Este é um ensaio em tempo real, atualizado diariamente, ou quando necessário. Vamos partilhar como é conviver durante uma semana com o Volvo V60 T6 Recharge, a variante híbrida Plug-in da carrinha de segmento D da marca Sueca.
Dia 1 – Km 96,1
O primeiro dia é dedicado às apresentações, como assim deve de ser, já que vão acompanhar este Volvo durante uma semana. Esta geração da conhecida proposta da marca sueca foi lançada em 2018, baseada na plataforma SPA e seguindo a filosofia de estilo inaugurada pelo XC90, o modelo que revolucionou verdadeiramente a marca num passado mais recente.
A sua estética é, por isso, verdadeiramente Volvo, conjugando a beleza das suas linhas com a robustez das suas proporções e detalhes “genealógicos”, como é o caso dos farolins verticais, herdados de modelos mais antigos da construtora fundada em 1927.
No que diz respeito a esta unidade, com inspiração Bright (ou seja, conta com diversos cromados) a personalização foi conseguida pela cor Azul Denim que reveste a carroçaria, bem como as jantes de 19’’ polegadas, que se revelam uma uma escolha segura, oferecendo alguma desportividade a este conjunto, sem perder a elegância. Quanto ao interior, deixamos para outro dia, já que “lá dentro” teremos muito que dizer…
Por agora fiquem com os preços. A gama Volvo V60 inicia nos 61.378 euros, com a versão mais equipada Plus, que testámos, com o propulsor Plug-in de 350cv (a base da gama) a pedir em troca 64.515 euros.
Consumo apresentado no painel na altura deste update: 1,5l/100km
Dia 2 – Km 320,7
O despertador tocou cedo esta manhã, com o dia a surgir frio, típico de uma manha de novembro. Algo que foi rapidamente amenizado pelos bancos (e volante) aquecidos, assim como pelo ambiente acolhedor desta Volvo. Neste segundo dia, a “nossa” V60 T6 Recharge fez um pouco de todos os caminhos, provando a sua polivalência, tanto devido ao seu formato carrinha, como graças à solução híbrida Plug-in.
Vamos, por enquanto, focar-nos na segunda. Este conjunto híbrido é composto pelo motor térmico com 1969cm³ e arquitetura quatro cilindros (não, o 6 não significa seis cilindros) e auxílio de um turbo que debita 253cv. A eletrificação é conseguida graças a um motor elétrico (pois claro) montado no eixo traseiro, com 107kW (145cv) que está agora mais potente e lhe confere igualmente a tração integral. A bateria de 18,8kWh (que também cresceu) promete uma autonomia de 88km sem emissões, algo que prometo testar nos próximos dias.
O dia de hoje contou ainda com muita autoestrada e um ritmo mais elevado (dentro das regras), sem qualquer carregamento feito. O único, até agora, foi feito ontem à noite. E isso, à velocidade máxima de carregamento demora em torno de 2h30. Como aqui foi utilizada uma uma ficha doméstica convencional, essa operação demorou mais, mas que chegou para ser feito totalmente durante a noite de sono.
Neste dia, que acabou por ficar chuvoso, mesmo com a muita autoestrada, o consumo aumentou, mas não disparou, o que parece não refletir a generosa potência de 350cv desta Volvo. Boas indicações, portanto.
Amanhã conto-vos mais coisas, nomeadamente a razão pela qual escolhi a V60 T6 Recharge para um Real-Time Review.
Consumo apresentado no painel na altura deste update: 3,7l/100km
Dia 3 – Km: 440,6
Hoje o dia foi mais calmo, aproveitei por isso para descobrir quantos quilómetros conseguia fazer em Pure, ou seja, em modo 100% elétrico. O resultado foi de uns respeitáveis 91km. Sim, é verdade que esta distância foi atingida sem pisar autoestradas (local onde este modo permite ir atingir os 125km/h), mas não deixa de ser um excelente valor, superando até o indicado pela Volvo. Graças a isso, conseguimos atingir um consumo de combustível, após os primeiros 100km, de 0,6l/100km!
Mas, ontem também vos disse que ia revelar qual a (principal) razão de ter escolhido este Volvo para um “Real Time Review”.
