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Levei o Citroën Ami para fora da sua “zona de conforto”

Levei o Citroën Ami para fora da sua “zona de conforto”
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“Caixa mágica”

 

Depois de o descobrir no seu habitat natural, a cidade, foi a vez de voltar a ter a companhia do Citroën Ami, desta vez por uns dias e completamente fora da sua zona de conforto.

Pois é, aqui está ele. O Citroën Ami está em ensaio, como os “grandes”. Este objeto de mobilidade criado pela marca francesa pretende ser uma solução nas grandes cidades, com uma energia limpa, assim como uma agilidade difícil de bater por algo com quatro rodas. Os principais rivais deste Ami são as scooters, as trotinetes ou mesmo as bicicletas elétricas que estão cada vez mais capazes.

Mas este Citroën tem truques na manga: como é o caso da proteção contra os elementos, assim como a possibilidade de levar dois passageiros sem qualquer problema e de forma engenhosa, numa “caixa mágica”, que é compacta por fora, mas impressionantemente espaçosa por dentro.

No seu exterior, a fita métrica pode ser curta, já que o comprimento é de apenas 2,41m, com uma largura inferior a 1,50m e uma altura que fica nos mesmos valores, verdadeiramente compacto com uma construção que nem os dinamarqueses da Lego se lembraram. Isto porque, basicamente, cá fora o Ami conta apenas com 4 diferentes peças.

Não fiquem confusos, a peça da dianteira é a mesma que reveste a traseira, a lateral é igual tanto à frente quanto atrás e a porta esquerda é igual à porta direita, o que obriga (e ainda bem) a uma abertura assimétrica, que lhe dá ainda “mais pinta” e, de caminho, um melhor acesso.



No seu interior encontramos um habitáculo simplista, mas com tudo o que é necessário para ir do “ponto A ao ponto B”. Dois assentos, onde só o do condutor é regulável, um volante de três raios e dimensão convencional, assim como um painel de instrumentos com o mais essencial. O tablier conta apenas com três botões – Desembaciamento do vidro dianteiro, ventilação e luzes de emergência – uma porta USB para que os gadgets não fiquem sem bateria, e um muito útil suporte para o smartphone, que é aqui promovido a sistema multimedia.

Mais impressionante que o espaço que este Ami oferece é mesmo a sua visibilidade, com uma visão praticamente desobstruída de ângulos mortos, onde o teto em vidro nos ajuda a liderar os arranques nos semáforos ou a apreciar melhor os pontos de interesse de uma metrópole.

Para as bagagens existe um espaço atrás do banco do condutor, para uma mochila por exemplo, ou então à frente do passageiro o espaço para uma mala de cabine. Bagageira? Não há.

Mas aqui, o plano foi esquecer a metrópole e levar o Citroën Ami para o mesmo elemento onde provo a maioria dos automóveis que trago ao MotorO2, às mesmas ruas e em situações idênticas.

O objetivo era claro: tornar este Citroën no primeiro “Ami Alpinista”, e para isso levei este quadriciclo ao ponto mais alto (onde se pode circular) da Serra da Arrábida, numa espécie de manifestação de capacidades por parte deste pequeno elétrico. Agora, imaginem comigo o que foi subir a serra com 8cv de potência…

Pois bem, claramente este foi um caso de levar uma almofada para uma guerra, mas a verdade é que este “citadino puro” conseguiu atingir esse ponto, como as fotos podem comprovar. O caminho até lá fez-se sem problemas, mas sempre com uma velocidade limitada a 45km/h, assim obriga a legislação para este tipo de automóveis, o que também lhes dá a hipótese de evitar algumas obrigatoriedades e elementos de segurança passiva, o que lhe aumentaria o peso… mas também o preço.

Sim, o Ami tem cintos de segurança. Já os airbags, não constam no seu dicionário, nem muito menos sistemas ativos como estamos agora habituados. De qualquer maneira, se perguntarem a um pai ou mãe qual é a solução que preferem para o seu filho de 16 anos (idade com a qual já se pode conduzir este Ami), entre este Citroën ou uma moto, a resposta é quase óbvia…



O Ami despertou atenção na Serra, com muitas pessoas que o fotografaram, que fizeram perguntas, num “objeto” que não deixa ninguém indiferente, seja qual for a faixa etária.

No final de três dias, foram mais de 170km feitos neste “Mon Ami”, que faz 75km com cada carga completa, que demora 3h a “encher” totalmente, através de uma ficha situada na porta do passageiro.

Se existem erros? Não se pode pedir muito num automóvel que tem os seus preços a começar nos 7.750 euros, mas encontrei três soluções para três problemas que encontrei.

O cabo de carregamento poderia ter um enrolador como o usado na maioria dos aspiradores, em vez de obrigar o seu condutor a guardar tudo de novo para dentro da sua carroçaria plástica. Depois, a Citroën poderia ter equipado o Ami com luzes de máximos, algo que poderá ser fácil de adaptar. Por último, um puxador que pudesse ser usado apenas com um movimento, como por exemplo o Saxo ou o AX contavam, já que estamos a falar de Citroën…

Mas mais uma vez, não se pode pedir muito, porque isso já o Ami faz. Esta é uma solução que poderá conhecer rivais num futuro a médio prazo, já que a ideia é verdadeiramente interessante, não para ir para uma serra fazer fila, mas sim para “furar” as filas nas cidades, de forma silenciosa, limpa… e divertida!

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!