o estilo empregue nos mais recentes modelos. As jantes de 20’’ polegadas, de série, contam igualmente com o acabamento em preto que distingue esta versão.

A traseira é a secção mais consensual deste modelo, com os grupos óticos esguios a sobressaírem, numa traseira que conta ainda com duas saídas de escape duplas, mas que são… falsas, algo que encontramos nas versões de topo do modelo nipónico. Já a cor Soul Red Crystal é uma das oito cores disponíveis para revestir a carroçaria.



Interior

Se no exterior existem opiniões contraditórias, no interior é mais difícil que isso aconteça, já que o Mazda CX-60 prova que a marca consegue bater-se de igual com marcas premium, algo que já tinha demonstrado há pouco tempo com os Mazda3 e CX-30.

Porém, o CX-60 leva isso um passo acima, com uma elevadíssima dose de qualidade e uma grande robustez, com uma montagem que não apresenta falhas, colocando-se bem acima da média neste quesito, sem exagerar na digitalização, com comandos físicos a estarem – e ainda bem – presentes.

No entanto, os dois ecrãs de 12,3’’ polegadas evidenciam-se, um para o painel de instrumentos 100% digital e o outro para o sistema Mazda Connect. O primeiro, que é também uma novidade, muda de aspeto consoante o modo de condução escolhido, ainda que não disponha de muitas possibilidades de personalização, o que é, na verdade, a maior vantagem deste tipo de soluções. Algo que terá espaço para melhorar no futuro.

Já o sistema Mazda Connect não se apresenta muito diferente do que se encontra presente em outros modelos da gama, contando com a possibilidade de ter Apple CarPlay e Android Auto sem fios, ajudado por um local de carregamento por indução na base da consola central, que não gosta de smartphones demasiado grandes.

Ainda assim, no CX-60, este sistema conta com menus específicos (como o do sistema híbrido e carregamento), assim como com o Driver Personalization System, que reconhece o condutor, “afinando” tudo à sua medida: volante, assento, retrovisores, entre outras configurações específicas. Este sistema permite ainda auxiliar o condutor a garantir a posição de condução ideal, bastando para isso indicar a sua altura. Na prática funciona, ainda que no meu caso tenha resultado numa posição de condução elevada demais. Mas quanto ao reconhecimento facial é sem dúvida uma mais-valia, principalmente para quem partilha o carro com outros membros da família.

O conforto está garantido, seja pelos bancos com um bom suporte e apoio, com aquecimento e arrefecimento (os traseiros também são aquecidos) e pelo volante, de boa pega capaz igualmente de nos manter as mãos quentes nos dias mais frios. Tanto isto, quanto o sistema de reconhecimento facial está disponível no Pack Comfort, disponível por 1700€.

No entanto, mesmo caso não sejam escolhidos opcionais, o equipamento de série é bastante vasto, não faltando os elementos “essenciais”. Caso queira mesmo tudo, como nesta unidade, o Pack Convinience & Sound é um “Must have” para quem goste de qualidade de som, graças ao sistema Bose com 12 colunas, assim como o Pack Sunroof, que por 1350€ confere ao CX-60 mais luminosidade interior graças ao teto de abrir elétrico panorâmico.

Passando para os lugares traseiros, o espaço é mais do que suficiente para três passageiros, com um acesso muito facilitado graças às portas que abrem praticamente a 90º graus. Apoio de braço, saídas de ventilação, duas portas USB-C e até uma ficha convencional de 150W estão disponíveis para quem vai atrás.

A bagageira é outra agradável surpresa, já que graças aos 570l apresenta um bom valor para um automóvel PHEV como este, conhecidos por contarem com menos volumetria devido às baterias e sistemas acessórios. Aqui, na bagageira, destaque ainda para mais uma ficha convencional, mas aqui com uma potencia de 1500W AC.



 

Condução

Com uma posição de condução confortável, estamos prontos para explorar aquele que é o Mazda de série mais potente de sempre, ainda que seja diferente do que poderíamos esperar.

