Home Ensaios Teste à Volkswagen Multivan Style 2.0 TDI 150: A “herdeira” da Sharan

Teste à Volkswagen Multivan Style 2.0 TDI 150: A “herdeira” da Sharan

Teste à Volkswagen Multivan Style 2.0 TDI 150: A “herdeira” da Sharan
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“Em (verdadeira) primeira classe”

 

Atualmente, pode ser uma tarefa complicada pensar num automóvel familiar onde viajar por longas distâncias com mais de quatro passageiros, devido à ausência de monovolumes no mercado. Possivelmente lembramo-nos de várias propostas SUV ou automóveis de segmento superior, sobretudo carrinhas.

Mas tudo isso muda se conhecerem uma proposta como esta nova Volkswagen Multivan, o modelo que tem a tarefa de suceder à Caravelle, assim como ser o “sucessor espiritual” da Sharan, o monovolume que saiu do catálogo da marca alemã e que foi fabricado, até há bem pouco tempo, em território nacional. Teste à variante mais longa com motorização diesel de 150cv e transmissão DSG.

Começamos, obviamente, pelo exterior e aqui tenho várias coisas a dizer. Começo por revelar que tenho sempre muito respeito por quem desenha propostas como esta Multivan, não deve ser fácil para um designer conseguir inserir vários códigos estilísticos, num automóvel que tem de ser pensado “de dentro para fora”. Porém, a Volkswagen fê-lo de forma muito bem conseguida. Como dizem os anglófonos: “They Nailed it!”.

Isto porque presta homenagem aos seus antecessores, nomeadamente à Transporter T3 de 1985, com um desenho horizontal da grelha dianteira (iluminada) que se conecta com os grupos óticos I.Q. Light, criando uma dianteira reconhecível como a de um modelo da marca. As entradas de ar estão colocadas mais abaixo e estão quase que “camufladas” devido a estarem pintadas da mesma cor da carroçaria. Desta forma, conseguiu-se uma imagem mais “clean” e moderna.

Nesta versão Style, a linha da grelha que passa pelos faróis continua na lateral, num friso cromado que contrasta com a pintura Azul Estrela desta unidade, num “toque” de classe, também muito apreciado em propostas como esta, que também têm uma vida empresarial, como bem sabemos. É também na sua lateral que conseguimos constatar da melhor maneira a sua dimensão generosa, que chega aos 5,173mm de comprimento (+200mm que a versão “normal”). A altura também é evidente e igual entre as duas, com 1,903mm. Isso trará enormes vantagens quando passarmos para o interior.

Mas antes, resta falar da secção traseira, local onde os “milagres” do design não são tão possíveis de fazer, já que a traseiras tem de ser o mais vertical possível. Ainda assim, encontramos alguma elegância, com os farolins a estarem colocados corretamente (ainda em linha com o friso cromado que aqui “desagua”). O logo da marca está presente ao centro, por cima da matrícula, com um pequeno spoiler superior e dois verticais a ajudar a “conduzir” o vento.



Mas é abrindo qualquer uma das portas, que encontramos um “mundo” de espaço, com um bom gosto acima da média dos seus concorrentes, mostrando que ainda que esta Multivan tenha sido desenvolvida pela secção de veículos comerciais, não deixa nada a dever aos modelos de passageiros da marca de Wolfsburgo.

O cockpit opta assim por um desenho mais cuidado, contando com o novo volante multifunções (com teclas físicas), assim como com dois ecrãs: painel de instrumentos Digital Cockpit com 10’’ polegadas e o sistema multimédia… igual ao que encontramos por exemplo, no Golf. Apenas gostaríamos que os comandos da climatização fossem físicos.

A decoração está bem conseguida, conjugando diversos tons e revestimentos, conferindo a tal imagem cuidada que dissemos acima e que pode ser visível nas fotos. O comando da transmissão DSG, a única solução na gama Multivan, está colocado no tablier, de forma minimalista, mas ergonómica. Para além disso, contamos com duas fichas USB-C, assim como um espaço para carregar o smartphone por indução. Abaixo, um duplo porta-copos que se junta a amplas zonas de arrumação nas portas, que incluem até um pequeno caixote do lixo. Existem ainda três porta-luvas, um na posição convencional, outro acima e um no topo do tablier.

