Home Ensaios Teste Completo: Renault Megane E-TECH 100% Elétrico

Teste Completo: Renault Megane E-TECH 100% Elétrico

Teste Completo: Renault Megane E-TECH 100% Elétrico
0
0

“Investida gaulesa”

A Renault apostou forte com o novo Megane (agora sem acento), fazendo com que a nova geração do seu modelo de segmento C seja única e exclusivamente elétrica. Este E-TECH 100% Elétrico é um verdadeiro compromisso de futuro, vindo de uma marca com elevado sucesso neste “mundo” dos automóveis eletrificados, onde está presente há mais de 10 anos, com mais de 400 mil unidades já vendidas e que totalizam mais de 10 mil milhões de quilómetros percorridos.

Em teste completo a versão Iconic, a mais equipada com o nível mais elevado de potência.

 

Exterior

Este novo Megane está bem diferente e cheio de pontos que merecem destaque. Primeiro, é bem mais compacto do que podem esperar. Com 4,19m, é mais curto que o Captur (28mm) e bem mais pequeno que o Mégane “tradicional”, que ainda continua à venda (-160mm).

Esse é o ponto de partida para se conseguir entender o design desta proposta francesa que, mesmo com dimensões mais compactas do que se poderia esperar, apresenta uma imagem verdadeiramente robusta, mas, acima de tudo, cativante.

A dianteira exibe orgulhosamente o novo logo da marca, que está numa era de “Renaulution” e que pretende deixar isso bem claro. Com linhas muito marcadas, o capot está mais definido do que em outras propostas do género. Da “família” encontramos os grupos óticos em C, ainda que totalmente modernizados.

Sem grelha, devido a não contar com necessidade de refrigerar o “motor”, o Megane conta, ainda assim, com uma abertura inferior e aberturas que ajudam a conduzir o fluxo de ar, otimizando a aerodinâmica. A versão Icon conta, em algumas cores, com um friso em dourado, que lhe garante uma maior exclusividade.

As linhas são, na sua maioria, muito redondas e suaves, com um aspeto conceptual muito bem conseguido. A linha de cintura não é muito marcada, com a equipa de estilo da marca a ter preferido evidenciar a parte superior da superfície vidrada, com um cromado que contrasta com o tejadilho em preto desta unidade.

Na lateral é ainda possível ver os puxadores dissimulados, seja na dianteira, seja na traseira, escondido no pilar C. As jantes de 20’’ polegadas (18’’ na versão de entrada) estão situadas bem nos extremos da carroçaria, o que ajuda a essa sensação de robustez que foi referida acima. Quanto às restantes dimensões, a distância entre eixos é de 2685mm (superior à do Mégane a combustão), 1768mm de largura e 1505mm de altura.

Quanto à traseira, nota-se a proximidade entre o tejadilho e a linha de cintura, numa secção muito minimalista, onde o vidro é de pequenas dimensões. Mas o destaque vai para os farolins LED a unirem-se numa única peça que resulta muito bem e ajuda a aumentar a sensação de largura do modelo.



Interior 

O exterior é o que salta primeiro à vista, mas o interior é onde encontramos ainda mais novidades, onde encontramos um “salto” tanto de qualidade, como de desenho.

A apresentação é cuidada, com uma junção de materiais “au point” que funciona muito bem, juntando a madeira com a pele clara dos bancos, assim como o revestimento em pele do topo do tablier e da parte central das portas. Encontramos alguns plásticos mais rijos, mas é perdoável face ao aspeto geral do interior deste Megane E-TECH.

Existem ainda bastantes espaços de arrumação, colocados de forma lógica, assim como bolsas de generosas dimensões nas portas, forradas, aumentando a sensação de qualidade do modelo. Este Megane E-TECH faz até lembrar uma versão Initiale…

Os bancos são confortáveis, com um bom revestimento, contando ainda com aquecimento e massagens para quem circula à frente. No entanto, é aqui que se situa o reparo a este Megane. O ajuste elétrico dos bancos não permite regular a parte dianteira da base do assento, não deixando fazer um “pivot”, obrigando a que os joelhos não estejam tão apoiados quanto seria ideal. Era a Renault resolver isso (ou colocar a base mais longa) e estava perfeito.

Atrás, o Megane E-TECH é mais espaçoso do que se poderia esperar, ainda que não seja tão desafogado quanto alguns dos seus rivais. Encontramos um bom acesso e um espaço para as pernas, mais do que suficiente para um adulto. A ausência de túnel central facilita viajar com três pessoas no banco traseiro, embora não seja o ideal. Existe saída de ventilação, duas tomadas USB-C, mas nada de apoio de braço central…

Passando para a bagageira, contamos com 440l de capacidade, com um acesso algo elevado, mas com piso plano. A Renault dotou ainda o Megane E-TECH com um compartimento próprio debaixo do piso para guardar os cabos de carregamento, triângulo e coletes.



Tecnologia a bordo

Numa proposta como o novo Renault Megane E-TECH 100% elétrico, é muito difícil não ter uma só secção para a tecnologia a bordo, onde aproveitamos para destacar o novo sistema multimédia OpenR Link, que incorpora os serviços e aplicações Google. Um verdadeiro “salto” no sistema de infotenimento para a marca gaulesa.

Este sistema conta com o Google Maps, que todos conhecemos, passando por isso a contar com informação de tráfego em tempo real, pontos de interesse, assim como a possibilidade de criar uma lista de favoritos, tudo com um funcionamento muito simples graças ao Google Asssistant, uma assistente de voz pessoal, muito simpática, sem a necessidade de recorrer a vozes pré-feitas. Basta dizer “Hey Google” e falar como para uma pessoa. As respostas impressionam e têm um cunho próprio.

