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Teste Completo: Toyota Bz4X Lounge 150kW

Teste Completo: Toyota Bz4X Lounge 150kW
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“Para lá dos híbridos” 

 

A Toyota é pioneira em oferecer propostas híbridas na indústria automóvel; fê-lo desde 1997 com a primeira geração do Toyota Prius, conseguindo ser a líder incontestável neste tipo de tecnologia. Mas só agora chega ao “mundo” dos 100% elétricos, após mais de 25 anos a eletrificar o mercado. 

Em teste a versão Lounge – a mais equipada – do novo Toyota bZ4X. 

 

Exterior

Como dito acima, este é o primeiro 100% elétrico global da marca nipónica, já que existiu o RAV-4 EV (exclusivo para alguns mercados Norte-Americanos). Este é mesmo o pioneiro dos totalmente elétricos para a Toyota, à disposição do público em geral. 

Portanto, o “peso nos seus ombros” é real. 

Para atrair clientes, um fabricante necessita que o seu automóvel seja atraente ou chamativo, e nisso acho que o Toyota bZ4X cumpriu a premissa…   

Este novo modelo está assente na nova plataforma modular para veículos elétricos do Grupo Toyota, que irá contar com uma forte ofensiva de modelos nos próximos anos. Esta arquitetura coloca a bateria debaixo do piso do automóvel, garantindo um centro de gravidade mais baixo.

Em termos de dimensões, o bZ4X mede 4,69m, ou seja, é 9cm mais longo que o Toyota RAV-4, modelo com o qual partilha o segmento, mas é na distância entre eixos que exibe uma grande vantagem, com mais 16cm de espaço habitável face ao pioneiro SUV da marca, o que lhe trará benefícios extra quando falarmos do seu interior. 

Em termos de design, o Toyota bZ4X segue um caminho bastante diferente do estilo seguido pela marca japonesa. Lembram-se do que disse acima?

Assim, encontramos um automóvel com um estilo característico, com muitos vincos e ângulos que chamam a atenção, assim como uma preocupação com a aerodinâmica. Na dianteira, não contamos com uma grelha convencional, como é habitual, tendo apenas uma tomada de ar inferior, assim como duas laterais para reduzir o arrasto aerodinâmico e “conduzir” melhor o fluxo de ar.

O capot é baixo, com os grupos óticos esguios e dissimulados; a Toyota disse mesmo ter-se inspirado no Tubarão-Martelo para desenhar a dianteira do seu primeiro 100% elétrico. 

O pilar A é bastante inclinado, o que é um ponto importante que dá igualmente forma à sua silhueta, também repleta de detalhes. As jantes de 20’’ polegadas são exclusivas desta versão Lounge, o que não ajuda tanto a conseguir uma autonomia recorde, mas que “ajuda” no capítulo estilístico, enquanto os aros das rodas contam com um formato mais quadrangular, e são em plástico não pintado, o que lhe confere um ar mais aventureiro e robusto, ainda que nesta cor Azul Mica (uma das 5 à escolha) não seja a melhor para se notar isso mesmo. 

A altura mais reduzida (-8cm que o RAV-4), assim como o pilar C mais espesso e também inclinado, dão um ar de SUV coupé a este Toyota, “encaixando” ainda melhor este novo modelo na gama. 

Quando observado de traseira, o destaque vai para os farolins em LED que são unidos por uma fina linha (também iluminada) que aumenta a sensação de largura do bZ4X, assim como lhe garante um spoiler mais subtil do que aquele que encontramos no topo do vidro traseiro. 



Interior

Abrindo a porta encontramos um interior moderno e minimalista. Na frente, a Toyota optou por seguir um caminho diferente, ao não colocar dois ecrãs horizontais conectados, como é atualmente a “moda”, mas sim um pequeno painel de instrumentos digital (com 7’’ polegadas) que nos informa do mais essencial que há a saber durante a condução. 

Ainda que contemos com uma posição de condução boa, graças um múltiplo ajuste tanto do banco como do volante, é preciso fazer algumas concessões no ajuste para conseguir ver toda a informação presente nesse painel de instrumentos. Quanto ao banco, a versão Lounge conta com regulação elétrica e memória, assim como função de aquecimento e arrefecimento. 

Ao centro, encontramos o renovado sistema multimédia, com um ecrã de grandes dimensões (12,3’’ polegadas) no qual a Toyota não colocou os comandos de climatização, preferindo colocar numa zona independente, juntando comandos físicos e hápticos, de forma a facilitar o seu manuseamento durante a condução.

No habitáculo existem muitos espaços de arrumação, incluindo um fechado logo atrás do seletor rotativo da transmissão para o carregamento por indução de smartphone, contudo a Toyota não dotou o bZ4X de um porta-luvas convencional. É verdade que durante o ensaio não sentimos falta, mas deixa-nos em dúvida sobre qual a razão para não ter sido integrado. 

