Home Ensaios Teste Completo – Citroën C5 X Hybrid ë-225

Teste Completo – Citroën C5 X Hybrid ë-225

Teste Completo – Citroën C5 X Hybrid ë-225
0
0

“Conceito novo, conforto do passado”

 

A Citroën está de regresso ao segmento D, mas desta vez com um produto sem igual no mercado, o C5X, conceito que junta as vantagens de três diferentes estilos: Berlina, Carrinha e SUV. Em teste, a versão mais equipada Shine Pack com a motorização híbrida Plug-in de 225cv.

 

Exterior

Não seria um verdadeiro Citroën se o seu design não fosse disruptivo, e com isso originasse opiniões tão distintas.

É difícil juntar estes três estilos. Aos meus olhos, este Citroën parece-me mais uma carrinha elevada, ao estilo de uma “Cross-Country”. A sua dianteira é longa e muito expressiva, com os grupos óticos a estarem divididos em dois patamares, com o superior a unir-se ao friso que forma o “chevron” da marca, enquanto o inferior, com as funções principais, nasce também desse mesmo detalhe, numa das dianteiras mais felizes criada pela marca nos últimos anos. O capot, com as suas nervuras, confere também uma imagem de maior robustez ao modelo, que mostra desde logo a sua altura mais elevada. Daqui, o C5 X parece uma berlina, um verdadeiro sucessor do C5.

Visto de uma perspetiva lateral, a sensação de carrinha é mais evidente. Graças a uma linha de cintura elevada, que dá forma à ampla superfície vidrada que envolve todo este modelo e que disfarça o pilar C, que conta com uma decoração própria. O teto, em cor de contraste (nesta versão), é ainda enfatizado por um friso cromado que surge desde a base do pilar A, terminando perto da secção traseira, dando formato a este tejadilho. É também daqui que melhor nos apercebemos da sua dimensão generosa, que ascende aos 4,80m de comprimento.

A traseira é, talvez, a secção menos “resolvida” desta proposta. Nos flancos, contamos com uns farolins de dimensão generosa com um desenho de “boomerang” invertido, assim como dois spoilers, um superior e outro a meio do portão da bagageira, a querer evitar um aspeto mais arredondado da traseira, e, dessa forma, a conferir algum dinamismo extra a esta secção. O espírito SUV está presente, tanto na sua altura ao solo mais “desafogada”, como através de todo o plástico negro que protege as secções inferiores deste C5 X.

Este capítulo da estética é sempre muito subjetivo, com a Citroën a ter corrido um elevado risco nesta proposta, mas que pode ser também a forma de se destacar neste concorrido segmento, onde as sóbrias propostas alemãs dominam.



Interior 

Se no exterior, o seu estilo pode causar algum “choque”, no interior a Citroën deu uma verdadeira “lição” a muitos dos seus concorrentes.

A primeira sensação que temos ao entrar no C5 X é de elevada qualidade, mais do que podíamos esperar, com um bom bater de portas e a maioria dos materiais a transmitirem boas impressões, quer à vista, quer ao toque. A escolha dos materiais e revestimentos confere, por isso, uma boa sensação de conforto e acolhimento quer ao condutor, quer aos passageiros.

O tablier opta por um desenho “clean” e uma organização lógica, onde se destaca o generoso sistema multimedia de 12’’ polegadas, modernizado e possível de ser bastante configurado, para uma utilização mais acessível. Abaixo, encontramos os comandos físicos da climatização – “Merci, Citroën” – e diversos espaços de arrumação fechados.

Outra coisa que podemos agradecer à marca é por terem optado por um volante com uma forma convencional que, embora não totalmente redonda, oferece uma boa pega, agradável e fácil de utilizar quer em cidade, quer em longas viagens.

Mas o “creme de la creme” deste C5 X são os seus bancos, que mais parecem bancos de um comandante e piloto de um avião de longo curso, já que oferecem uma elevadíssima dose de conforto – mesmo parados – graças à tecnologia Advanced Confort, que pode ainda contar com massagens, para além de aquecimento. E, pode mesmo acreditar, são muito confortáveis, comparando até com modelos de segmentos superiores.

Atrás não se vai muito pior do que à frente, com muito espaço em todas as direções, principalmente para as pernas, com os joelhos a nunca tocarem no banco que está imediatamente à nossa frente. Quem perde um pouco com isso é a bagageira, que conta com um bom acesso, mas apenas 485L de capacidade nesta variante híbrida Plug-in (menos 60L que um C5 X somente a gasolina). A abertura e fecho da bagageira pode ser feita de forma “mãos-livres”.

Tudo é perfeito? Nem por isso, mas também não são pormenores graves.

