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Ensaio by MotorO2 – Smart Forfour

Ensaio by MotorO2 – Smart Forfour
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“Elixir da Juventude”

É difícil um modelo permanecer igual a si próprio. Neste mercado automóvel sempre em constante evolução, diria mesmo que se torna quase impossível. No entanto, ainda existem alguns exemplos de resistentes, os que lutam pela diferença, pela sua originalidade e legado. Muitos são jipes puros e duros que marcaram o seu lugar na história, mas o exemplo que vos trago hoje vem do espectro oposto do mundo automóvel. Sempre igual a si próprio, este nasceu no seio de uma jovem marca de automóveis que veio revolucionar o transporte urbano, a Smart.

São pequenos citadinos, irreverentes por natureza e a diferença é com eles. Monotonia, nem vê-la!

Como referi, a Smart é das mais jovens marcas do nosso parque automóvel, já que estes pequenos citadinos surgiram em alguns países europeus apenas em 1998, fruto de uma colaboração entre a Daimler e a marca de relógios Swatch, assinada em 1994. Aliança essa que deu também origem ao seu nome, acrónimo de Swatch, Mercedes e ART.

Ao longo destes quase 18 anos, já rolaram para fora das linhas de montagem mais de 1,5 milhões de Smart, nas várias configurações que entretanto foram surgindo. Mas as duas mais mais famosas e populares, são também as actuais: Fortwo e Forfour. E o nome aqui diz tudo, se quer um Smart para dois escolhe o pequeno Fortwo, se quer mais dois lugares para partilhar as suas voltas, o Forfour é a escolha a tomar.

Como estamos mais habituados a partilhar e a ter mais de dois lugares, o Forfour foi o ideal para começar a minha “lide” com estes pequenos automóveis. Mas antes de o ter comigo como companheiro de aventuras citadinas e extra-citadinas, falei com vários proprietários de Smart, das mais diferentes gerações, para saber o que mais gostavam nos seus veículos e o que os levou a comprar um. Tudo isto para saber se a essência continuava lá nesta terceira geração, a segunda do Forfour.

Vamos descobrindo os resultados enquanto analisamos o modelo.

O Forfour esperava-me num gelado dia de sol, revestido numa cor prateada que nada tem a ver com o espírito jovial do modelo, mas que ao mesmo tempo lhe conferia um ar mais “crescido” (o que realmente é) e masculino.  A já conhecida célula tridion e as jantes em preto contrastam com o resto da carroçaria. Ao contrário da primeira geração, este Forfour tem por base o Fortwo, ao qual foi adicionado uma porta e mais uns centímetros, o que lhe confere um ar de família mais convincente.

A frente é obviamente curta, mas já tem espaço para um pequeno capot, que lhe confere um ar mais robusto. A grelha com um design orgânico ostenta o símbolo da marca, agora de maiores dimensões e os faróis possuem agora um estilo mais quadrado. Nestes podemos encontrar também as obrigatórias luzes diurnas LED que conferem um ar mais high-tech e que conferem uma assinatura luminosa ao Smart.

O seu perfil esticado esconde vários detalhes, onde um dos mais notórios são os vincos côncavos que surgem entre os puxadores e a célula de segurança de cor negra, que “grita em plenos pulmões” que este é mesmo um Smart. As rodas estão bem nas extremidades da carroçaria, o que dá para fazer uma coisa bem engraçada que vos explicarei mais a frente, enquanto por trás da porta traseira surge um elemento que vem desde a primeira geração do Fortwo, a entrada de ar para o motor.

A traseira surge com o envolvimento da tal célula nos farolins traseiros, também aqui com design a puxar para o quadrado.  A traseira é uma área bem conseguida, com o portão da bagageira a assumir um ar limpo devido à chapa de matricula ter passado para o para-choques, o que em conjunto com a superfície vidrada diminuta, lhe conferem, tal como na frente, um ar robusto.

Mas é entrando no Smart que entendi o que um desses proprietários que vos falei mais atrás me disse:

-“Aquilo é pequeno por fora, mas é espaçoso por dentro e cheio de detalhes…”

Assim constatei, entramos no Smart e o habitáculo tem um aspecto despreocupado e livre, em que podemos descontrair e sentir que o simples por vezes é tudo. O branco é a cor predominante, já que envolve toda a consola central e manómetros, bem como as portas com os seus altifalantes “sui generis” e pelas pegas que se juntam harmoniosamente com os mesmos.

