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Teste Completo: Nissan Ariya 87kWh Evolve

Teste Completo: Nissan Ariya 87kWh Evolve
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“A Formula 2.0 !”

A Nissan foi uma das principais responsáveis, em 2010 com o Leaf, por colocar os elétricos “em cima da mesa” como soluções face aos automóveis a combustão. Se nessa altura escolher um automóvel 100% elétrico ainda era algo demasiado pioneiro para alguns, agora começa a ser “o caminho” a seguir. Depois do Leaf, que nos primeiros 10 anos vendeu mais de 500 mil unidades, a Nissan oferece agora o Ariya, um SUV médio 100% elétrico que a marca nipónica pretende que seja a referência neste mercado em constante crescimento. 

Para isso estivemos ao volante do Ariya equipado com a bateria de maior capacidade, no nível de equipamento Evolve para descobrir se esta é mais uma “Fórmula vencedora” que a Nissan tão bem sabe criar. 

 

Exterior

Essa “fórmula” não surgiu apenas no Leaf, já que se recuarmos um pouco, o Qashqai foi um verdadeiro “tiro na mouche”, criando uma vasta gama de rivais que neste momento dominam o mercado… e não só no segmento que surgiu. 

Agora, o Ariya pretende fazer o mesmo, mas “sem barulho”… ou seja, sem emissões de escape.

Mas não quer, no entanto, passar despercebido, e isso pareceu uma tarefa algo difícil tendo em conta as pessoas que observaram atentamente a nova proposta da Nissan, com a maioria das reações a serem positivas aquando da passagem deste novo SUV 100% elétrico. 

Provavelmente isso acontece devido a este modelo pouco ter mudado face ao Concept apresentado em 2019, exibindo uma “personalidade” muito própria, ainda que conte com alguns elementos estilísticos dos modelos presentes na gama. A dianteira destaca-se pela ausência de grelha, assim como pelos grupos óticos em LED, que dão formato à dianteira; nos flancos do para-choques, estão duas passagens de ar dissimuladas que demonstram a preocupação pela aerodinâmica. 

A sua silhueta é elegante e é, muito provavelmente, o local onde é fácil reconhecer este modelo. A linha de cintura é elevada, bem demarcada, assim como um tejadilho marcado de forma suave que lhe quer dar um ar de coupé, e que pode contar com uma pintura bi-color que aumenta essa sensação, algo que a nossa unidade em teste não contava, mas sim com a “camaleónica” cor Aurora Green, que muda de tom (de verde, a castanho, passando pelo púrpura) dependendo da incidência da luz. 

As jantes de 20’’ polegadas preenchem bem as cavas das rodas, sobrando ainda algum pneu para garantir o conforto; o seu desenho está em linha com o futurismo nipónico (sem exageros) deste Nissan. 

Na traseira, encontramos a superfície vidrada de pequena dimensão, devido ao tejadilho descender tanto e pelo spoiler; para além disso os farolins unidos por uma linha horizontal são igualmente um ponto de foco, ainda que nesta cor faça menos contraste. Destaque ainda para o nome “Nissan”, presente pelo nome e não pelo logo, algo que o distingue dos restantes modelos da gama. 

Em termos de dimensões, o Ariya, com 4,60m, coloca-se entre o Qashqai (4,40m) e o X-Trail (4,70m).



Interior

O seu habitáculo é um salto de gigante face à realidade que encontramos no Leaf. O Ariya apresenta um interior muito “limpo” com linhas horizontais, sem cometer o erro de uma digitalização demasiada. Os materiais também estão num bom nível, com o revestimento em pele azul a elevar o Ariya a um patamar premium. O mesmo acontece devido ao revestimento suede na parte superior do tablier e da faixa em “madeira”, que acende os comandos hápticos  que nos dão acesso aos atalhos da climatização. Graças a isso, a sensação de espaço aumenta, já que o tablier tem orientação horizontal e não vertical. 

A consola central pode mover-se longitudinalmente, onde está igualmente o comando da transmissão. Aí contamos ainda com um local onde carregar o smartphone por indução, o comando que nos permite selecionar os modos de condução, ativar o e-pedal ou mesmo abrir, de forma elétrica, um compartimento que serve como um segundo porta-luvas. 

A componente tecnológica está ainda presente graças aos dois ecrãs (um com o painel de instrumentos e outro com o sistema multimedia) que oferecem as informações necessárias e dão acesso às mais diversas funções. Aqui gostaríamos apenas que funções como o aquecimento ou arrefecimento dos bancos estivessem mais acessíveis. De resto, o sistema melhorado prova ser mais um “salto de gigante” face ao anterior sistema de infotenimento. Em termos de conforto, para além dos bancos aquecidos e arrefecidos (aquecidos também atrás), contamos ainda com ajuste elétrico com função de memória (algo que depende obviamente da versão) e teto de abrir panorâmico em vidro, o que aumenta a sensação de luminosidade e espaço a bordo. 

