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Especial “a céu aberto”: Juntámos o Mazda MX-5 com o Volkswagen T-Roc Cabrio

Especial “a céu aberto”: Juntámos o Mazda MX-5 com o Volkswagen T-Roc Cabrio
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“A céu aberto, não importa como”

 

No passado mês de Agosto, muitos de nós foram surpreendidos pela notícia de que, na Europa, o VW T-Roc Cabrio tinha vendido (bem) mais do que o Mazda MX-5. Todos sabemos que o MX-5 tem o título de “Roadster mais vendido do mundo”, portanto, ver um SUV, segmento que domina em todos os mercados, ultrapassar agora o mais popular dos automóveis a céu aberto, deixou todos um pouco surpreendidos. Na verdade, isso já tinha acontecido, em igual período do ano passado, de forma ainda mais expressiva.

No entanto, “apanhámos a onda” e juntámos o Volkswagen T-Roc Cabrio R Line com a motorização 1.5 TSI de 150cv, a única disponível para este descapotável em Portugal, e transmissão DSG, com o Mazda MX-5 equipado o motor 1.5 Skyactiv-G de 132cv e transmissão manual, mas aqui na sua inédita variante RF que surgiu nesta geração lançada em 2015.

 

“Histórias bastantes diferentes”

As histórias destes dois modelos não poderiam ser mais distintas.

A do Mazda MX-5 começa muito antes da deste T-Roc Cabrio, ainda aos anos 80, com a Mazda a querer oferecer uma proposta global, inspirada na leveza dos desportivos britânicos dos anos 60. Apresentado em 1989, este modelo já passou a marca dos 30 anos de existência, com mais de um milhão de unidades vendidas. Agora, após quatro gerações, o Mazda MX-5 continua a ser uma referência para todos os que procuram sensações desportivas, aliadas a um baixo peso, sempre a céu aberto. Nesta quarta geração, a introdução da variante RF demostrou a preocupação da marca em adaptar-se ao mercado, comercializando-o em conjunto com a já conhecida ST (Soft top).

Já o Volkswagen T-Roc Cabrio é um automóvel que surge em 2019, 30 anos depois do original MX-5, com uma filosofia arriscada: ser um SUV Cabrio. Arriscada porque este conceito já tinha sido tentado por outras marcas, mas que não conseguiram ter o sucesso que esperavam, ficando (muito) aquém do esperado. Ainda assim, a Volkswagen resolveu basear-se no T-Roc, modelo produzido na Autoeuropa, em Palmela, e que é um verdadeiro sucesso de vendas (liderando atualmente as vendas no segmento dos SUV compactos), para criar o único descapotável, produzido em Osnabrück, continuando assim uma longa tradição de propostas deste género para a marca de Wolfsburgo.



Experiência de condução MX-5

Como a idade ainda é um posto, começamos por conduzir o Mazda MX-5 RF. Aqui os ingredientes são: motor atmosférico montado em posição longitudinal, transmissão manual de seis velocidades e tração traseira, aliado a um baixo peso, que tornam esta receita ideal para muitos dos amantes de automóveis.

O seu habitáculo senta apenas dois passageiros, não é o mais espaçoso, e a sua bagageira (130l) é apenas suficiente para uma utilização de fim de semana. No entanto, esses comprometimentos ficam por aí, já que o Mazda MX-5 consegue oferecer um consumo reduzido e um preço de aquisição não muito exagerado, aliado a uma experiência de condução e envolvência do condutor muito complicada de atingir para valores como os deste modelo.

O seu motor atmosférico é também diferente daqueles com que nos deparamos no mercado, onde os propulsores estão, na sua maioria, auxiliados por turbo. Aqui encontramos um motor 1.5 atmosférico com 132cv que consegue catapultar este MX-5 dos 0 aos 100km/h em pouco mais de 8,6s, até atingir uma velocidade de ponta de 203km/h.

Mas é entre as retas, nas curvas, onde mais nos divertimos ao volante do MX-5. A sua tração traseira permite que as rodas dianteiras estejam mais “livres”, fazendo com que a entrada em curva seja mais rápida, algo igualmente possível graças ao seu baixo peso. É essa mesma entrega de potência às rodas traseiras que permite que a traseira “escorregue” caso pressionemos o pedal do acelerador mais cedo (ou com mais vigor) do que é necessário, aumentando ainda mais a diversão ao volante. O MX-5 é ainda uma escola para muitos, onde se aprende a “domar” um automóvel desportivo, ainda que conte com uma potência comedida.

