Home Ensaios Eficácia Francesa à prova: Renault Mégane R.S. Trophy EDC

Eficácia Francesa à prova: Renault Mégane R.S. Trophy EDC

Eficácia Francesa à prova: Renault Mégane R.S. Trophy EDC
0
0

“Ser ou não ser”

 

O Renault Mégane foi renovado, como puderam ver no ensaio à versão R.S. Line com o motor TCe de 160cv. Para além das boas mais valias que o modelo recebeu com este restyling, a pessoa que vos escreve também ganhou com isso: a oportunidade de voltar a conduzir o Renault Mégane R.S., que foi também ele renovado para enfrentar os Hot-Hatch de segmento C que “fervem” como há muito não se via…

O que mudou? Duas importantes coisas. Primeiro, o Mégane R.S. passa a estar disponível apenas com transmissão EDC; a manual de seis velocidades diz adeus, já que não era tão procurada quanto esta dupla embraiagem. É verdade que se perde essa hipótese de escolha, mas esta EDC explora melhor o motor 1.8 TCe.

A outra diferença está mesmo aí, no seu motor.

Se anteriormente o Trophy oferecia mais 20cv que o Mégane R.S “normal”, que tinha “apenas” 280cv, isso agora já não acontece. Neste momento, qualquer que seja o Renault Mégane R.S. escolhido, qualquer um deles terá 300cv guardados, mas prontos a galopar, debaixo do seu capot.

Portanto, a questão que se faz é: “Vale ou não a pena ser Trophy?”

Para isso temos de ver o que é que os 5.500€ de diferença entre uma versão e outra nos dão, mas que também nos tiram…

O Trophy tem logo uma grande vantagem chamada de diferencial autoblocante mecânico Torsen, que tem como principal tarefa garantir o máximo de tração em todos os momentos. Para além disso, o Trophy conta com o Chassis CUP, bem como amortecedores e suspensão mais rígida, assim como jantes de 19’’ polegadas com acabamentos em vermelho (que felizmente também existem outras, opcionais, de melhor gosto) que escondem um sistema de travagem melhorado. Para além de tudo isso, contamos ainda com um escape “infantil”. Com isto quero dizer que é um escape que vai buscar a criança que temos dentro de nós, e que nos oferece uma linda banda sonora sempre que trocamos de relação.

Mas antes de me alongar mais, deixem-me só explicar o que mudou esteticamente neste Mégane R.S. Trophy. Não demoro muito.

Apenas mudaram os grupos óticos, tanto na frente como na traseira. De resto, as jantes são as mesmas neste Trophy, que continua a contar com o difusor traseiro, que segundo a Renault é inspirado na F1, e que guarda a saída de escape central. Passando para o interior, tal como já tinha falado no Mégane TCe de 160cv, o habitáculo está agora mais atual, com um painel de instrumentos totalmente digital, assim como um novo sistema multimédia bem mais competente.



Diferenças estéticas faladas, seguimos em frente…

A melhor maneira de definir a personalidade deste Mégane R.S. Trophy é: “hiperativo”. Ou seja, é uma proposta que está sempre a dar o máximo, é uma versão mais extrema que procura sempre oferecer o melhor, com um carácter bem vincado. Mas isso tem sempre o seu lado menos positivo.

A suspensão é seca, sim, é. Não esperem massagens relaxantes aqui; só massagens desportivas. Mas é esse o preço a pagar por um automóvel que é extremamente eficaz, com o bom chassis Renault Sport a estar aqui presente, com transições de direção eficazes e rápidas. O sistema 4Control exige sempre alguma habituação, mas depois dessa acontecer torna-o numa solução que dá uma agilidade extra a este desportivo.

A travagem é isenta de falhas, com uma alta resistência à fadiga e com bom tato, suficiente para o 1.8 TCe de 300cv, que tem algum “lag” de turbo, mas que depois de “encher” nos catapulta de forma bem rápida, entregando a potência quase como pisa o asfalto.

Este Mégane R.S. não é um carro complicado de explorar, mas é um carro que exige concentração graças a tudo isso: à sua suspensão mais “hardcore”, à sua direção rápida e a um motor que tem uma entrega de potência mais explosiva quando “acorda totalmente”. A transmissão EDC resolveu os seus problemas de juventude, e é rápida nas passagens e uma boa solução para ter menos uma preocupação em mente quando só se quer ser rápido.



Mas e no resto do tempo?

Pois bem, se o Renault Mégane R.S. Trophy é para ser o único carro, a melhor escolha talvez seja retirar 5.500€ dos 49.600€ e optar pela versão “normal”. É verdade que o diferencial faz maravilhas em encontrar a aderência, mas o conforto é bastante diferente no dia-a-dia, onde as performances passam, de certa forma, para um segundo plano. Estão a perceber porque disse lá em cima que para além de nos dar, também nos tira algumas coisas?

Vejamos desta forma: o Mégane R.S. Trophy é o desportivo puro, que se fosse uma pessoa só queria vencer, treinaria duas vezes por dia e ia a todas as aulas de grupo do seu ginásio. Iria ler todos os rótulos dos alimentos e pesaria tudo antes de cozinhar. O Mégane R.S. é também um desportista, não descuraria a sua forma física, mas viveria mais a vida e não se iria negar a um bom churrasco aos domingos.

É tudo uma questão de escolhas. Se me perguntarem de novo qual preferia para andar os habituais cinco dias de ensaio, eu diria sem hesitar que seria o Trophy; agora se me perguntassem qual queria para todos os dias e todas as horas, a resposta seria o R.S., que tem agora a mesma potência. Se pagasse por ele então, não teria dúvidas.

É um pouco como o resultado que foi dado ao Alpine A110S, mas aqui ainda mais “claro” já que a potência destes Mégane é a mesma…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!