Não é que o Nissan Ariya precise dessa “ajuda”, já que o espaço atrás é suficiente para sentar dois adultos confortavelmente (ou três em viagens mais curtas). O piso é plano, graças à ausência de túnel de transmissão, no entanto é algo elevado – o que é típico neste tipo de modelos – não prejudicando em demasia o conforto. Existe um apoio de braço central, saída de ventilação e tomadas USB. Cá atrás, destaque para os revestimentos, também macios, no topo das portas traseiras, algo que é de ressalvar. 

Em termos de bagageira (com abertura elétrica), encontramos 466l, um bom valor, ainda que não seja referencial. A Nissan dotou o Ariya com o típico fundo falso, que possibilita modular as zonas de carga, para ajudar a organizar da melhor maneira o que transportamos. E não, o Nissan Ariya não conta com um “frunk” (bagageira debaixo do capot).



Condução e Consumos

O Nissan Ariya está assente na plataforma dedicada CMF-EV da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, estando disponível com várias potências e baterias. A nós, calhou-nos aquele que parece ser o conjunto mais interessante para o nosso país: motor dianteiro com 178kW (242cv) e uma bateria de 87kWh de capacidade útil. Segundo a Nissan, pode alcançar com uma única carga quase 500km de autonomia. Vamos ver se será capaz. 

Os primeiros quilómetros a bordo do Ariya são de elevado conforto, com um bom trabalho a ter sido feito na insonorização, dando um ambiente mais calmo no interior, o que em conjunto com os confortáveis bancos, faz com que viajar ou permanecer no habitáculo deste Nissan seja uma experiência agradável. A visibilidade é boa, mesmo que o vidro traseiro seja algo diminuto em dimensão, algo que a Nissan resolveu com a introdução de um ecrã no próprio espelho retrovisor, assim como a normal câmara de estacionamento 360º projetada no ecrã central. 

Em termos dinâmicos, embora o Nissan Ariya conte com um modo Sport, nota-se que foi um automóvel desenvolvido para as famílias e para percorrer longas distâncias com o maior conforto possível (algo em que o e-4orce com 394cv me pode fazer mudar de ideias), portanto o seu comportamento é são e fácil de prever. E mesmo que conte com mais de duas toneladas de peso, a agilidade não sai prejudicada, graças a uma direção bem ajustada e um controlo de chassis bem feito pelos técnicos da marca. Uma vez mais, não é um desportivo.

Aqui, apenas gostaríamos de contar com um melhoramento no que diz respeito à posição de condução, já que o volante não desce o suficiente para dar uma posição de condução perfeita, no entanto nada que prejudique o Ariya em demasia. 

Existem, dependendo dos modos de condução, diferentes níveis de regeneração, a função e-pedal está presente, mas não nos imobiliza o Nissan Ariya, abrandando apenas. 

Usando vários modos de condução, a média de consumo final em condições normais e sem preocupações (AC ligado e percurso misto com bastante autoestrada), ficou em 20,2kWh/100km, o que equivaleria a uma autonomia estimada de 430km. No entanto, com algum cuidado, é possível reduzir esse valor, com uma condução mais cuidada sem explorar a potência máxima deste Nissan. De qualquer maneira, não é um mau valor, já que o Ariya é capaz de carregar, em corrente contínua, até 130kW de potência, o que permite uma recuperação rápida de autonomia para continuar viagem. Em corrente alternada, a potência máxima de carregamento é de 22kW.



Conclusão

O Nissan Ariya tem os ingredientes certos para ser um dos principais “players” para quem procura um SUV 100% elétrico. A Nissan conseguiu criar um automóvel com uma imagem própria e diferenciada, um interior que demonstra uma elevada qualidade e soluções interessantes, como é o caso da consola central móvel, porta-luvas central e o amplo espaço habitável. 

A gama de “motores” e baterias aposta numa maior capacidade de escolha por parte dos clientes, o que “normaliza” a escolha por soluções BEV como esta, que está agora mais modernizada e numa plataforma tecnologicamente mais avançada deste Nissan. A gama Ariya começa nos 48.200€, com esta versão mais equipada e com maior autonomia a pedir em troca 63.540€, algo que está em linha com os seus concorrentes diretos e é justificável pelo vasto equipamento de série, onde não falta praticamente nada. 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!