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Teste Completo – Range Rover Velar S P400e

Teste Completo – Range Rover Velar S P400e
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“O mais elegante”

 

Numa família, existem vários motivos para se ter destaque. A elegância é um deles, e na família Range Rover o Velar é esse “familiar”. Lançado em 2017, este modelo respondeu às necessidades de quem procurava “dar o salto” para um Range Rover com mais espaço e qualidade que face ao Evoque, garantindo no entanto o aspeto dinâmico e uma dimensão mais comedida face a um Range Rover “convencional”.

Este modelo foi renovado em 2023, contando com alterações tanto estilo exterior, como um desenho interior mais minimalista, e ainda um aprimoramento do sistema híbrido Plug-In, que conta agora com uma maior bateria.

Estivemos ao volante do Velar S com esse conjunto P400e para saber tudo sobre este que é, para muitos, o mais elegante dos Range Rover.

 

Exterior

Esta é uma obra assinada por Gary McGovern, que prova que não é preciso alterar muito o que está ainda bastante atual. É verdade que já se passaram 7 anos desde o lançamento do Range Rover Velar, no entanto, esta proposta continua a ser uma das mais elegantes do seu segmento, parecendo vencer confortavelmente o mais difícil dos testes: o do tempo.

Portanto, McGovern optou antes por “limar” algumas arestas da sua criação.

Na dianteira encontramos uma nova grelha, que pode parecer para muitos bastante semelhante à anterior, mas que conta com um padrão diferente, contribuindo para uma imagem global mais esguia. Os grupos ópticos dianteiros adotam um novo desenho no seu interior, enquanto atrás encontramos os novos farolins com iluminação LED 3D, o elemento mais fácil de distinguir face ao Range Rover Velar que já conhecíamos.

O para-choques traseiro também foi redesenhado, não apresentando as saídas de escape, estando agora dissimuladas.

Dessa forma continuamos a estar perante um SUV premium com um desenho fluido e aerodinâmico, mas bastante reconhecível como uma criação da marca, que pode contar (como a unidade em teste) com o tejadilho em cor de contraste, o que lhe confere uma imagem mais distinta. As jantes de 20’’ polegadas são opcionais na versão S, de acesso à gama Velar.



Interior

É aqui que encontramos as maiores diferenças, tendo sido adotada uma atmosfera de elevado minimalismo. Mas não há caso para receios, já que a funcionalidade não foi muito afetada.

Pois bem, neste interior de elevada qualidade sentida ao toque e comprovada pelos nossos olhos, o tablier contou com as maiores diferenças ao retirar os dois ecrãs com que contava anteriormente (o superior dedicado ao sistema multimedia, e o inferior à climatização e modos de condução) por um ecrã curvo com 11,4’’.

Este sistema, ao qual a JLR chama de Pivi Pro, conta com um funcionamento fácil, rápido e é ainda dono de bons grafismos. É evidente que os comandos físicos da climatização, como exemplo, são mais eficazes. Ainda assim, a marca fez um bom trabalho no que diz respeito aos atalhos, não sendo necessários mais que dois a três toques no ecrã para chegar até onde pretendemos.

Abaixo, na consola central, o comando da transmissão automática encontra-se sozinho no meio do elemento decorativo. Onde anteriormente se encontrava o ecrã inferior, dispomos agora de um espaço de arrumação com duas tomadas USB-C, assim como uma plataforma para carregamento de smartphone por indução.

O apoio de braço permite regulação e, por baixo dele, mais um espaço de arrumação generoso. Os bancos oferecem uma boa dose de conforto e uma ampla regulação, oferecendo uma posição correta ao condutor, embora elevada, como é esperado num Range Rover.

A qualidade, essa é percebida quando tocamos nas superfícies mais superiores, com bons acabamentos na sua generalidade, assim como uma boa escolha de materiais, mesmo na versão S, que nos dá acesso à gama Velar. A robustez é outro ponto que constatamos neste interior.

O volante conta com uma dimensão correta e comandos no volante com retroiluminação, que controlam grande parte do que mais necessitamos quando vamos a conduzir, assim como dão a hipótese de personalizar o bastante completo e bem apresentado painel de instrumentos 100% digital deste Range Rover.

Como detalhes de destaque, podemos apontar o sub-menu que nos permite visualizar as dimensões do “nosso” Range Rover, para que nunca exista algum drama a entrar num parque subterrâneo mais apertado, assim como o espelhamento Apple CarPlay sem fios, que permite mesmo que os mapas nativos do iPhone sejam espelhados no painel de instrumentos.

