Home Ensaios Teste Completo: Škoda Enyaq iV 80 Sport Line

Teste Completo: Škoda Enyaq iV 80 Sport Line

Teste Completo: Škoda Enyaq iV 80 Sport Line
0
0

“Orgulho Checo”

 

Com uma indústria automóvel em constante evolução, é cada vez mais complicado impressionar com um novo modelo. Isto é exceção com o Škoda Enyaq, o primeiro elétrico da marca da República Checa, que entra pela “porta grande” e oferece uma verdadeira proposta familiar 100% zero emissões. Em teste com o “motor” iV 80 (204cv) na versão Sport Line.

 

Exterior

Volto a repetir o que disse ao início, numa indústria em constante evolução, muitas vezes as marcas podem cair no erro de tentar criar algo demasiado futurista, demasiado “out of the box”, para agradar possíveis novos clientes e, com isso, chamar a atenção. Por outro lado, temos casos em que essa evolução é bem feita e confere ao automóvel um aspeto verdadeiramente novo, sem perder a aparência sóbria que tantas vezes é importante na escolha de um novo automóvel para a família. Sim, porque iremos olhar para ele durante largos anos.

Pois bem, o Škoda Enyaq é um desses exemplos, com uma imagem que vai até buscar alguma inspiração aos quase extintos monovolumes – Sim, eu disse mesmo que é um bom exemplo – misturando-o com a silhueta de uma carrinha.

A dianteira, elevada, destaca-se pelo capot com vincos esculpidos, que dão origem ao ponto mais “extrovertido” deste Enyaq em ensaio: a sua grelha “Crystal Face” iluminada, que, se a uma primeira instância parece demasiado, na prática resulta bem, com as 131 luzes LED a conferirem-lhe aquele ar mais futurista sempre necessário nestas propostas, sem cair no erro do banal, dando origem aos grupos óticos em linha com as outras propostas da marca. Também estes são bastante avançados graças à tecnologia Full LED Matrix. Para além disso, os para-choques mais desportivos desta versão garantem alguns olhares mais curiosos dos outros condutores quando paramos para colocar este Škoda “à carga”.

A lateral não esconde as suas generosas dimensões de 4,65m, que o situam entre os dois maiores SUV da gama Škoda, o Karoq e o Kodiaq, ao mesmo tempo que confere uma sensação de robustez no seu conjunto, algo também conseguido devido à linha de cintura mais elevada. A sua sobriedade é posta em causa pelas jantes de 21’’ polegadas, que nesta unidade quase “Full Black” se destacam ainda mais, mas que preenchem muito bem as cavas das rodas deste modelo.

A traseira é a secção mais convencional (e não tem nada de mal nisso), com um aspeto mais clean, usando uma vez mais os farolins (também totalmente em LED e com indicadores de mudança de direção dinâmicos) para conferir a imagem da família Škoda. Os para-choques mais desportivos fazem muito por continuar o bom trabalho feito pelos designers da marca, tanto na dianteira, quanto na lateral.



Interior

O interior quer ser um local confortável, o mais parecido possível à “nossa casa”. Pois bem, no caso deste Sportline em ensaio, seria mais uma “Man Cave”, já que adota um tom mais escuro no seu interior, assim como bacquets que para além de segurarem bem o nosso corpo, não se revelaram desconfortáveis nem em demasia. Mesmo após uma viagem de 700km feita no mesmo dia.

Neste habitáculo somos brindados com uma boa dose de qualidade, seja aos nossos olhos seja ao nosso tato, principalmente à frente, que onde quer que toquemos, a sensação é positiva, plástico mole, pele e uma superfície decorativa, neste caso “fibra de carbono”, fazem o gosto ao olhar. Ao volante, a posição de condução é correta, com múltiplos ajustes, ideal para qualquer estatura. O volante, aqui de três braços, conta com comandos físicos (ao invés de capacitativos, como o dos seus primos Audi Q4 e-tron e Volkswagen I.D.4).

Atrás deste volante encontramos o pequeno painel de instrumentos, de apenas 5’’ polegadas, mas que apresenta tudo o que é necessário, como o velocímetro, os quilómetros que restam, se estamos a regenerar ou a “gastar”, assim como as informações do cruise-control, temperatura e relógio. Não é preciso mais, na verdade.

No entanto, se quiserem ver as médias de kWh, é no ecrã central multimédia o verdadeiro “posto de controlo” de todo este Škoda Enyaq. Este ecrã com 13,1’’, conta com uma boa definição de imagem e é relativamente fácil de navegar nos seus menus, contando com a possibilidade de configurar vários ecrãs principais. Isso é positivo, já que o Enyaq não conta com comandos físicos dedicados ao sistema de climatização, talvez a única falha que se possa encontrar dentro deste modelo da marca da República Checa.

