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Toyota Yaris GRMN

Toyota Yaris GRMN
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“Meister da Exclusividade”

Num mercado cada vez mais personalizável e a ir ao encontro dos gostos do cliente, a individualização chega a novos níveis. Contudo, a Toyota quis levar essa questão a um novo patamar, com um carro que nem permite escolher a cor. Como é que isso é possível? Limitando a produção, criando um automóvel desportivo de segmento B, usando o Yaris, de forma a comemorar o regresso da marca ao WRC, 17 anos depois.

Num automóvel que é quase um “investimento”, conta com uma história particular na sua construção, a começar pelo seu motor 1.8 Dual VVT-i (2ZR-FE) que conta com indução forçada de um compressor. Sim, para os mais atentos é praticamente 95% do propulsor usado no Lotus Elise.

Pois bem, este modelo será produzido em quantidade limitada (400 para a Europa, mais 200 para o Japão) na fábrica de Valenciennes, por uma equipa de 20 operários, formados e dedicados a este exclusivo projecto da marca. Já o motor, esse viaja mais… A sua viagem começa no Reino Unido, na Toyota Manufacturing UK, e é depois enviado para o País de Gales para a Lotus, onde leva o “picante extra” para estar à altura, antes de se acomodar no pequeno cofre de motor deste Yaris.

Mas o que nos chama mais a atenção, assim que chegamos perto do Yaris GRMN, é o seu aspecto profundamente alucinante, e a mostrar que se fosse pintado de cor negra tornaria o título deste ensaio bem mais fácil: “A ovelha negra da família». Na sua dianteira é visível o para-choques bem mais desportivo, com um padrão em favo de mel e apontamentos em vermelho. Na lateral, a sua mais baixa altura ao solo conta com a ajuda estética e funcional das jantes BBS de 17’’, de cor negra e que acomodam o generoso sistema de travagem, com pinças de quatro êmbolos na frente, prontas a morder os discos ventilados e ranhurados.

Neste Yaris, exclusivamente de três portas, a traseira é sem dúvida a zona mais alterada. Os olhos seguem logo para o generoso spoiler superior em negro, bem como para o para-choques desportivo que lhe aumenta em muito a postura na estrada, alargando as vias e acolhendo o difusor, assim como a saída de escape única, montada em posição central.

Ah! E não podemos esquecer os autocolantes, que lembram a “pintura de guerra” dos Yaris WRC tripulados por Jari-Matti Latvala, Ott Tanak ou Esapekka Lappi.

O interior também conta com muitos toques mais desportivos, distantes de um “simples e modesto” Yaris Hybrid. As bacquets são as mais evidentes, totalmente em alcântara, oferecem um excelente apoio e suporte nas curvas, enquanto o volante (trazido do GT86) oferece uma boa pega e crava mais uma vez o logo GR, de Gazoo Racing. Mais diferenças são visíveis no painel de instrumentos, específico do modelo, de fácil leitura e que “esgota” às 7000 rpm.

A posição de condução está longe de ser a ideal, vamos muito altos e temos de escolher se preferimos ir com as pernas mais encolhidas, e braços normais, ou se preferimos esticar bem os braços para estarmos mais ajustados aos pedais. Mas sabem? Isso até torna o Yaris engraçado, vão já perceber porquê…

Porque sempre fiz uma conexão entre o Yaris e um automóvel que serve para ser prático, comedido nas suas performances e económico no dia-a-dia. E quando ligamos este Yaris GRMN parece que acordamos um “Yaris Zangado”, que mostra o que acontece quando uma equipa de engenheiros e pilotos de teste se juntam e tentam criar algo especial.

Como já foi dito, debaixo do capot repousa o 1.8 Dual VVT-i, com um compressor Magnusson e rotor Eaton, que debita uns muito agradáveis 212cv, mesmo no limite das rotações, enquanto o binário máximo de 250Nm surge a médio/alto regime, às 4800rpm. Isto já é bom presságio, mas quando continuamos a ver a ficha técnica deparamo-nos com o baixo peso, apenas 1135kg, o que dá a possibilidade deste Yaris GRMN acelerar dos 0 aos 100km/h em pouco mais de seis segundos e atingir uma velocidade máxima limitada de 230km/h. Uff, isto promete.

