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Uma semana com o Mazda MX-30

Uma semana com o Mazda MX-30
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Este é um ensaio em tempo real, atualizado diariamente, ou quando necessário. Vamos partilhar como é conviver durante uma semana com o Mazda MX-30, o primeiro 100% elétrico da marca japonesa.

 

Dia 1 – Km 178,2

Aqui está ele, o Mazda MX-30 Advantage, que vão acompanhar durante uma semana. Esta nova versão, lançada um ano após o seu lançamento em território nacional, quer oferecer ao cliente particular e empresarial, uma excelente oferta para quem procura um citadino elétrico. (Sim, citadino, vou dedicar um tempo a falar sobre isso).

Esta é uma versão limitada (e bem equipada), com conteúdos exclusivos, contando com jantes de 18” polegadas de acabamento brilhante, Adaptative LED Headlights, Vidros escurecidos, assim como bancos com regulação elétrica para o condutor e aquecidos à frente, sistema de navegação e uma panóplia de equipamentos de segurança, que certamente falaremos mais à frente, durante esta semana.

Este Mazda MX-30 só pode ser adquirido em uma de duas cores: Machine Grey ou Ceramic (a que está em ensaio). O seu preço, graças a uma campanha de financiamento, consegue colocá-lo no patamar de 25.990€, chave-na-mão.

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 15,9kWh/100km.

 

Dia 1 – Km 223,4

As portas. Estas são um dos motivos pelos quais, quem se cruza connosco, olha de novo para este modelo da Mazda. Se são práticas? Há duas maneiras de ver as coisas.

Poderia dizer que não, caso estivesse habituado a um automóvel de cinco portas, já que estas têm um acesso mais apertado aos lugares traseiros, mas também por obrigarem a fazer abrir a porta da frente (assim como fazer com que o passageiro tire o cinto), para quem vai atrás conseguir sair.

Mas podemos ver da “outra maneira”, que é a de o comparar com um tradicional três portas. E é assim que deverá ser visto. Dessa forma é bem mais fácil de aceder aos lugares traseiros, principalmente caso tenham alguma criança mais pequena ou simplesmente buscar o casaco que mandaram “lá para trás” porque tinham calor quando estavam a conduzir.

São uma herança do RX-8, que a Mazda chamou de “Freestyle” e fez muito bem em trazê-las para aqui. Vocês também podem achar isso porque as coloquei como foto de capa para este artigo…

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,2kWh/100km.

Portas Freestyle, dão-lhe alto “style”

 

Dia 2 – Km 386,6

Depois das portas Freestyle, que suscitam a curiosidade de quem se cruza com este Mazda, a questão seguinte é inevitável: “Qual a autonomia?”

E é com a resposta que alguns podem fugir: 200km em ciclo misto ou 265km em percursos citadinos.

Pois bem, como podem ver, já passaram 386km desde que se iniciou o ensaio a este Mazda MX-30, um automóvel que, tudo indica, não será o único de uma família, mas sim um automóvel que servirá mais para trajetos citadinos ou mais curtos. Segundo a média europeia, um condutor percorre (em média) 48km diariamente.

Gostaria de ter mais autonomia? É claro que sim, é como perguntarem se quero um gelado no verão. Mas também vos posso dizer que não senti falta dessa autonomia. Primeiro porque abordo este automóvel com o espírito que deve ser abordado, obviamente não pensei de imediato levá-lo até à Torre na Serra da Estrela ou a cruzar a península Ibérica.

Graças a esta bateria mais pequena, o Mazda MX-30 consegue antes um peso global mais reduzido, o que melhora a condução (algo que falarei nos próximos dias) assim como os seus consumos, que como podem ver está até abaixo do que a marca indica (19Kwh/100km).

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,2kWh/100km.

 

Dia 2 – Km 432,9

“Dar à patilha” é sinónimo de tocar muito menos nos pedais. Confusos? Passo a explicar. O Mazda MX-30, tal como outras propostas elétricas, conta com patilhas atrás do volante, que em vez de selecionar velocidades (o que não faria sentido, já que só tem uma para a frente e outra para trás) permitem selecionar o nível de recuperação de energia.

Assim, nas voltas diárias, temos momentos em que o toque no travão é algo que não acontece durante largos quilómetros, fazendo-nos, assim, “jogar” com as tais patilhas. Temos cinco posições. Em D contamos com alguma regeneração, existindo 2 níveis abaixo que nos permitem receber mais regeneração, permitindo travar. Depois, no sentido oposto, ou seja, para “deslizar” melhor, existem os dois níveis acima do “D”, que fazem com que exista pouca ou nenhuma regeneração.

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,4kWh/100km.

Aqui não ia a regenerar…

 

Dia 3 – Km 525,7

Nem tudo são rosas. Ora ontem fomos sair, Mazda MX-30 quase cheio, quatro lugares ocupados, por quatro adultos, maiores e vacinados. Já agora, vacinem-se, é importante!

