Home Carburadores Estamos a assistir à ‘extinção’ dos três portas, e a culpa é vossa!

Estamos a assistir à ‘extinção’ dos três portas, e a culpa é vossa!

Estamos a assistir à ‘extinção’ dos três portas, e a culpa é vossa!
0
0

“Escolhas que saem caras”

 

A indústria automóvel é um verdadeiro “Mundo” que move biliões de euros/ano, em que o principal objetivo é agradar o cliente final, mas também conseguir a maior fatia de lucro possível para o fabricante.

Se há algo que ouço várias vezes ao longo do ano é: “pena não haver em três portas”.

Meus caros amigos, vamos lá ver, estamos a assistir a uma verdadeira extinção de modelos de três portas, e a culpa é… vossa. Não digo que todos os que estão a ler isto fossem fazer isso, mas muitos dos que acham mais bonito uma variante “três portas” de um modelo, são capazes de ser os mesmos que acabam a sair do concessionário ao volante do mesmo modelo, mas com cinco.

E isso, é o que as marcas mais querem.

Sabem quando é que pensei mesmo nisto? Foi agora no lançamento do novo Audi A3, que tem um nome à frente: Sportback.

Sim, o A3, o modelo que originalmente foi lançado em 1997 com três portas, tendo depois evoluído para uma opção de cinco portas, viu o seu aspecto original ser extinguido. O mesmo aconteceu com o Volkswagen Golf, para não falar também do seu primo espanhol, o muito elegante SEAT Leon SC, que se distanciava do modelo mais “familiar”.

Sim, muitas vezes o modelo três portas era diferente em vários aspetos, contando com detalhes diferentes. Por exemplo do anterior BMW Série 1 (F21), que ainda contava tracção traseira, a variante de 3 portas contava com portas sem moldura, algo que o modelo “convencional” não pode oferecer. A nova geração já não conta com outra opção a não ser as cinco portas. Sabem o que isso dá às marcas?

Lucro. Obviamente.

Fui investigar levemente sobre este assunto, e segundo a JATO, o mercado continua a crescer, mas o público está agora mais “racional” e preocupado com questões como o espaço ou praticabilidade. E sim, nesse último ponto, as portas extra atrás dão jeito, para quem realmente as usa. Os consumidores Europeus pensam agora mais nesse conforto, do que propriamente no design. Esse, passou para segundo plano. É também muito desse balanço que tem ajudado ao crescimento exponencial dos SUV.

Sim, os SUV “estranhamente” ajudaram a matar os modelos de três portas.
Isto porque o “racional” venceu ao “emocional”.

Vamos a números, e voltando a 2016 onde ainda havia alguma escolha, dos 7,3 milhões de automóveis vendidos, apenas 900.000 eram três portas. No segmento B as três portas significavam 13% das vendas, e o segmento C apenas 5%!

Mas os citadinos ainda contavam com 32% das suas vendas em 2016, e agora, como será o futuro?

Negro também. O único modelo vendido exclusivamente em três portas, e que é um verdadeiro sucesso, mesmo passados mais de dez anos de mercado, é o FIAT 500. De resto, a Peugeot revelou que o seu 108 passará a ser oferecido apenas em cinco portas, o mesmo acontece com o Citroen C1, e o Toyota Aygo. Basta irem aos configuradores. Já nem têm essa opção.

O Kia Picanto já não tem essa variante desde o lançamento da nova geração. Sim, a anterior havia em três portas.

Salva-se, por exemplo, o Volkswagen UP!, que ainda oferece o GTi com três portas.

A “bola de neve” adensa-se: há menos escolha, há menos vendas; há menos vendas, há menos hipótese das marcas vos oferecerem isso. Por favor, se estiverem compradores e gostarem de automóveis de três portas, comprem-nos. Façam esse favor a vocês, e a todos nós.

Lembrem-se que até já houve Toyota Auris com três portas e até a primeira geração do Peugeot 308 contava com essa variante. Lembram-se de terem visto algum?

Pensem no Clio RS, que tanto criticaram, e que passou a estar disponível apenas com cinco portas, do Ibiza que não voltou a ter as três portas, e que fez tantos jovens suspirar.

Vá lá, ainda há hipóteses. A Ford, por exemplo, ainda oferece o Fiesta em três ou cinco portas, portanto, se o design ainda importa para vocês, façam a vossa parte.


Fiquem com alguns dos “três portas” que deixaram de ter sucessor:

 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!