
“Tradicional forma de conforto”
Para a Citroën, a oferta de conforto não é uma opção, mas sim algo que a marca gaulesa pretende disponibilizar de série em todos os seus modelos, com o Citroën C4 a não ser uma excepção, não só em conforto de rolamento, mas igualmente em soluções interiores que pretendem tornar a vida dos ocupantes mais facilitada.
Assim, a marca reforçou este modelo com uma nova silhueta de três volumes, de forma a oferecer uma superior habitabilidade, aqui em teste na versão elétrica ë-C4 X de 100kW.
Esteticamente, o ë-C4 X é um automóvel onde as diferenças são notórias apenas do pilar B para trás, com uma imagem mais clássica, ainda que não esconda a inspiração vinda dos SUV, que caracteriza esta terceira geração do Citroën C4.
Assim, pegando na fita métrica, constatamos um aumento de dimensões exteriores, com esta variante a medir mais 240mm que a silhueta que já conhecíamos, ainda que nada mude em termos de distância entre eixos. A parte traseira, conta com um terceiro volume, ainda que algo dissimulado por uma forma suave, querendo conferir-lhe até um certo estilo coupé.
Essa secção traseira será igualmente, para muitos, mais consensual, com um desenho mais sóbrio, ainda que conte com um estilo em linha com o resto da proposta francesa, mais moderno e diferenciado, mas igualmente mais “clean” devido à matrícula ter passado para uma posição mais inferior, no para-choques.
O portão da bagageira abre como num sedan, ou seja, com um portão separado do vidro traseiro, o que prejudica ligeiramente o acesso a volumes de maiores dimensões, mas, por outro lado, dá-nos acesso a uma bagageira bastante mais espaçosa que o “normal” C4. São 510l de capacidade, contra 380l da versão de cinco portas.
Passando para o interior, o Citroen ë-C4 X não difere do ë C4 que já conhecemos, contando por isso com um habitáculo organizado de forma lógica, ergonómico graças a elementos como os comandos de climatização físicos, assim como uma fácil leitura do painel de instrumentos. Ainda no interior, importa ressalvar o grande cuidado na disposição de espaços de arrumação, nomeadamente no duplo porta-luvas, assim como suporte para um tablet para o passageiro, ótima companhia para longas viagens.
Em termos de materiais, o Citroen ë-C4 X não está no topo do seu segmento, mas não compromete. Na dianteira, os materiais no topo do tablier apresentam um toque agradável, com a dureza dos plásticos a surgir quando vamos descendo para zonas de menos contacto, ou nos lugares traseiros, com as portas a contarem com plástico duro. No entanto, a montagem não apresenta falhas.
Também atrás encontramos um amplo espaço habitável, não havendo lugar a criticas, algo que já tínhamos constatado na versão de cinco portas. Existe ainda uma saída de ventilação dedicada para quem viaja atrás, assim como um apoio de braços central.
Passando para a condução, a sensação de calma e tranquilidade é nos garantida pelo seu motor elétrico, mas não só.
A verdadeira filosofia deste ë-C4 X é a do conforto, com a suspensão (que incluí os famosos batentes hidráulicos progressivos) a filtrar muito bem as irregularidades, mesmo que isso o torne numa proposta onde a dinâmica não seja um objetivo. A Citroën preferiu que este automóvel fosse uma proposta familiar, que agradasse a todos os ocupantes e não apenas ao condutor. Ainda assim, o seu comportamento é seguro e previsível na maioria das situações.
O ë-C4 X está agora disponível em dois níveis de potência, com 100kW (136cv), a que esteve em teste e 115kW (156cv). Em termos de bateria, a versão menos potente conta com 50kW de capacidade, enquanto a mais potente conta com 54kW.
Em andamento, estes 136cv e 260Nm sentem-se suficientes, que não sendo tão explosivos quanto outras propostas, oferecendo mais suavidade, proporcionam um bom patamar de poupança a este conjunto. No entanto, o tato de travão poderia ser mais regular.
Sim, o Citroën ë-C4 X revelou-se comedido nos seus consumos, com um valor médio de 15,6kWh/100km, num percurso misto, o que significa que não atingirá os 360km de autonomia anunciados, mas sim por volta dos 300km.
Para “repor energias”, o carregamento pode ser feito em corrente continua, até aos 100kW, o que garante 0 aos 80% em apenas 30 minutos. Em casa (ou no trabalho), numa Wallbox, a potência máxima aceite é de 11kW.
O modo de regeneração mais forte é possível de ser feito através de uma pequena tecla B, no seletor de marcha, ainda que não funcione como um “one pedal”.
Resta ainda ressalvar o facto de para além desta ser uma proposta confortável e poupada, existem ainda vários elementos de ajuda à condução, onde não falta o cruise-control ativo, travagem automática ou o assistente de ângulo morto.
Quanto a preços, a gama ë-C4 X inicia-se nos 40.735€. Na versão Max, a diferença entre a variante 136 e 156cv é de 3540€, um valor que para além de contar com mais potência (e mais algum equipamento), aumenta ainda a sua autonomia em quase 60km, pelo que valerá a diferença se procurar uma solução mais polivalente.
A novidade é que a Citroën atualizou a gama do modelo e passou a oferecer variantes térmicas, com o 1.5 BlueHDi (Diesel) e 1.2 PureTech (Gasolina), que poderá aumentar a fatia de vendas do modelo, algo que inicialmente não estava previsto.
Assim, a inclusão desta nova variante do C4 pode fazer muito sentido para quem procura uma proposta mais familiar, sem ter que que “dar o salto” para os C5X e C5 Aircross, modelos mais dispendiosos e que não contam com versões puramente elétricas como é o caso do ë-C4 X.
A sua filosofia confortável, habitáculo espaçoso e um interior bem organizado podem agradar, enquanto a variante elétrica, embora não tão potente quanto alguns dos seus concorrentes, oferece um consumo comedido.