Home Ensaios Teste ao Nissan Qashqai DIG-T 158cv Tekna +

Teste ao Nissan Qashqai DIG-T 158cv Tekna +

Teste ao Nissan Qashqai DIG-T 158cv Tekna +
0
0

“O Menino bonito”

 

Todos nós temos aquele amigo que consegue conquistar tudo e todos logo num primeiro contacto. O Qashqai – se fosse uma pessoa – poderia bem ser um desses casos, um verdadeiro sucesso com o qual a marca japonesa pretende contar, nesta terceira geração, para continuar no Top das vendas no segmento C-SUV. Depois do primeiro teste completo à versão mais equipada com transmissão CVT, chegou a vez de estar ao volante do Qashqai 1.3 DIG-T de 158cv com transmissão manual. Será ainda uma referência?

 

Esteticamente, o Nissan Qashqai renovou-se, não se revolucionando, e apresenta um aspeto evolutivo muito bem conseguido – na minha opinião – com linhas modernas e mais desportivas do que as da geração antecedente. Na dianteira destaca-se pela sua grelha de dimensões generosas, à qual a marca chama de “V-Motion” que se conjuga bem com os grupos óticos também eles em maior destaque.

Na lateral, esse aspeto dinâmico é incrementado pelo tejadilho em cor de contraste, um opcional que faz muito pelo aspeto exterior do modelo, assim como as jantes de 20’’ polegadas, de série nesta versão Tekna + em teste, a mais equipada da gama Qashqai. De resto, as linhas “mestras” do modelo apresentam-se bastante coesas, independentemente da versão.

A secção traseira termina bem o conjunto estético, não apresentando motivos para que um potencial cliente saia do concessionário. Tudo está bem colocado, com os grupos óticos traseiros a estarem bem colocados nos flancos da carroçaria, sem um exagero de plástico preto a dar um aspeto mais “rugged” ao modelo japonês.

Portanto, no exterior, nota positiva para o modelo que consegue apresentar um estilo moderno, sem ser demasiado audaz, nem perder a sua identidade que a Nissan tão bem construiu.

No interior, o Nissan Qashqai evoluiu mais que no exterior, apresentando um cockpit bem conseguido com um bom nível de gosto e cuidado com a ergonomia. Ao volante o destaque vai para o novo painel de instrumentos digital com 12,3’’ polegadas, com um arranjo inspirado no “analógico” muito completo e com vários menus e submenus que nos permitem saber tudo sobre a nossa viagem e o estado do veículo. Ao centro, o novo ecrã multimédia é completo e fácil de funcionar, contando já com sistema Apple CarPlay e Android Auto sem fios. É um daqueles casos em que não é o mais bonito do segmento, mas que funciona sem mácula, sendo rápido, sem falhas de software.

Abaixo estão os comandos físicos da climatização, uma mais valia no que toca à ergonomia e facilidade de utilização, assim como outros comandos espalhados pelo interior do modelo japonês, não lhe dando, porém, uma imagem antiquada num mercado que cada vez tem mais “fobia a botões”.

Os materiais estão num bom nível, com um bom cuidado na sua montagem. Os bancos em pele desta versão mais equipada – com um padrão diamantado – contam com ajuste elétrico, massagem e aquecimento, são muito confortáveis e ajudam a uma posição de condução correta. Atrás, espaço para três, com duas fichas USB e USB-C, assim como saída de ventilação dedicada. A bagageira, com um portão de abertura elétrica, conta de 504L de capacidade, conta ainda com a possibilidade de gerir o espaço através das placas no piso que podem ser colocadas de diversas formas para ajudar a que a carga não ande de um lado para o outro durante as viagens.

Aqui no interior é também possível verificar todos os sistemas de segurança que a Nissan nos tem vindo a habituar, agora com o sistema ProPilot com Navi-Link, agora mais avançado, que para além de variar a velocidade através do radar, usa ainda a navegação para antecipar curvas, cruzamentos ou rotundas. Para além de tudo isso existe ainda o sistema de anticolisão inteligente, a manutenção de via ativa, e travagem automática traseira. Neste novo Qashqai contamos ainda com os novos faróis LED adaptativos, para que viajar à noite seja uma tarefa mais fácil.

Até agora tudo bem para o novo Qashqai, vamos passar para o motor e condução.

O motor aqui presente neste ensaio – também o único disponível no Tekna+, por enquanto – foi o 1.3 DIG-T na sua variante mais potente de 158cv. Um valor mais do que suficiente para um automóvel como este, que acusa na balança 1422kg de peso. Na verdade, os números dizem que sim, com um arranque dos 0 aos 100km/h em 9,5s e uma velocidade de ponta de 206km/h.

Em utilização, o motor é suave no seu funcionamento, mas funciona melhor com a transmissão CVT do que com esta manual, primeiro porque a transmissão manual não tem um tato tão mecânico como poderia ser esperado, assim como um mapeamento do acelerador/motor que faz com que tenhamos de recorrer demasiado à caixa para manter este motor “à tona”, já que abaixo das 1700rpm não tem muito para oferecer, “acordando” depois de forma demasiado vigorosa.

Os seus consumos são, também, muito sensíveis à velocidade e ao trajeto. Num ciclo misto em mais de 400km de teste, o Qashqai apresentou 7,6L/100km de média. Em autoestrada pudemos ver que a 110km/h é possível conseguir valores em torno dos 5,5L/100km, mas passando para os 120km/h esse valor sobe 1L/100km. Em cidade é onde o Qashqai 1.3 DIG-T apresenta consumos menos simpáticos, rondando os 8 a 9L/100km.

Já dinamicamente o novo Nissan Qashqai é bastante superior à anterior geração, com um chassis bem mais envolvente e uma suspensão com um amortecimento um pouco mais firme do que estávamos habituados, algo que é notório em mau piso com as jantes de 20’’ polegadas, que tantos pontos lhe deram no estilo. Quando o ritmo aumenta, sentimos uma maior agilidade e até um eixo traseiro que se quer mostrar, rodando um pouco a traseira… algo pouco SUV.

Como conclusão, o Nissan Qashqai é agora uma proposta melhor do que nunca, com uma boa aparência exterior e um interior de qualidade. O motor com 158cv oferece boas prestações, desde que seja acima do baixo regime, enquanto a transmissão é aconselhável ser a CVT X-Tronic, que aumenta o conforto de condução. Por 40.900€, não se pode dizer que este é um Qashqai para todas as bolsas, mas a gama começa na versão Acenta, já bem equipada, nos 30.950€ para este motor com potência mais reduzida, de 140cv.

Se estiver a pensar num igual a este, aconselharia talvez a esperar pela versão híbrida e-Power, que se prepara para chegar ao mercado, resolvendo a questão dos consumos, principalmente em cidade.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!