Mas não é apenas isso, é um conforto acima da média. Os assentos dianteiros primam por um bom suporte e envolvência, levando isso a um nível extremo como são os “Captain Chair”. Ou seja, os bancos dianteiros contam com apoio de braços nos dois lados. Ideal para viajar relaxadamente por muitos (e muitos) quilómetros, sem cansaço e na melhor companhia.

Com capacidade de sentar até sete pessoas, o Multivan é o verdadeiro familiar. Mas conta ainda com uma elevada flexibilidade. Existe agora uma mesa multifunções, que pode deslizar pelas calhas montadas no piso, criando um “escritório” ou “mesa de refeições” nas paragens. Quando recolhida é uma útil consola central com três porta-copos.

Todos os bancos são individuais, portanto não há um lugar que seja “de evitar”, com um conforto semelhante para todos os ocupantes, que também contam com saídas de ventilação próprias, com ajuste próprio para os da segunda fila. Acima, um tejadilho de enormes dimensões é um “must-have”, com uma proteção solar que não necessita de cortina, o que aumenta ainda mais a sensação de espaço a bordo. Os vidros escurecidos a 90% também excluem a necessidade de contar com cortinas.

As portas laterais deslizantes contam com uma abertura elétrica, que pode mesmo ser mãos-livres, para um melhor acesso.



Ao volante, contamos com uma ampla visibilidade graças aos pilares A mais recuados. Uma vasta superfície vidrada que permite que estes mais de cinco metros de automóvel não pareçam, de todo, difíceis de conduzir.

Mesmo antes de arrancar, é incrível entender até onde podem chegar as plataformas modulares dos fabricantes. A Multivan é baseada na plataforma MQB, a mesma utilizada por exemplo pelo Golf. Sendo mesmo capaz de “puxar” até 2000kg de reboque. Querem mais familiar do que isto?

Confesso que nos momentos que me dirigia para o Multivan, achei que os 150cv do bloco 2.0 TDI poderiam não chegar para puxar um automóvel com esta dimensão e um peso de 2204kg. Contudo, os 150cv revelam-se suficientes, mesmo com 5 pessoas a bordo (desculpem, não consegui reunir sete ao mesmo tempo). Os consumos são também simpáticos. Arrumando já esse assunto, a média final ficou nos 7,3L/100km, o que está bem longe de ser um mau valor, principalmente com as condições climatéricas durante o ensaio e vários quilómetros em autoestrada. Em nacional, é possível conseguir “6 baixos” neste Volkswagen.

Voltando às prestações, este binómio motor-transmissão volta a não desapontar, suficiente para conseguir agilizar o Multivan, com uma boa disponibilidade, ainda que, obviamente, adaptado ao automóvel que temos aqui presente. A transmissão DSG merece um prémio pelos seus préstimos em tornar a condução mais suave e “encontrar” a relação certa em cada momento, assim como permitir um “modo coasting” quando rolamos em plano ou descida, o que permite poupança de combustível.

O comportamento é equilibrado, mais do que esperaria aliás, graças a uma suspensão mais evoluída. Mesmo com esse 1m90 que poderia meter “medo”, a verdade é que em curva este Multivan não pede cautela em demasia, conseguindo uma boa conexão com o asfalto sem excessivo adorno da carroçaria. No entanto, volto a referir, nada pode vencer a física: são quase cinco metros. Com isto quero dizer que se levarem companhia, essa pode ficar enjoada se quiserem explorar a capacidade dinâmica do Multivan.



Antes de falar do preço, só mais um ponto importante, a bagageira. Para além de puxar os 2000kg, a Multivan pode ainda albergar na sua bagageira uns “humildes” 729l. Se retirarem todos os bancos, são 4053 litros. Basicamente podem transportar uma cozinha na parte de trás deste Volkswagen.

Chegamos à parte mais complicada, que é o valor a pagar para trazer uma Multivan “igualzinha” a esta que aqui temos: mais de 70 mil euros. No entanto, a gama Multivan começa nos 50.685€ para a versão Life na versão a gasolina de 136cv.

A verdade é que, mesmo que custe mais de 70 mil euros, o Volkswagen Multivan é uma das melhores maneiras de viajar com muitos ocupantes a bordo. O seu estilo exterior é sóbrio, mas bem conseguido, o interior é um verdadeiro salto para um automóvel deste tipo com muito conforto e equipamento, enquanto o motor de 150cv diesel é suficiente e poupado. Deixei-a no parque de estacionamento da Volkswagen, mas só fiquei a pensar em todas as viagens que poderia fazer, não sabendo que talvez precisava de algo assim.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!