O som de escape é bem audível e metálico, mais puro. Começo a perceber o que a Toyota quis aqui fazer, uma espécie de regresso ao passado, com um automóvel mais visceral, tendo por base um automóvel honesto, sem pretensões (pensava ele) em vir a ser um desportivo. Como se quer num “Hot-Hatch” de tração dianteira, a caixa é manual, com seis velocidades, e assume um escalonamento mais curto, decidida e com um bom tacto aproveitando bem as prestações.

As primeiras curvas surgem, e são retorcidas. É altura de testar este ‘pequeno foguete’ Japonês!

Como elemento apaziguador da minha mente, sei que a gerir toda esta potência está um diferencial autoblocante torsen, e a aderir ao rugoso asfalto uns pneus 205/47 R17 Bridgestone Potenza RE050A. Para além disso, e logo visível nos primeiros quilómetros, é a dureza da suspensão, desenvolvida especificamente para o modelo, que conta também com amortecedores Sachs Performance. Portanto, material do bom, altura de entrar em curva!

A confiança surge logo, a acção do diferencial é óptima, ainda que a direcção seja algo leve e com menos informação a ser dada pelo fundo do banco (por estarmos muito altos). Ainda assim, a confiança é imensa, com a suspensão a absorver muito bem as irregularidades, rápida a responder e a dar um bom contacto com o solo. Mas o mais impressionante deste diferencial é mesmo a saída, com uma descoberta de aderência, mesmo quando abusamos.

Bastante benigno nas suas reações, o Yaris revela-se com um eixo traseiro que “segue” bem o que se passa na frente, com uma inserção em curva em apoio bastante intuitiva e fácil de controlar. Aqui destacamos o motor, que ao ser comprimido e não turbo, não tem quebras na entrega de potência, sendo bem mais linear. Isso é talvez o ponto mais forte deste Yaris e o que também o diferencia dos demais, por ser o único desportivo deste segmento a contar com um motor comprimido…

Os travões assumem uma boa performance, não exibindo fadiga, fáceis de controlar, e óptimos para “saltar” de curva em curva, enquanto o som deste 1.8 invade o habitáculo sem truques, apenas som, o puro som. É disso que este Yaris GRMN trata, de uma experiência mais sensorial, que faz lembrar os desportivos de antigamente, com uma clara preocupação com performances e em colocar “monstruosos” motores em carroçarias diminutas. Este GRMN (acrónimo de Gazoo Racing Meister of Nurburging) é o exemplo vivo disso, numa geração digital.

O factor preço? É importante sim, mas se só quer performances, encontra mais barato. Se quer algo especial, que seja um futuro clássico, bem como algumas concessões, um Yaris GRMN poderia ser seu por pouco menos de 40 mil euros. Podia, mas estão todos vendidos, e foram em menos de 72 horas…

“Querias mesmo um Toyota desportivo,
mas já não
chegaste a tempo do Yaris GRMN?”
Então o Toyota GT86 é a resposta!
 

Toyota Yaris GRMN 1.8 Dual VVT-iE

Especificações:
Potência – 212cv às 6800rpm
Binário – 250Nm às 4800rpm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 6,4s
Velocidade Máxima (oficial): 230km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) – 7,5l/100km (8,0l/100km)

Preço:
Toyota Yaris GRMN: cerca de 38.500€ (já não disponível)

Carrega nas fotos e vê o Toyota Yaris GRMN em detalhe:

Fotos: Rodrigo Inocêncio

Yaris GRMN
16.3 Pontos
O que gostámos mais:
- Motor Explosivo - Sonoridade - Exclusividade
O que gostámos menos:
- Falta de alguns equipamentos - Sistema Multimédia - Preço (embora justificado pela exclusividade)
Resumindo e concluíndo:
O Yaris GRMN é uma "lufada de ar fresco", um desportivo à moda antiga, que mostra o que um grupo apaixonado de engenheiros pode fazer com um modelo mundano. A sua dinâmica, assim como o motor explosivo prometem colocar um sorriso no seu condutor. O preço? É um investimento...
Motorização18.5
Perfomances18
Comportamento18
Consumos16
Interior15
Habitabilidade15.5
Materiais/Qualidade de construção15.5
Equipamento de Série14
Value for Money16

“A pontuação acima é totalmente da nossa opinião. Esta, tem a ver com o modelo e versão ensaiadas, tendo em conta o segmento onde a mesma se insere.”

Legenda da pontuação:
0-5: Mau;
6-10: Satisfaz Pouco;
11-15: Razoável;
16-17: Bom;
18-19: Muito Bom;
20: Excelente;

 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!