Bem, todos encaixaram dentro do habitáculo do Mazda, mesmo que este não seja o automóvel mais espaçoso “lá atrás”, mas onde não existiram queixas. Bem, até existiram, mas essas vieram de quem eu não esperava, do passageiro do lado. Porquê? – perguntam vocês.

Ora porque o banco, quando é rebatido, para dar melhor acesso aos lugares traseiros (dá para entrar sem o fazer de forma tranquila), não retorna à sua posição original. Ou seja, a posição passara de “confortável” a “engoli um garfo”. Um pequeno detalhe, com uma solução simples que a Mazda deveria ver na altura de renovar este modelo.

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,9kWh/100km.

Dia 3 – Km 595,4

O mais bonito dos detalhes. Se virem a foto abaixo, conseguem ver um detalhe no interior que tem muito significado: a presença de cortiça, seja em grande parte da consola central ou nas pegas das portas dianteiras.

Primeiro, a Mazda resolveu colocar este elemento porque lhe confere uma imagem de maior sustentabilidade ao modelo, já que a cortiça não é proveniente de arvores abatidas e esta, aqui usada no Mazda MX-30, é resultado do excedente de produção de rolhas.

Em segundo, a cortiça aqui presente tem também um significado importante, relativo à fundação da empresa em 1920, na altura como Toyo Cork Kogyo Corporation. “Cork” de rolha, claro está!

Hoje, esta cortiça aqui usada é “Made in Portugal”, diretamente das nossas árvores para o habitáculo deste automóvel japonês.

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 17,0kWh/100km.

Ao centro: A Cortiça aumenta a sensação de sustentabilidade e relembra o passado

 

Dia 4 – Km 756,0

O Nome. Porque é que a Mazda usou o MX nesta proposta elétrica?

A justificação é de que a designação “MX” (Mazda eXperimental) é utilizada em automóveis que desafiam ou criam novos valores, sem restrições. Por exemplo, esse é o caso do MX-5, um automóvel criado sem olhar demasiado a custos, mas também dos coupés MX-3 e MX-6, dos anos 90.

O MX-30 entra então nesse restrito grupo de membros, que usam o prefixo MX para o designar. É o primeiro a não ser roadster ou coupé, mas o certo é que é diferente o suficiente para o merecer. Novos tempos, novas vontades.

Para mostrar melhor as suas formas, resolvi lavar o MX-30 que já precisava, mas também para entrar em 2022 todo bonito. É uma espécie de superstição, tal como aquela da roupa interior azul. Há quem também ateste o depósito, mas neste caso, como é impossível, fica antes a carregar…enquanto eu faço o mesmo, mas à mesa, ao mesmo tempo que o vejo pela janela. Amanhã gastaremos mais kilowatts…

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,9kWh/100km.

Lavadinho para entrar em 2022, pronto a fazer mais quilómetros

 

Dia 5 – Km 756,0

Espaços de arrumação. Este update começa sem o MX-30 se mexer um único centímetro, porque nem é preciso.

Sabem quando chegam ao carro e mais parecem um “polvo” a largar objetos no interior, seja de coisas que traziam nas mãos ou nos bolsos do casaco? Pois bem, existiu aqui uma preocupação com a dotação de espaços de arrumação para tudo isso, mesmo quando parece que temos quatro telefones, seis carteias e setenta e nove máscaras.

A consola central pode assumir uma forma totalmente fechada, oferecendo dois porta copos, ou então usar as suas duas peças em cortiça para as tapar, e criar mais um espaço de arrumação… para mais um smartphone ou uma carteira, ou outra coisa qualquer. Vocês perceberam.

Quanto à bagageira, o local onde podem guardar mais coisas, tem uma capacidade de 341L, ligeiramente abaixo da apresentada por um Mazda3, mas suficiente para uma proposta como esta.

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,9kWh/100km.

Dia 5 – Km 812,9

Porque as curvas são importantes. Ao quinto dia foi dia de fazer um balanço sobre o comportamento dinâmico desta proposta. Sendo um Mazda, a sua dinâmica tem de ser fator de realce. E não é que acaba mesmo por ser? Ainda que à sua maneira…

Ou seja, a marca quis que este não fosse um “elétrico aborrecido”, mas sim uma interpretação moderna de o que um elétrico deve de ser, unindo-se com a diversão de condução, mais convencional nos automóveis a combustão. Desculpem, mas é a verdade.

Assim, a Mazda dotou este MX-30 de todo o tipo de engenhocas, onde nem mesmo o G-Vectoring Control Plus, tendo sido adaptado para a características de um automóvel deste tipo. Para além disso, foi desenvolvido um próprio conceito de pedal motor, adotando uma solução especifica para o modelo, mais aproximado do tradicional pedal do acelerador.