Se é apenas isso, tudo vai bem. Isto porque “lá trás”, o piso completamente plano demonstra onde estão montadas as baterias nesta plataforma MEB. Assim, podemos sentar três passageiros, sem problema. A saída de ventilação dedicada ajuda a aumentar o conforto, enquanto as entradas USB-C são opcionais no Pack Family, algo que vale a pena investir por apenas 400€, que acrescenta ainda as cortinas para as janelas traseiras.

Quanto à bagageira, outra boa notícia, com 585L é maior do que por exemplo o Kodiaq que apresenta 521L de volume disponível. Portanto, é familiar para cinco adultos e para as respetivas bagagens. Cada um tem direito a 117L para si…



Condução  

Ora, nesta versão iV 80 contamos com um conjunto motriz de 150kW, o que equivale a 204cv e uma bateria de 82kWh (capacidade útil de 77kWh) transmitindo essa potência às rodas traseiras. Para quem quer tração “às quatro”, existe o 80X. Mas este parece a escolha lógica, já que promete uma autonomia de 525km.

Fazendo-me à estrada noto, uma vez mais, que este é também como o seu estilo indica, um elétrico de transição. O que quero dizer com isto é que é uma proposta que não vai causar estranheza a alguém que venha de um automóvel de combustão, já que oferece aquela sensação de binário imediato, sem ser demasiado brusco. É sim suave na sua entrega, como assim deve ser, mas que não se intimida na altura de ultrapassar.

Depois no caminho, maioritariamente em autoestrada, até casa, o cuidado com a insonorização vem ao de cima. Sim, os elétricos são mais silenciosos, é um facto, mas o que quero dizer aqui é que foi tido um cuidado extra em manter os ruídos aerodinâmicos e de rolamento num mínimo, o que torna as viagens mais longas num maior sossego.

Quando as curvas começam, encontramos outra vantagem deste Enyaq, a sua suspensão. Podia esperar-se algum adornar, até algum balancear graças ao seu peso, o que seria “desculpável”, mas a verdade é que os técnicos da marca fizeram um bom trabalho também nesse campo – senhores do Grupo Volkswagen, espero que tenham pagado bem a estes senhores – já que o pisar é verdadeiramente bom. Não bom para um Škoda, mas bom na globalidade. Ainda mais quando montamos “as tais” jantes de 21’’ polegadas…

O dia da viagem de 700km em autoestrada não abonou muito a favor dos consumos, que nesse trajeto feito quase sem paragens ficou em 21,0kWh. Ainda assim, num percurso misto, o valor combinado ficou pelos 19,3kWh, o que não chega à autonomia que a marca promete… mas não fica muito longe disso.

A ajudar a esses valores, ajustados à realidade de um modelo familiar como este, estão as patilhas que permitem regenerar consoante a necessidade, mas também a “regeneração automática” que lê o trânsito e percurso à nossa frente e adapta a regeneração a cada necessidade. Pode parecer intrusivo, mas na verdade não é, o problema é quando passamos para outra realidade que não a deste Enyaq…

Resta apenas falar dos carregamentos. O Enyaq permite até 150kW de potência máxima em C.C, não é o líder neste campo, mas para a atualidade consegue aproveitar o máximo da maioria dos carregadores. Como exemplo, bastam 38 minutos para conseguir passar dos 0 aos 80% de carga. Em C.A, a velocidade máxima é de 11kW (o que significa 7h30m para um carregamento total).



Conclusão

Volto a pegar numa frase dita acima: “não é bom para um Škoda, é bom no global”. Esta é a melhor maneira de classificar este Škoda Enyaq, a primeira aventura nos “mundo dos kWh” para a Škoda. Com um design que não desilude, um interior com verdadeira qualidade, boa apresentação e bastante espaço, assim como um conjunto motor/bateria que consegue um bom equilíbrio, oferecendo ainda uma boa experiência de condução. O Škoda Enyaq é assim uma das melhores propostas para quem procura SUV familiar puramente elétrico.

Para arranjar defeitos, talvez alguns opcionais que lhe podem fazer aumentar o preço final (esta unidade custava 62.869€), ou a ausência dos comandos físicos da climatização. Mas a verdade é que é preciso procurar muito para encontrar lacunas numa proposta tão completa quanto esta. E isso, quer dizer muito…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!