Pois bem, lembro-me de ter escrito há alguns anos que um Volvo, em formato carrinha, é o “o automóvel familiar por excelência”. Pois bem, na altura não tinha método de comparação, agora tenho.
Fui Pai, muito recentemente. Para além das noites de sono que nunca mais foram iguais e os dias também não, agora tenho mais um importante método de medição para os testes que escrevo por aqui. E sim, a “pequena pessoa” faz muita diferença num automóvel.
Será que este Volvo é mesmo o “Ultimate Family Machine”? É isso que vamos descobrir nos próximos dias, em vários exemplos e situações…
Consumo apresentado no painel na altura deste update: 3,1l/100km
Dia 4 – Km: 595,8
Na realidade, o que é preciso para um automóvel ser um verdadeiro familiar, ou como lhe chamei, um “Ultimate Family Machine”?
A primeira qualidade é a do espaço a bordo, é importante que esse exista para que o conforto, outro ponto essencial seja atingido. Quanto ao espaço, na dianteira não há queixas, enquanto atrás podemos sentar (bem) confortavelmente dois adultos ou, no meu caso específico, uma adulta e um bebé que começa agora a sua vida como passageiro privilegiado. O túnel central é elevado, pelo que o lugar central é melhor aproveitado como apoio de braço.
O conforto é, portanto, outra condição elementar para uma nota positiva no quesito familiar. A Volvo V60 cumpre isso na perfeição, seja através dos confortáveis bancos, climatização dianteira e traseira, bancos aquecidos ou arrefecidos, bem como uma insonorização bem conseguida. Mas é a segurança que igualmente se destaca, ou não estivéssemos a bordo de um Volvo.
E não é preciso ir ver os vídeos dos testes de colisão ou pegar em estrelas ou pontuações. A sensação de segurança é uma constante, com uma robustez evidente que estamos habituados e com a confiança de que, se algo correr mal, estamos seguros. É difícil de explicar por palavras, mas é uma sensação igual a quando estamos no conforto do nosso lar e está a chover lá fora. Talvez com esta frase resumi melhor, porque é que esta é uma verdadeira proposta familiar.
Amanhã digo-vos o que ando a gostar mais e menos na minha convivência com esta V60 T6 Recharge.
Consumo apresentado no painel na altura deste update: 2,8l/100km
Dia 5 – Km: 786,8
No meio de muitas verdades sobre os automóveis, esta é mais uma delas: “nenhum é perfeito”.
Seja por questões de gosto pessoal ou mesmo por lacunas do produto, a verdade é que mesmo um bom automóvel, como é o caso deste Volvo V60, conta com pontos menos positivos. Na verdade não temos aqui um verdadeiro ponto negativo que vos faça deixar de ler este texto que aqui vos escrevi e fechar a janela do vosso browser.
Portanto começamos por aí, com a premissa de que em cinco dias não foi fácil encontrar esses pontos menos conseguidos. No entanto eles existem. Um é o funcionamento da chapeleira, que foi o que mais me incomodou durante estes dias. É verdade que tem um “carril”, que torna difícil que “descarrile”. Mas como a chapeleira “sobe” e não recolhe, foram várias as vezes que me sentei ao volante e quando olhei para o espelho retrovisor tinha a chapeleira a tapar a visibilidade, o que me fazia voltar a sair para a voltar a colocar no sítio certo. Aqui, uma solução elétrica seria a ideal.
O segundo ponto encontra-se no apoio de braços, que devido à posição da bateria conta com uma arrumação demasiado pequena, onde se torna difícil colocar o “combo” carteira e telefone. Felizmente existem outros locais para o fazer.
Na parte positiva, a lista podia ser longa, mas destaco desde já a qualidade do interior, com o destaque a ir para os revestimentos cuidados do tablier, assim como o conforto irrepreensível dos bancos dianteiros, capazes de múltiplos ajustes para um “encaixe” perfeito.
As suas prestações também são um ponto positivo, tal como a dinâmica.
Aliás, por falar nisso, é exatamente aí que começo amanhã. Sim, porque a dinâmica não é toda igual…
P.S: Continuo a carregar esta Volvo V60 só durante a noite.
