“Sete estrelas”
Passaram 35 anos desde que a Renault Espace foi apresentada à imprensa. Era, na altura, o primeiro automóvel deste tipo a ser produzido, e a conquistar clientes, no mercado europeu. Uma jogada arriscada, que dois dos seus “eternos” concorrentes recusaram, dando de “mão beijada” à marca de Billancourt.
Desde aí, surgiram mais quatro gerações de Renault Espace, sendo esta 5ª geração, que saiu quando o modelo comemorava o seu 30º aniversário, aquela que mais se transfigurou de uma geração para a outra. Isto porque a Renault entendeu que não seria muito lógico lançar mais um monovolume “puro e duro” quando os SUV se mostravam cada vez mais importantes no mercado.
Jogada certa mas, ainda assim, a Espace parece querer inaugurar um novo segmento, já que não é um verdadeiro SUV, nem se pode tratar como um monovolume puro, mas que de qualquer maneira tem o seu devido ‘pedigree’.
No exterior temos uma aparência bem mais cativante do que a geração que veio substituir. Lançada em 2014, a Renault Espace espera receber em breve o seu restyling de meia idade, embora ainda não se mostre “envelhecida”. Para ser sincero, a sua silhueta faz-me lembrar a de um “comboio-bala”, com a frente curta e bastante inclinada, num automóvel longo com teto baixo e traseira plana.
Mas com mais detalhe podemos ver elementos como a sua ampla superfície vidrada (herança desde a primeira geração), que confere uma boa visibilidade e luminosidade no habitáculo. As generosas vias são outro dos elementos de destaque, e é aqui que assume um pouco o papel de SUV, enquanto a traseira é uma outra área onde a Espace se mostra futurista, com um desenho mais irreverente dos grupos óticos com elementos LED. Sim, este “monovolume/SUV” ganha aos pontos no estilo.
Se no exterior as semelhanças com um “comboio-bala” (para mim) são evidentes, já o interior ganha mais parecenças ao mundo aeronáutico.
Um interior futurista, e que é também uma das melhores criações da marca francesa. Aqui, neste “cockpit”, a primeira sensação que temos é a de espaço, graças à tal superfície vidrada que falei no exterior, ainda mais se contarmos com o opcional teto de abrir panorâmico. O tablier conta com materiais mais cuidados, com muita pele nas secções superiores, assim como plásticos mais moles e forros macios. A consola central longa conta com o elemento mais aeronáutico de todos, a “manche” da caixa de velocidades, uma EDC de 6 velocidades.
O equipamento de série nesta versão Intiale Paris é mais do que suficiente, mas se não for, as massagens nos bancos dianteiros, que também são elétricos, aquecidos e arrefecidos, ar condicionado tri-zona ou o amortecimento pilotado tratam disso. A lista de opcionais conta ainda com sistema de entretenimento para os lugares traseiros. O conforto a bordo é algo que nunca é “beliscado”, e isso é conseguido também graças a elementos mais “normais” como arrumações a bordo, cortinas nas janelas laterais, ou vários pontos de carregamento USB.
Quanto ao espaço a bordo, a Espace oferece na sua segunda fila três assentos independentes e a contarem com ajustes longitudinais e em inclinação, assim como encostos de cabeça especiais para um conforto extra. Os dois lugares traseiros são opcionais, mas têm um “truque”.
Ora vejamos, esta Espace com apenas cinco lugares, “atira-se” para os 71.436€, mas assim que colocamos o opcional de 1.200€ destes dois lugares extra, o preço… desce para os 62.376€!
Isto é possível porque o ISV baixa para esta versão dCi.
Portanto, Renault Espace dCi é mesmo para ser de 7 lugares!
Esses dois lugares extra até são utilizáveis, ainda que (obviamente) não sejam tão confortáveis como os outros cinco. A bagageira varia entre os 719L com os cinco lugares na posição mais “relaxada”, e os 247L com os sete lugares “no ativo”.
Mas, sem mais demoras, passemos para a condução, porque é graças ao motor que anima esta unidade que voltámos ao volante da Renault Espace.
A proposta diesel foi revista, com o 1.6 dCi de 160cv a deixar de estar disponível nesta versão, passando o lugar do diesel a ser tomado por um mais capaz 2.0 BluedCi de 200cv. Portanto, um maior “pulmão” e uma superior potência. Comparativamente à versão antecedente, para além dos 40cv extra, o binário também aumentou em 400Nm, fazendo com que as prestações melhorassem, ficando agora a aceleração até aos 100km/h em apenas 9,1s e a velocidade máxima a ficar nos 215km/h.
Na prática isso é bem notório, com este motor a estar mais disponível, e em superior uníssono com a transmissão de seis velocidades. A sua suavidade é um dos maiores trunfos, assim como os consumos, que mesmo ficando acima dos 5,4l/100km anunciados, são bom registo para um automóvel que pode transportar sete passageiros, e que acusa na balança quase 1900kg.
Falar dinamicamente de um monovolume com quase cinco metros seria algo redundante, contudo, a Renault Espace merece ter aqui um destaque devido ao sistema 4Control, que a reduzida velocidade vira as rodas do eixo traseiro, para o lado contrário das do eixo dianteiro, de forma a torná-la mais ágil. Passando a mais altas velocidades, as rodas do eixo traseiro viram na mesma direção das da frente, de forma a dar uma superior sensação de aderência. Eficaz? Sem dúvida.
Portanto, no final foi bom redescobrir a Espace, e comprovar que a Renault estava certa quando preferiu revolucionar, em vez de ficar “presa” ao formato monovolume que ajudou a criar. O ambiente a bordo é agradável e espaçoso, assim como confortável. Só o sistema de infotenimento R-Link2 revelou ser, por vezes, algo confuso. De resto, a Espace melhorou, e este motor dCi de 200cv é um grande salto de performance face ao dCi de 160cv, que continua disponível na versão Zen.
Renault Espace Initiale Paris 2.0 BluedCi 200 EDC 7 Lugares
Especificações:
Potência– 200cv às 3500rpm
Binário – 400Nm às 1750rpm
Aceleração do 0-100 (oficial): 9,1s
Velocidade Máxima (oficial): 215km/h
Consumo anunciado (WLTP) – 5,4l/100km
Consumo medido – 6,7l/100km
Preços:
Gama Espace desde: 47.690€
Versão ensaiada: 68.667€
Unidade testada: 62.657€
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