Se na dianteira se vai bem sentado, atrás a situação é semelhante; muito espaço em todas as direções e um bom apoio para os passageiros, com uma boa altura do assento face ao piso. Existe ainda a “obrigatória” saída de ventilação específica para quem circula atrás, tomadas USB-C e 12v, assim como apoio de braço. A bagageira, mesmo sendo um PHEV, conta com 502l de capacidade, ainda que debaixo do piso não encontre espaço para uma roda suplente de emergência devido à colocação da bateria, o que também não nos permite “esconder” lá os cabos de carregamento.

No interior, apenas notamos a falta de bancos aquecidos que, ainda que seja um opcional pouco dispendioso (441,35€), fazem falta nos dias mais frios, num automóvel com um preço base acima dos 80 mil euros.



Condução

A gama conta com duas motorizações: uma diesel com eletrificação ligeira, que debita 204cv, e esta P400e, que graças a um sistema híbrido plug-in oferece 404cv de potência. A escolha torna-se simples, já que a híbrida plug-in é cerca de 3 mil euros mais acessível…

Escolhas e impostos à parte, este sistema P400e é composto por um motor térmico 2.0l Turbo a gasolina, que debita 300cv, que se une a um motor elétrico, igualmente montado na dianteira, que oferece 143cv (105kW). Estes são os responsáveis pelo número final de 404cv.

Esta potência generosa é ainda capaz de proezas dinâmicas, já que na ficha técnica são necessários apenas 5,4s para arrancar dos 0 aos 100km/h. A velocidade máxima é de 209km/h, num automóvel que tem um peso total de 2280kg.

Mas aqui existiram igualmente mudanças, bastante importantes, diga-se.

A capacidade bruta da bateria aumentou, passando dos 17,1kWh para os 19,2kWh, o que, segundo a marca, lhe permite alcançar 64km de autonomia elétrica.

Vamos começar precisamente por aí. Não alcançámos esse valor, mas não ficámos muito longe. Conseguimos 56km, com ar condicionado ligado, o que já é uma boa ajuda para conseguir chegar a um consumo, nos primeiros 100km de 3,6l/100km. E sim, em circuito misto, com mais de 40km feitos em autoestrada.

Nestes quilómetros foi rapidamente perceptível a capacidade de rolar deste Range Rover, sem problemas em acumular quilómetros com elevado conforto, tanto graças a uma suspensão bem afinada e que não exibe demasiadas oscilações que poderiam ser esperadas pelo elevado peso e até das dimensões, assim como pelo bom isolamento acústico.

Após esses 100km, altura para testar o consumo sem carga. Aqui, o valor pode rondar entre os 8l e os 10l, dependendo do percurso efetuado. Portanto podemos contar com uma média de 9l/100km, o que não é demasiado negativo para um SUV de 404cv de potência e mais de duas toneladas.

Mas com o modo Dinâmico selecionado (um dos três disponíveis para além do Conforto e ECO), o Velar demonstra ter alguma aptidão dinâmica, ainda que menos do que alguns dos seus rivais, mas mais do que esperaríamos num Range Rover com mecânica híbrida plug-in.  Aqui existe um compromisso com o conforto, algo que não sentimos falta durante os percursos feitos durante este teste.

Por ser um Range Rover, é “obrigatório” fazer com que as rodas abandonem o alcatrão e optem por caminhos fora de estrada, com uma ampla gama de ajudas e elementos dedicados a esse tipo de incursões. Na verdade, é mais provável que tenhamos receio de “magoar” o Velar, do que encontrar um desafio difícil (mas lógico) de ultrapassar. A capacidade de arrancar em pisos difíceis conta mesmo com um modo próprio, assim como assistente de descidas mais íngremes.

Depois de voltar a casa e de partir para a conclusão, importa referir mais um importante melhoramento feito ao Range Rover Velar, com a hipótese de poder recarregar agora até aos 50kW de potência, o que permite um carregamento bem mais rápido em viagem. Em wallbox, a velocidade máxima é de 7kW, demorando 2h30 para carregar totalmente.



 

Conclusão

Disponível desde 86.172€ (unidade ensaiada 112.953€), o Range Rover Velar está perfeitamente colocado entre o Evoque e o Range Rover Sport. Dono de um estilo exterior belo e que dificilmente se poderá não gostar, o interior está agora mais moderno graças ao minimalismo garantido pelo sistema Pivi Pro, ainda que ligeiramente menos ergonómico. Ainda no interior, encontramos conforto e espaço. Já na tarefa de condução a suavidade e conforto são os seus principais argumentos, com o sistema híbrido a estar agora mais eficiente e, ainda que não seja a referência do seu segmento, consegue oferecer valores aceitáveis.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!