Mas mais importante que tudo isso: é natural. Tem 145cv, o que não é nada de especial no mundo dos elétricos, não vos vai encostar os orgãos vitais ao banco, mas é suficiente. Vai de encontro com o que precisamos, sem exageros. A sua bateria, por ser mais pequena, “desculpa-se” da sua autonomia com um peso inferior, o que melhora também a sua agilidade, assim como a dinâmica do conjunto. É um carro para todos os dias, lembrem-se disso…

Se é o Mazda mais divertido de conduzir? Claro que não! Esse começa por MX e acaba em 5, mas é um dos elétricos mais “normais” de se conduzir, onde um condutor vindo de um automóvel térmico só estranhará a ausência de quebras de andamento, vibrações, assim como do ruído…

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,8kWh/100km.

Um elétrico com o slogan: “Porque conduzir importa”

 

Dia 6 – Km 918,5

As dimensões. É um verdadeiro contra-senso chamar proposta citadina ao Mazda MX-30 e depois colocá-lo com uma dimensão de 4,39m, ou seja, igual à de um CX-30. Para se ter uma noção, o MX-30 é 58cm maior em comprimento que um Mazda2, o mais pequeno modelo da gama.

Mas a justificação pode ser simples. Ser diferente. Essa foi a razão. Se a Mazda oferecesse mais um citadino elétrico, com uma autonomia como a que o MX-30 apresenta, muito possivelmente não estaríamos aqui a falar agora sobre ele. Assim, a marca de Hiroxima aproveitou pra fazer algo diferente, juntando aos seus elementos únicos, o aspeto SUV, que não pára de cativar o público. Foi bem jogado, ainda que um citadino consiga aquele lugar de estacionamento…mas eu não.

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,5kWh/100km.

Dia 6 – Km 965,6

Noite fez-se em dia. Estava em casa, e o relógio batia nas 22:20. E essa é aquela hora ingrata de quando precisas de ir ao supermercado, mas o que fica perto de casa já não está aberto. A solução é o hipermercado, que fica (bem) mais longe, mas que só fecha às 23:00. Aqui é altura para falar do sistema de iluminação do Mazda MX-30, que apresenta de série o sistema de máximos adaptativos, que adapta o feixe de luz consoante o trânsito e as condições de visibilidade.

Graças a isso, a condução noturna torna-se mais simples e com maior nível de segurança. Este equipamento, é de série nesta versão Advantage.

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,5kWh/100km.

Mesmo com uma autonomia mais “curta”, as aventuras também podem ser feitas fora da cidade.

 

Dia 7 – Km 1000,0

Descomplicar as coisas. Gosto da maneira como a Mazda desenhou a instrumentação do MX-30. Três manómetros analógicos, bem, o do meio é digital, mas imita um analógico. Todos são entendidos de forma rápida, sem menus ou sub-menus escondidos. Se nem quiserem olhar para lá, têm o Head-Up Display que até vos mostra a velocidade máxima até onde podem ir…

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,6kWh/100km.

 

Dia 7 – Km 1063,8

O final. Aqui vamos nós, foram mais de 1000km ao volante do primeiro elétrico da Mazda, o MX-30. Faço-vos, assim, um sumário de tudo o que achei.

Primeiro, a andar ao ritmo que andei, o Mazda MX-30 não seria automóvel para mim, ainda que não tenha mudado os meus planos mesmo tendo em conta a sua curta autonomia.

Sim, esse é o seu primeiro “calcanhar de Aquiles”. Dá para viver? Sim, dá. Mas mais 50km, totalizando 250km em ciclo misto, já o faria bem mais polivalente do que é. Depois as suas portas traseiras, são “fixes” e melhoram o acesso face a uma proposta três portas, mas nem sempre tornam simples a entrada (ou a saída).

Sim, um normal SUV de cinco portas seria mais “lógico”, mas agradaria menos ao público. São o ponto mais “agridoce” deste MX-30, compreendo as suas falhas, mas entendo ao mesmo tempo que são elas que também conferem a imagem diferenciada a este Mazda.

O que mais gostei foi o seu interior cuidado, ao nível de uma marca premium, a sua facilidade de utilização, assim como a sua condução ágil, sem cair no exagero de excessos de potência, oferecendo ainda dinamismo sem se tornar desconfortável. O equipamento de série e o seu preço final também são pontos importantes de referir, assim como o seu consumo final, que o torna mais barato “aos cem” que outras propostas, tendo em conta os trajetos que efetuou, com menos percursos citadinos do que o esperado.

A Mazda entrou nos elétricos pela primeira vez. É público que não é o prato que mais gosta, mas fê-lo à sua maneira, com os ingredientes que tão bem sabe colocar nas suas propostas. O feeling está lá!

Consumo apresentado no painel na altura deste update: 16,5kWh/100km.

Um elétrico diferente com pretensões citadinas, qualidade acima da média e um estilo próprio. Este é o Mazda MX-30

 

Para leres o ensaio “tradicional”, clica abaixo:

https://www.motoro2.com/igual-aos-outros-nunca-teste-ao-100-eletrico-mazda-mx-30/

 

 

 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!