Outra característica que vem desde o primeiro Smart é o material que cobre a parte superior do tablier. Este tecido remete-nos aos primórdios do modelo mais pequeno da Europa, bem com as saídas de ventilação redondas.

Já sentados, os bancos conferem uma posição de condução elevada, garantindo assim uma boa visibilidade. Estes contam com os encostos de cabeça integrados e oferecem o apoio necessário para as rotas citadinas, enquanto o volante em pele tem dimensões correctas e uma pega excelente. Aqui achei mesmo que era um dos melhores volantes que já tive a oportunidade de experimentar. O equipamento desta versão Passion tem tudo o que podemos necessitar e ainda dois elementos que já não conseguimos viver sem eles, o sistema Bluetooth passível de conectar o telefone para as chamadas ou para ouvir as nossas musicas e ainda o cruise-control com limitador de velocidade.

Mas este Smart Forfour tem uma novidade, que é a caixa Twinamic que trabalha em conjunto com o motor menos potente, o “mil” de 71cv (existe outro turbo com 91cv). Esta transmissão é um opcional de 1000€ para quem não quer optar pela a caixa manual de 5 velocidade, que por si só, é uma novidade absoluta nos Smart.

Esta transmissão de dupla embraiagem com seis velocidades, torna a condução em cidade ainda mais fácil que em qualquer outro automóvel, ainda para mais juntamente com a condução já de si leve do Smart. E aqui lembrei-me de outra pessoa que me falou do seu Smart:

-“Apenas não gosto da caixa que demora muito a reagir e não é suave…”

Pois, isso é coisa do passado, já que esta Twinamic é rápida e bastante suave, com muito poucas hesitações. Tem dois modos de utilização, o ECO que muda de relação a rotações mais baixas, e o Sport, altura em que o motor de 71cv “estica” mais cada mudança para uma melhor resposta. Ainda se pode usar as patilhas por detrás do volante para um maior controlo.

Começo a entranhar (rapidamente) nas ruas da cidade de Lisboa. O frio está a passar, decido abrir a capota deste Forfour e o sol começa a entrar no habitáculo. E eu consigo encaixar mesmo pelas mais pequenas ruas lisboetas, aventuro-me e constato o raio de viragem quase anedótico do Forfour, parecendo quase que roda sobre a sua traseira, são apenas 8,65m de passeio a passeio!

Altura de ir buscar umas amigas, e aqui respiro de alivio e penso para mim que ainda bem que optei pelo Forfour, já que assim dou-lhes boleia a elas e às suas malas. Tudo cabe dentro do pequeno Smart, os 190l de capacidade ficam cheios, mas seguimos caminho, de capota aberta.

É já à saída da ponte que constato que este motor de 71cv é mais talhado para as estradas citadinas, em auto-estrada começa a ficar algo curto, mas aposto que os 90cv turbo do propulsor mais potente devem chegar bem para as encomendas. Aqui as ultrapassagens tem de ser bem calculadas, mas a transmissão Twinamic facilita, fazendo com que o motor se mantenha na sua melhor faixa de utilização.

Chego ao destino e é altura de tirar umas fotos. Aqui a cidade já é mais calma, saio e olho para o Forfour, a pensar para comigo que seria um excelente companheiro para quem circula maioritariamente em cidade, mas precisa de dois lugares adicionais, que o Fortwo não oferece. E ainda existe outra faceta do Smart que senti nos dias que andei com ele. A sensação de pertencer a um clube. É quase como um estilo de vida, não sei se por ser diferente, mas sentimos algo que não sentimos em muitos outros automóveis. Tento explicar numa próxima, mas entendi o porquê dos seus proprietários serem tão defensores destes pequenos modelos. O Forfour não tem muitos pontos que lhe possa falar mal, talvez o preço? Não está muito fora do normal. O consumo? Acredito que usando menos as patilhas esse possa diminuir um bom bocado, é que sabe bem circular rápido dentro da cidade, vingando-me dos outros dias…

Smart Forfour Passion 71cv Twinamic

Especificações:

Potência –71cv às 6000rpm
Binário – 91Nm às 2850rpm
Consumo Anunciado (Medido) – 4,2 l/100km (6,2l/100km)

Preços:
Smart Forfour desde desde: 11.944
Preço da versão ensaiada: 16.745
 €

Texto: Rodrigo Hernandez
Fotos: Rodrigo Hernandez

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!