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Teste ao renovado DS 7 na versão mais desportiva E-Tense 4×4 360

Teste ao renovado DS 7 na versão mais desportiva E-Tense 4×4 360
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“Mais que especial”

 

O DS 7 foi renovado e isso pode ser logo observado no seu nome, que deixou “cair” o sufixo Crossback. Na altura do lançamento, em 2017, este foi o primeiro DS feito a partir de uma “folha em branco”, marcando o início de uma nova era para a marca premium do antigo grupo PSA. Sim, tanto mudou desde 2017, que a PSA “juntou-se” com a FCA, transformando-se na gigante Stellantis.

Nesta renovação do modelo, para além da estética aprimorada e da tecnologia a bordo melhorada, existe agora uma nova versão de topo E-Tense 4×4 com 360cv, tendo sido precisamente essa a que elegemos para o primeiro contacto com o renovado SUV de segmento D da marca premium francesa.

Começamos obviamente pela sua estética, que é exatamente onde mais notamos as alterações feitas a este modelo francês. As mais visíveis estão na sua dianteira, que adota agora uma nova grelha redesenhada e com novos elementos, assim como os faróis, que são agora mais estreitos e contam com as luzes diurnas DS Veil abaixo, mais em linha com as que encontramos no mais recente DS 4, lançado em 2021.

Para além disso, contamos com novas jantes nas várias versões do DS 7, nomeadamente estas Brooklyn de 21’’ envoltas em pneus Michelin Pilot Sport 4S 245/35 ZR21, exclusivas desta versão mais potente do SUV da DS. E sim, para além de prometerem muito no capítulo dinâmico, fazem muito pelo seu estilo exterior.

De resto, pouco mudou. A lateral – a não ser as jantes – permaneceu inalterada, com a traseira a contar apenas com ajustes nos farolins que continuam a ter o efeito 3D, assim como a inscrição DS Automobiles no elemento que conecta estes elementos luminosos.

Na verdade, não era necessário mudar mais do que isto, já que o DS 7 continua bastante atual no seu exterior face à sua concorrência, com esta nova versão E-Tense 4×4 360cv a atingir um novo patamar, graças à sua postura mais atlética, conseguida pelas alterações nas suas vias, que são mais largas à frente 24mm e 10mm atrás, para além de uma altura ao solo reduzida em 15mm.



Passando para o interior, a maior diferença vai para o renovado sistema de infotainment DS Iris System, que com 12’’ polegadas, está agora mais rápido no seu funcionamento, mais bem organizado nos seus menus, assim como conta com uma elevada capacidade de personalização, através de widgets. A função Mirror Screen está agora também disponível sem fios.

O restante habitáculo continua a exibir uma boa qualidade, com diversos elementos em pele, assim como superfícies suaves ao toque que oferecem uma sensação verdadeiramente premium a esta proposta. O seu design continua a ser bastante distinto, graças a elementos como os comandos dos vidros ao centro e de novos revestimentos no topo do tablier e das portas. Os bancos em pele, com massagem, aquecimento e arrefecimento, assim como ajuste elétrico e memória, são um bom local para estar sentado durante longas viagens.

Atrás, existe a possibilidade de contar com uma regulação própria da climatização, assim como regulação elétrica do encosto dos bancos, para oferecer um verdadeiro conforto também para quem viaja atrás. No que à bagageira diz respeito, contamos com 555l de capacidade, a mesmo volumetria que encontramos tanto neste E-Tense 4×4 360, como em qualquer outro DS 7.

Mas é o espírito “Grand Tourisme” que mais se destaca neste DS 7 E-Tense 4×4 360. Para além das diferenças estéticas (que são também técnicas) já referidas acima, este é o DS 7 mais potente de sempre e isso é possível graças a um sistema híbrido Plug-in composto por um total de três motores. O motor a gasolina está a cargo do 1.6 PureTech com 200cv, enquanto dois elétricos (um à frente e outro atrás) com 110 e 112cv ajudam a aumentar o nível de potência, assim como garantir a tração às quatro rodas.

Mesmo com um peso total de 1960kg, este DS 7 E-Tense 4×4 360 consegue cumprir a aceleração dos 0 aos 100km/h em apenas 5,6s, o que confirma a sensação dada a quem vai ao volante. A velocidade de ponta é de 235km/h.