O aspeto global é positivo, com as superfícies das portas macias e o tecido que reveste a parte superior do tablier a elevar o nível de qualidade, porém existe uma grande quantidade de elementos decorativos em piano black, sobretudo na consola central, o que irá ser um verdadeiro “íman” para riscos e pó. 

Passando para os lugares traseiros, encontramos uma elevada dose de espaço, sobretudo no espaço para as pernas. No entanto, devido à bateria estar montada sobre o piso, esse está algo elevado face à base do assento, o que faz com que as pernas tenham de ir mais dobradas do que idealmente. Nota-se que a Toyota não pode subir mais a base do assento, já que depois passageiros mais altos iriam tocar com a cabeça no tejadilho. 

Quanto ao conforto, para além do elevado espaço, contamos com apoio de braço, saída de ventilação dedicada e duas portas USB-C. Nesta versão mais equipada, nem o aquecimento para estes bancos traseiros foi deixado de fora. 

A bagageira conta com 452l de capacidade (e portão de abertura elétrica, de série no bZ4X Lounge), o que não é referencial face aos seus concorrentes diretos, ainda que conte com um pequeno fundo falso para guardar os cabos de carregamento. 

O Toyota não conta com o “frunk” como alguns dos seus rivais, o que limita a capacidade de carga total deste primeiro 100% elétrico de produção em série da marca nipónica. 



Condução e Consumos

A Toyota conseguiu oferecer no bZ4X, uma elevada dose de suavidade, o que é habitual nos automóveis deste tipo, mas a marca teve um cuidado extra com o isolamento acústico do exterior. Nota-se também, logo nos primeiros metros percorridos, que contamos com uma direção com um “bom peso”, assim como é notório o peso mais elevado deste SUV. 

Este bZ4X é tração dianteira, ou seja, conta com um motor de 204cv montado no eixo dianteiro, com uma bateria de 71, 4kWh. Existe outra versão de tração integral, mas ao contrário de outras propostas, o aumento de potência é menor, apenas 16cv (218cv), pelo que apenas compensaria em climas mais rigorosos.

Mesmo que este nível de potência não seja tão “entusiasmante” quanto aqueles que são apresentados por alguns dos seus rivais, consegue oferecer um andamento mais do que suficiente para todas as situações que encontrarmos, por exemplo, são necessários apenas 8,4s para cumprir a aceleração dos 0 aos 100km/h. 

Mas mais importante que isso é como se comporta na estrada em distâncias mais longas, com a Toyota a revelar que este modelo consegue fazer até 503km em ciclo WLTP, mas com esta versão Lounge, por contar com jantes de maiores dimensões (20’’ invés das de 18’’ polegdas), a reduzir esse valor para os 442km. 

Para isso conduzimos o bZ4X num ciclo misto e o consumo final ficou nos 18,4kWh/100km, o que permitiria fazer entre os 380 e os 390km com uma carga completa. Mas o bZ4X também se revelou muito sensível ao ritmo imprimido, com variações de consumo algo elevadas, com o uso da climatização a “retirar” grande parte da autonomia no painel de instrumentos (praticamente 100km), algo que a Toyota deveria melhorar num próximo modelo bZ.

Em estradas mais exigentes, encontramos um bom compromisso entre o conforto e a dinâmica, com a direção a conseguir descrever, ainda que filtrada, o que se passa com as rodas dianteiras e o amortecimento a conseguir controlar o adornar da carroçaria, sem nunca massacrar os passageiros. 

A Toyota decidiu não dotar o modelo de diversos modos de condução, optando por oferecer uma proposta que se consiga adaptar aos diversos tipos de condução. No entanto, conta com um modo ECO que faz com que o acelerador fique menos reativo, para uma condução mais eficiente. Existe também o sistema “One Pedal”, que “trava” e “acelera” apenas com o pedal do acelerador, mas que não imobiliza totalmente o bZ4X.

Em termos de carregamento, o máximo que o bZ4X pode aceitar (em corrente contínua) é até 150kW, o que significa 31 minutos para restabelecer a carga dos 0 aos 80%. Quanto ao valor máximo em CA (corrente alternada) é de 11kW, o que permite, com o uso de Wallbox, um carregamento total da bateria em 6h30m. 

Num ponto (muito) positivo está a garantia de 10 anos ou 1 milhão de quilómetros para o sistema de tração, algo que demonstra bem a confiança da marca neste seu primeiro BEV. 



Conclusão

O primeiro modelo 100% elétrico da Toyota não desilude, mas também não nos deixa impressionados. E isso acontece talvez por isso mesmo, por ser um Toyota e esperarmos muito do construtor nipónico. 

O bZ4X conta com um exterior futurista, um interior espaçoso, assim como uma condução que apresenta um comportamento dinâmico bastante homogéneo. Mas com um preço que inicia nos 52.990€ (com esta unidade mais equipada Lounge a pedir em troca 62.490€), esperava-se um pouco mais em termos de potência, consumos mais baixos e, sobretudo, uma autonomia mais alargada. Algo que a marca japonesa irá certamente apresentar nos próximos modelos “beyond Zero”. 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!