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Renault ZOE 400 Bose

Renault ZOE 400 Bose
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“Desencontrado com o futuro”

Não andámos a fugir, não foi isso, mas estivemos sempre desencontrados. Quem? Eu e o Renault ZOE, o eléctrico mais acessível da marca, se excluirmos o irreverente Twizy. Mas agora, quatro anos após o seu lançamento, chegou a altura, marcado e bem marcado na agenda, estamos prontos para explorar este automóvel totalmente eléctrico.

Agora, passado todo este tempo, chegamos numa boa altura, já que o modelo apresenta na nova versão, a Z.E 40, quase o dobro da autonomia do “antigo” ZOE, com 400km de autonomia, ou seja, trocado por conduções normais, dá para cerca de 300km. Sim, nós testámos!

Para este novo e importante incremento de capacidade, foi desenvolvida uma nova bateria que fornece uma potência útil de 41kWh. Será que foi este aumento de capacidade que me fez, finalmente, ter aquele interesse extra em testar este eléctrico? Talvez…

Primeiro, o estilo. Tipicamente digno de automóvel eléctrico, ou “amigo do ambiente” com todas as suas linhas orgânicas e vincos aerodinâmicos, bem como grelhas minimalistas, fruto de não haver a necessidade de refrigerar como num automóvel movido com um motor a combustão. A frente, conta com uma grelha (falsa) que apresenta o símbolo da marca francesa em destaque, esticando-se e fundindo-se com os grandes e rasgados faróis dianteiros. Abaixo, uma grelha que é ladeada pela iluminação LED para os faróis diurnos.

A sua menor dimensão, face ao Clio, é clara quando se vê o ZOE de perfil. Com uma linha de cintura elevada e um design simplista, destaca-se pelo pilar C, com um desenho fora do comum e nas jantes antracite, polidas, que lhe dão um aspecto mais cuidado. Na parte posterior, de realçar a superfície vidrada mais elevada que apresenta um pequeno spoiler com função, tal como o difusor inferior. Os farolins contam com um arranjo 3D no seu interior, bem como um tom azulado, a realçar o seu ADN ecológico.

No interior, passa-se algo semelhante, que no nosso parecer, leva uma boa nota devido ao bom gosto empregue. O tablier recebe um tom mais claro e um tratamento mais brilhante, factor explicado devido a acumular menos o calor, fazendo com que se use menos o Ar Condicionado, um inimigo para a autonomia da bateria. O tablier, embora bem construído, conta com plásticos menos nobres, algo que pode ser explicado pelo cuidado que tem que se ter para não aumentar ainda mais o peso do ZOE, e ao entender que este automóvel é um segmento B. Contudo, os toques premium surgem no amplo equipamento de série nesta versão Bose, como o sistema da navegação, a câmara de estacionamento traseira, ou os bonitos e confortáveis bancos em pele castanha, bem como o sistema de som, que dá o nome a esta versão e que tem, neste modelo, a tarefa facilitada pelo quase inexistente barulho do motor.

O seu interior também é bastante espaçoso, mais do que faria querer visto do exterior, com um porta-malas que consegue albergar 338L de bagagens.

Vamos lá então. Aqui não há rodar de chave, basta um toque no start, aparece o sinal “Ready”, ouve-se um som calmo e sabemos que o ZOE está ligado e pronto a andar. Com a bateria nos 100%, a autonomia apresentada no painel a cores era de 275km, mas após um caminho mais calmo e com alguma regeneração, esse já chegava à casa das três centenas…

Aqui, chegamos logo ao primeiro ponto, que tanto faz para nos fazer evitar a “ansiedade de autonomia”. Muitos dos Portugueses, embora só o façam uma vez por ano, gostam de usar esta expressão desde que o primeiro eléctrico saiu para o mercado, tipo uma espécie de medição muito “técnica”, ora bem: “Dá para chegar ao Algarve com uma única carga?”

Até agora não, exceptuando os Tesla. Mas com a Renault isso tornou-se numa realidade mais acessível, e devido a isso, numa das minhas viagens tranquilas a bordo deste pequeno francês, surgiu o pensamento: “Será que este Renault pode vir a ser um marco importante na indústria automóvel?”

Acredito nisso, porque vejamos: é acessível, tem espaço e um aspecto normal, não tem uma autonomia assim tão limitada e ainda por cima é bem equipado. Assim, de repente, uma óptima porta de entrada para o mundo dos automóveis “zero emissões”!

Em condução o Renault ZOE caracteriza-se pela sua fluidez, o silêncio a bordo e o “kick” típico dos automóveis eléctricos, com a sua resposta sempre pronta em qualquer regime. No modo ECO, de forma a poupar toda a energia, isso não é tão visível, mas fora isso, o ZOE pode mesmo envergonhar muito automóvel de combustão, com os seus arranques (silenciosos e) explosivos!

Dinamicamente, não é um carro exímio, mas ainda assim, consegue descrever as curvas de uma forma neutra, e com pouco rolamento de carroçaria, compreendido devido à afinação mais rija das molas, de forma a suportar o peso total deste Renault, com quase 1500kg.

Quanto a consumos, em mais de 300km ao volante, em trajectos mistos, económicos e um deles, bastante acelerado, o computador de bordo apresentou 15,7kWh aos cem quilómetros, um bom valor tendo em conta que foi muito pouco usado o modo ECO, e bastante usado o AC e o pedal da direita. Para informação, com o modo ECO, e AC desligado, o ZOE conseguiu-nos apresentar, num trajecto de 20km, numa média de 50km/h, um consumo de apenas 10,5kWh!

Falar de preços não é fácil, já que o Renault ZOE pode ser adquirido na totalidade, ou com aluguer de baterias. Se fizer menos de 5000km por ano, o valor fica em apenas 69€ por mês ou se quiser uma quilometragem ilimitada, 119€/mês. Esta última modalidade tem a vantagem de diminuir o preço final em cerca de 7500€, bem como de contar com todas as actualizações e uma garantia sempre activa, já que a bateria, é, na realidade, da Renault. Se comprar, fique sabendo que também não fica mal: a garantia é de 8 anos ou 160.000 Km, e a capacidade de carga está garantida até pelo menos 66% da sua capacidade original.

Portanto, se gostei? Sim. Achei que o Renault ZOE, é finalmente um primeiro passo para uma mobilidade eléctrica, ao ser um automóvel que democratiza o eléctrico “normal” para todos, ao apresentar uma autonomia lógica de 260/300km reais. Há coisas que ainda tem que melhorar, como os períodos de carregamento, que se a bateria estiver vazia e tiver de a carregar em casa pode chegar até às 30 horas… Nada que um posto de carregamento rápido não resolva numa fracção disso.

Renault ZOE 400 Bose

Especificações:
Potência – 66kw (90cv)
Binário – 220Nm
Aceleração 0-100km/h (oficial): 13.2
Velocidade máxima (oficial): 139km/h

Preços:
Renault ZOE 400 Bose Flex (Aluguer de bateria): 29.750€
Renault ZOE 400 Bose (com bateria incluída): 37.250€

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!