E, como referido acima, a diversão não é sinónimo de uma (grande) tristeza na hora de ir à “bomba”, já que os consumos são relativamente comedidos, uma vez mais graças ao seu reduzido peso. São possíveis valores pouco acima dos 6l/100km, sem deixar de ter o sorriso estampado no rosto.



Experiência de condução T-Roc Cabrio

Já o T-Roc Cabrio é um automóvel totalmente diferente. Para começar é um cabrio, e não um roadster. O motor recebe um turbo, com o 1.5 TSI de 150cv a contar ainda com um sistema de desativação de cilindros. É subtraído um pedal, contando apenas com dois, graças à transmissão automática de dupla-embraiagem DSG de sete velocidades. Um conjunto ideal, para a filosofia para a qual este Volkswagen foi criado, que tem uma abordagem diferente do seu amigável (e improvável) concorrente japonês.

As viagens, aqui, são para ser partilhadas com mais três ocupantes, uma vez que o T-Roc Cabrio conta com dois lugares traseiros e uma bagageira de maiores dimensões, com 284l de capacidade, melhor para utilização diária e, ainda que o acesso não seja muito fácil, possível de ser aumentada através do rebatimento dos bancos. Esses lugares traseiros são possíveis de serem utilizados por adultos, algo que no passado era difícil de acontecer em cabrios deste segmento.

A capota em lona tem um funcionamento 100% elétrico, demora apenas 9 segundos a abrir (ou fechar) e faz com que seja possível desfrutar da experiência de céu aberto com a família, sem ter de despender um valor muito elevado.

Em termos de experiência de condução, como dissemos, é diferente, embora o T-Roc Cabrio seja um automóvel, ainda assim, envolvente. Nota-se uma menor rigidez de carroçaria, comparativamente com o T-Roc “convencional”, mas é um automóvel muito fácil de conduzir, que transmite uma grande dose de segurança, sem perdermos o conforto e o espaço a bordo desta proposta. O habitáculo foi renovado, conta agora com mais qualidade, onde não sentimos falta de praticamente nada a bordo.

No que diz respeito aos consumos, esses ficaram fixados nos 6,9l/100km, o que não é um valor exagerado, já que este Cabrio é 188kg mais pesado do que um T-Roc equipado com este mesmo motor e transmissão.



Preços e gamas

No que diz respeito às gamas destes dois modelos, o Mazda conta com mais versões (5), embora essas tenham uma organização diferente, sendo já pré-configuradas, não existindo muita hipótese de colocar opcionais. Ao contrário do Volkswagen, que conta com duas versões (Style e R-Line), com a possibilidade de o cliente configurar mais a seu gosto.

O MX-5 tem ainda dois estilos, o ST (soft-top) que começa nos 33.342€, que comparativamente com o RF, revela ser 2.609€ mais barato. No caso do T-Roc Cabrio, a capota em lona é a solução, com os preços a iniciarem-se nos 40.707€ para a versão Style e motor 1.5 TSI com transmissão manual.

Quanto a estas duas unidades, os preços eram distintos desses apresentados acima. O MX-5, na sua edição especial Kizuna, pedia em troca 42.796€, com a pintura metalizada a ser o seu único opcional. Já este T-Roc Cabrio tem um preço de 54.771€, devido a 5.128€ em opcionais, na sua versão R-Line.

 

Conclusão

Embora muito diferentes, com públicos distintos, estas são duas ofertas aspiracionais e inéditas dentro das respetivas marcas. São cada vez mais raras, mas que se destacam das demais, não pelas performances, mas sim pelas sensações oferecidas. O Mazda MX-5 tem cumprido, ao longo dos anos, não estragar a receita que o tornou vencedor, numa indústria em enorme rotação. A sua condução divertida, baixos custos de utilização e um look desportivo contribui em muito para continuar a ser uma das propostas mais apelativas do mercado.

Já o Volkswagen T-Roc Cabrio é igualmente exótico, mas de uma maneira diferente. É uma proposta bastante mais familiar, com outro tipo de preocupações para além da dinâmica de condução. Tem como pontos positivos o espaço a bordo sem (muitos) constrangimentos e uma elevada insonorização com a capota fechada.

No entanto, estas propostas não colidem, embora partilhem o mesmo top de vendas. A nós, só nos resta agradecer que este tipo de soluções continuem presentes no nosso mercado, oferecendo uma experiência diferente ao condutor e seus passageiros… ou passageiro.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!