O painel de instrumentos é auxiliado por um generoso Head-Up Display, contudo, só algumas informações são lá projetadas (velocidade do cruise-control, consumos, por exemplo), o que em condições em que a visibilidade é mais difícil, como por exemplo quando o asfalto reflete a luz do sol, não conseguimos ver bem o que está a ser ali apresentado. A solução passa por desligar o Head-Up Display e usar apenas o “tradicional” painel de instrumentos.

Outra situação, mas aqui é mais um caso de “ajuda ao consumidor”, é que o teto de abrir panorâmico é algo que pode muito bem ser evitado se quiser poupar uns euros. Isto porque a sua abertura é pequena, e de panorâmico, este teto tem muito pouco.



Condução

Suave, silencioso e muito confortável. Três sinónimos que descrevem na perfeição esta nova proposta C5 X na variante híbrida.

O conjunto usado já é conhecido, tratando-se de uma união entre o propulsor 1.6L turbo a gasolina de 179cv e um motor elétrico, que em conjunto debitam 225cv de potência máxima, com a bateria de 12,4kWh a reservar energia, o que, segundo a marca, permite fazer 55km em modo 100% elétrico.

Na prática, este C5 X começa a mover-se sempre sem ruído, utilizando o motor elétrico, algo que usa muito mesmo quando não o carregamos. Ao pesar uns generosos 1797kg, a leveza na sua condução sente-se por uma direcção que prefere ser mais confortável do que comunicativa, e uma suspensão que está afinada para proporcionar o máximo conforto, ao invés de emoções fortes nas curvas.

Podemos começar precisamente por aí, pelo elemento que diferenciará o C5 X da maioria das propostas rivais.

Nesta proposta Plug-in, o C5 X oferece uma combinação entre o Citroën Advanced Comfort e a suspensão ativa, que faz com que cada roda seja independentemente controlada em tempo real, para conseguir responder às condições do piso. Isso resume-se a um pisar de estrada muito confortável, um dos mais confortáveis já experimentados.

Ainda que seja uma sensação de conforto e de viajar sob um “tapete mágico”, mesmo quando o “tapete” não é assim tão liso, ao C5 X não lhe falta apoio em curva nem se demostra descomposto, ainda que a condução desportiva não seja o modo favorito deste C5 X encarar a sua “vida”.

Isso também pode ser justificado pelos 225kg a mais que pesa relativamente ao PureTech de 180cv, ainda que os (também) 225cv que conta neste sistema híbrido sirvam suficientemente bem para que nunca haja falta de “força” em qualquer situação. Ainda assim, em modo “Normal” e “Conforto”, o C5 X Hybrid não reage logo de imediato quando carregamos o acelerador mais a fundo, mas depois disso “dispara” bem, prova disso são os 233km/h de velocidade máxima e uma aceleração dos 0 aos 100km/h em 7,9s.

No que diz respeito aos consumos, podemos esperar uma média de 3,1L nos primeiros 100km, partindo com bateria a 100%. Depois disso podemos contar entre os 5,8L, caso o percurso seja misto, ou cerca de 6,3L, caso exista um pouco mais de autoestrada, não tão “amiga” do sistema híbrido, já que não tem tanta hipótese de regenerar. A autonomia elétrica foi testada, tendo sido alcançados 52km, mesmo com uma tirada de 10km em autoestrada, onde este C5 X permite ir até aos 130km/h sem ligar o motor de combustão.

Tal como no interior, o C5 X também não é perfeito, embora seja muito bom. E não vou falar de dinamismo, já que para isso existem outras propostas, mas sim no facto da Citroën ter optado por um depósito 13L mais pequeno neste Hybrid face às motorizações PureTech, o que não é compensado pela autonomia da bateria elétrica. Isso obriga a algumas paragens extra para abastecer, o que é uma pena num automóvel tão estradista quanto este.


 


Conclusão

Este Citroën C5 X é daqueles automóveis que no primeiro impacto pode prometer muito e fazer-nos duvidar, mas na prática é um excelente automóvel familiar. Os pontos a limar são facilmente esquecidos por um conforto impar, graças aos bancos, suspensão e insonorização, um amplo espaço a bordo e um sistema híbrido que, bem utilizado, oferecerá muita poupança.

Este, pode-se dizer, é um Citroën inovador, mas sem as “loucuras” do passado – já que a indústria também não o permite – mas que é um sucessor à altura das berlinas de outrora da marca francesa. O que ao início poderia parecer arriscado, pode muito bem ser o mais acertado… o C5 X é um desses casos. Para breve fica o encontro marcado com a versão PureTech de 180cv.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!