Para o seu primeiro híbrido plug-in, a Mazda dotou este CX-60 com um motor a combustão 2.5l de cilindrada, com uma arquitetura de 4 cilindros, sem turbo, igual ao que encontrámos no CX-5 (e Mazda6), que trabalha em conjunto com um motor elétrico de 129kW que lhe garante os 327cv de potência combinada.

Esta potência é gerida por uma nova transmissão automática de 8 velocidades, que é transmitida às quatro rodas, tornando este CX-60 numa proposta mais polivalente quando o asfalto acaba ou as condições climatéricas são mais adversas, algo que pudemos comprovar durante os dias de teste.

Em condução normal, o Mazda CX-60 parece ser um automóvel que prefere um andamento calmo, cumprindo muito bem essa função, sensação aumentada graças à suavidade do sistema elétrico, bem como do próprio motor a combustão, com uma insonorização que também está num bom nível. Porém, algumas vezes, o sistema híbrido hesita um pouco e tenta manter ao máximo o motor elétrico apenas em ação, mas quando exigimos um pouco mais do pedal da direita, o motor a combustão acorda de forma algo violenta para garantir prestações mais elevadas.

O peso deste CX-60 PHEV é sentido, com 2070kg na balança; é normal que sintam as transferências de massa, no entanto, a suspensão apresenta um bom compromisso, como veremos mais à frente…

Em termos de locomoção puramente elétrica, a Mazda assume que este CX-60 é capaz de 63km em modo zero emissões graças à bateria de 17,8 kWh. No nosso teste conseguimos 52km, um valor suficiente para muitos durante a semana, para as viagens “casa-trabalho-casa”.

Nos primeiros 100km, o computador de bordo apresentou um consumo de 3,8l/100km. Quando a bateria se esgota, o sistema híbrido continua a funcionar, contando com um consumo que pode variar entre os 6,7l e os 8l/100km, algo que está longe de chocar tendo em conta as dimensões bastante generosas e a potência mais elevada deste Mazda.

Como disse acima, o compromisso da suspensão foi evidente quando o testámos de forma mais dinâmica, numa estrada que, ao início, parecia ser um território longe do ideal para este CX-60, ainda que o modelo apresente um tempo dos 0 aos 100km/h em apenas 5,8s.

O CX-60 está assente numa nova plataforma, que dá primazia ao eixo traseiro. Também graças a isso o modelo apresenta uma boa agilidade, com movimentos da carroçaria previsíveis e fáceis de controlar em andamento mais rápido; a direção revela-se precisa, com um eixo dianteiro que insere bem em curva, onde a performance só não é maior devido aos pneus Bridgestone Alenza, que não são tão direcionados para as performances.

A tração integral foi também testada, não só numa condução mais dinâmica, mas também fora de estrada, obviamente num trajeto mais “leve”, visto que este CX-60 não é um veículo off-road puro e duro. No entanto, confirmou que é capaz de algumas aventuras e de aceder a locais que um automóvel com apenas duas rodas motrizes não são capazes de chegar. Contamos com um modo Off-Road, assim como Hill Descent Assist, para que as descidas corram tão bem quanto as subidas. A câmara 360º também ajuda a ver melhor os obstáculos.



 Conclusão

Disponível desde 57.089€, com esta versão Homura a custar 62.439€, o Mazda CX-60 não é um automóvel para todas as bolsas, mas é um automóvel a ter em conta caso se procure um híbrido Plug-In com uma elevada potência e qualidade. O seu “calcanhar de aquiles” face à concorrência pode muito bem ser a ausência de 7 lugares; no entanto, este modelo demonstra mais qualidades do que defeitos, para além da sua qualidade, o equipamento, espaço a bordo e dinâmica de condução estão em bons níveis.

Para breve contaremos com uma nova visita do Mazda CX-60 ao MotorO2…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!