Para uma maior capacidade de personalização, podemos ainda explorar o Google Play e encontrar um verdadeiro catálogo de aplicações destinadas ao automóvel, algo que irá certamente aumentar para lá das quatro dezenas já disponíveis.

Mesmo com um “coração” Google, o sistema funciona muito bem com o iOS, possibilitando a conectividade com o Apple CarPlay sem fios.

Ainda que conte com um variado lote de tecnologia, a Renault está de parabéns por não ter caído na tentação de digitalizar o que não é necessário. Com isto quero dizer que os comandos da climatização permanecem físicos, a forma correta de ser feito.

A inovação surge também no espelho interior electrocromático que conta com câmara, de forma a desculpar o pequeno vidro traseiro, uma solução já encontrada noutras propostas, mas ainda muito rara.

Voltando ao sistema multimedia, espaço para mais um detalhe, já que é lá onde se regulam as luzes LED que circundam o habitáculo e que contam com um modo que se baseia no ritmo circadiano, o ciclo biológico do corpo humano. Dessa forma, ajusta as cores para melhorar o bem-estar tanto do condutor, como dos ocupantes que partilham este Renault com ele. Para isso, as luzes mudam (lentamente) a cada 30 minutos para um tom diferente. No entanto, pode ser escolhida uma das 48 cores disponíveis para decorar este habitáculo.



Condução

A tarefa de conduzir um automóvel elétrico é, e continuará a ser, diferente de conduzir um automóvel de combustão, isso é um dado adquirido. Contudo, os automóveis 100% elétricos têm vindo a melhorar no capítulo de transmitir (algumas) sensações para quem vai ao volante. O Renault Megane E-TECH 100% Elétrico é uma dessas propostas, que embora seja diferente, não quer dizer que seja pior, muito menos numa condução diária.

O seu funcionamento é suave, como era expectável, mas o que queremos dizer com isto é que o Megane E-TECH oferece a sua potência de forma mais comedida, mais doseado, não tanto aquando o início desta jornada dos elétricos, onde o “boost” era o motivo de conquista. Ainda assim, a tarefa dos 0 aos 100km/h é cumprida em 7,4s, com os seus 220cv a fazerem-se mostrar, assim como o seu binário máximo 300Nm instantâneo e permanente.

A condução é, por isso, mais envolvente, com um bom controlo da carroçaria (a vantagem que os elétricos têm é a de contar com um centro de gravidade mais reduzido), a direção está bem ajustada, contribuindo para uma sensação de agilidade e reatividade que é sempre bem-vinda.

A juntar a isso encontramos um pisar confortável, graças a um sistema de amortecimento que conta com um sistema de suspensão Multi-Link na traseira, o que é ainda melhorado devido ao ‘Cocoon Effect Technology’, uma patente da marca francesa, que utiliza uma espuma que atenua as vibrações e o ruído, que é perceptível quando circulamos a velocidades mais elevadas.

Utilizando o Multi-Mode, podemos escolher vários modos de condução: Eco, Confort, Sport ou Perso. O Eco limita-nos a potência de aceleração, assim como a velocidade máxima, enquanto o Confort é o modo mais neutro e o Sport, como o nome indica, coloca tudo mais ‘sério’ para uma condução mais desportiva. O modo Perso permite “afinar” vários parâmetros ao nosso próprio gosto.

Ora, quando aumentamos o ritmo, algo que este Megane até permite, notamos que exibe alguma tendência de subvirar, principalmente se quisermos esmagar o acelerador muito cedo à saída das curvas. No entanto, dentro delas, o Megane E-TECH 100% Elétrico mostra-se bem ligado ao asfalto, mesmo com o seu peso face à versão térmica. No entanto, este modelo é cerca de 100kg mais leve que os seus rivais.

Voltando a ser bem-comportado, o Megane E-TECH conta ainda com as patilhas de seleção, que permitem regular o nível de regeneração. Dessa forma conseguimos atingir consumos interessantes, com menos de 15kWh/100km em circuito urbano, o que nos permite fazer 400km, enquanto em circuito misto conseguimos 16,8kWh/100km, o que significa 359km com uma única carga.

O novo modelo da marca assenta na plataforma CMF-EV, com a bateria de 60kWh úteis a estar colocada longitudinalmente no piso do veículo, sendo composta por níquel, magnésio e cobalto. É capaz de carregar até uma velocidade máxima de 130kW nesta versão Iconic, com Optimum Charge. Assim, em condições ideais, uma carga dos 0 aos 80% demora 1h15m. Já se carregar em casa, através de uma Wallbox a 22kW, este Renault demora 3h30m a carregar.



Conclusão

O novo Renault Megane E-TECH 100% Elétrico é a revolução de um modelo, dentro de uma marca que passa pela sua própria “Renaulution”. Uma verdadeira aposta, ao decidir que o seu novo segmento C será, apenas, uma solução 100% elétrica, o que se revela também uma prova de confiança do caminho que a marca quer seguir no seu futuro.

Este modelo é uma daquelas propostas onde se tem de procurar o erro. Está mais “upmarket” do que nunca, pode mesmo dizer-se que é divertido de conduzir, o que ajuda a normalizar ainda mais os veículos elétricos. A sua gama começa nos 36.750€ para a versão Equilibre (130cv) com bateria de 40kWh, enquanto esta versão Iconic (220cv), mais equipada, pede em troca 47.750€.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!