Consumo apresentado no painel na altura deste update: 3,3l/100km
Dia 6 – Km: 823,4
Hoje é o dia de falar das prestações e da dinâmica de condução. Não é por este Volvo ser uma carrinha familiar com consumos bastante cativantes para a nossa carteira e um espaço habitável interior ideal para uma família, que vamos esquecer o “simples” facto de que temos 350cv de potência disponível sob o comando do nosso pé direito.
Em termos de números, se utilizarmos um cronómetro, o Volvo V60 T6 Recharge demora 5,4s dos 0-100km/h. Isso interessa muito? Não, mas é curioso saber que demora menos 0,4s que uma mítica V70R ou apenas mais 0,6s que o “Viking” V60 Polestar, quando este era somente térmico. Aquele duo dinâmico que por aqui testámos e podem ler aqui.
Bem, mas não queremos ser aborrecidos com números. Dinamicamente, o Volvo V60 T6 Recharge não está preocupado em ser divertido, está sim preocupado em ser seguro, o que faz com distinção, conseguindo reações equilibradas, mesmo se o ritmo aumentar, algo que acontece rapidamente como bem puderam entender acima.
A tração integral é uma das grandes responsáveis por isso, por equilibrar essa potência e oferecer a capacidade da mesma ir para onde mais importa, o asfalto, sem exibir perdas de motricidade, algo que só aconteceu em condução em piso molhado, devido à escolha pelos Michelin Primacy que esta unidade montava. A travagem é segura e com um bom tacto no pedal, mesmo que esta familiar pese uns generosos (e não muito dinâmicos) 2069kg.
Ah! Vocês querem saber a velocidade máxima. Como não estamos na Alemanha, esta questão a nós não nos faz muita diferença. A Volvo limitou todos os seus modelos à mesma velocidade de ponta: 180km/h. O que muda é a rapidez com que se chega lá.
Resumir o dinamismo do Volvo V60 T6 Recharge, é como se o personificássemos como um desportista, daqueles que é eficaz, que se notaria a sua ausência na equipa, mas que não tem os holofotes em cima de si.
Faz bem o que se pede, sem dramatismos, o que na verdade é (tudo) o que queremos.
Consumo apresentado no painel na altura deste update: 3,2l/100km
Dia 7 – Km: 920,5
E assim chegamos ao fim de mais um Real-Time Review, desta vez com um Volvo. O V60 T6 Recharge provou, durante estes dias, ser um verdadeiro automóvel familiar, conjugando segurança com espaço interior, qualidade com requinte, bem como conforto e eficiência.
A eficiência provou-se clara, com um consumo após quase 1000km a ficar abaixo dos 4l/100km, mesmo não tendo sempre carregado esta Volvo quando poderia. A segurança foi ponto assente, com a sensação de que esta é uma daquelas propostas que poderíamos conviver sem quaisquer problemas durante muito mais tempo.
Face a esta V60 que aqui tivemos, a versão atual (se encomendassem uma hoje) já conta com um sistema multimedia revisto, com Google Assistant, mais intuitivo e melhorado. Assim como um painel de instrumentos revisto, semelhante ao que encontramos nas propostas eletrificadas mais recentes da marca sueca.
Portanto, no final, o balanço é bastante positivo. Como reparo, apenas gostaríamos que a chapeleira fosse elétrica e que pudéssemos contar com patilhas no volante, quando adotamos uma condução mais dinâmica, sem utilizar o (pouco lógico) comando sequencial, que nos permite “subir e descer” relações de forma lateral (esquerda e direita).
Em termos de opcionais, aconselhamos os bancos em couro nappa perfurado (aquecidos e arrefecidos), o upgrade de sistema de som seja ele da Harman Kardon (892 euros) ou Bowers & Wikins (3659 euros), bem como o “obrigatório” Pack Lightning, que adapta constantemente o padrão de luz para uma melhor visibilidade.
Se a “pequena pessoa” que me acompanhou em muitos destes quilómetros já conseguisse falar, diria que o tejadilho panorâmico era igualmente algo a selecionar já que tornou as suas viagens bem mais divertidas e interessantes.
Até ao próximo Real-time Review!
Consumo final apresentado no painel de instrumentos: 3,4l/100km