Mas nem só de números se mede um automóvel como este, é importante saber como se comporta dinamicamente, algo que é (uma das) prioridades para quem escolhe esta versão mais desportiva. As diferenças feitas no chassis são vastas, que para além do referido aumento das vias e aproximação ao solo, também conta com molas enrijecidas à frente e atrás, enquanto a barra estabilizadora traseira está mais suave na dianteira e mais rija na traseira, o que em conjunto com os pneus Michelin Pilot Sport 4S tornam possível maior velocidade em curva.

E isso é sentido, graças a um bom balanço de carroçaria e um nível elevado de estabilidade e aderência, mantendo sempre um elevado contacto com o asfalto. Esse equilíbrio é bem notório, já que este DS 7 não exibe subviragem em andamento rápido (a não ser que exista um exagero nas nossas reações), o que nos dá confiança. O controlo de tração está igualmente bem “afinado”, já que não entra em cena demasiado cedo. A direção rápida e direta também ajuda a dar confiança extra, mesmo que estejamos a bordo de um SUV de segmento D com quase duas toneladas.



O sistema híbrido trabalha de forma correta mesmo nestes ritmos mais elevados. A nota menos positiva vai apenas para o controlo manual da transmissão de oito relações, através das patilhas montadas (de forma fixa) atrás do volante, que podiam ter melhor toque e que não são muito obedientes, pelo que o melhor é deixar em D com o sistema a gerir de forma correta.

Mesmo com esse peso de quase duas toneladas, a travagem está à altura, com uns generosos discos de 380mm à frente e 290mm atrás a equiparem este E-Tense 4×4 360cv. Para além de uma boa eficácia na mordida inicial, o seu tato é fácil de modular, assim como apresentam uma boa resistência à fadiga.

Mas, e na vida real?

Sim, esta é a outra das prioridades, a de ser um automóvel ideal para a família. Será que este E-Tense 4×4 360 continua a sê-lo?

Em termos de consumos, não é demasiado notório o incremento de 60cv face à versão E-Tense 300 4×4 já conhecida, portanto continuamos a contar com uma proposta suficientemente poupada, se o sistema híbrido plug-in foi bem utilizado. Em termos de autonomia, os 58 km anunciados pela marca não foram atingidos, mas ainda assim foi possível atingir os 48km, com ar condicionado ligado e uma temperatura exterior superior a 34ºc. O que acaba por ser um valor suficiente para muitos nas suas viagens do dia-a-dia.

Os primeiros 100km (partindo com a carga a 100%) apresentaram um consumo de 4,6l/100km. Quando a bateria fica a 0%, os restantes 100km, em circuito misto, rondam os 7 a 8l/100km, o que é justo para um SUV destas dimensões e com pretensões dinâmicas como as que este E-Tense 4×4 360 pode ter (e efetivamente tem).

No entanto, as jantes de 21’’ polegadas são as maiores culpadas no desafio da “vida real”, já que graças a uma “parede” de pneu de muito baixo perfil, necessitam de alguma atenção para ver onde as colocamos. E mesmo que este DS 7 conte com o sistema DS Active Scan Suspension, um sistema de amortecimento controlado por câmaras, que ajusta o amortecimento de cada roda de forma independente, não consegue fazer milagres em piso mais degradado, fazendo com que os passageiros “sacudam” um pouco mais do que seria ideal.

Posto isto, devo escolher esta versão?

É uma questão interessante. Analisar os preços ajuda nisso. Esta versão La Première esteve apenas disponível no seu lançamento, portanto utilizando a versão Rivoli para comparação (já que conta com a versão de 300 e 360, ambas com tração às quatro rodas), contamos com uma diferença de 4300€ entre elas.

Esse valor extra oferece-nos 60cv “extra”, um sistema de travagem evoluído, bem como as jantes de 21’’ polegadas e uma suspensão afinada para debater da melhor forma uma estrada retorcida. Algo apetecível caso o alto desempenho (e exclusividade) seja algo que procura. Basicamente é o DS 7 mais emocional.

Porém, se preferir um melhor equilíbrio, o E-Tense 4×4 de 300cv é uma escolha mais acertada, contando já com um nível de performance elevada que, embora não seja capaz de fazer passagens em curva tão rápidas quanto este de 360cv, cumpre melhor como um “all-rounder”, algo que um SUV deve ser.

De qualquer maneira e em jeito de conclusão, o DS 7 E-Tense 4×4 360 merece sempre a nossa atenção, com a DS a mostrar do que pode ser capaz quando os seus engenheiros da DS Performance se “juntam à festa”.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!