Home Ensaios Teste completo: Opel Corsa-e

Teste completo: Opel Corsa-e

Teste completo: Opel Corsa-e
0
0

“Nome antigo, nova realidade”

 

Numa nova era para a Opel, a marca recebe um novo alento, e em conjunto com a PSA criam uma alternativa elétrica inédita no segmento B. O “antigo” nome Corsa passa a contar com uma versão 100% elétrica. Será uma boa aposta?

 

Podíamos chamar o Peugeot e-208 e o Opel Corsa-e de “gémeos falsos”. Ou seja, contam com a mesma plataforma, o mesmo grupo propulsor, a mesma bateria e a mesma transmissão. Mas tal como os “gémeos falsos”, cada um dos modelos tem uma personalidade diferente.

O Opel Corsa é claramente aquele que é mais sóbrio (seria o irmão mais recatado), contando com um design mais conservador, ainda que mostre uma elevada evolução face à anterior geração do modelo que, sejamos sinceros, já estava a precisar de um sucessor. Só um “par de olhos muito atentos” repara que este é um Opel Corsa-e; apenas o pequeno “e” no pilar B e no portão da bagageira, assim como a ausência do tubo de escape, “desmascaram” este segmento B elétrico.



No interior, a mesma toada sóbria continua. Menos “out of the box” que o seu irmão Gaulês, o alemão com pronúncia francesa opta por uma organização mais tradicional, onde encontramos um volante de dimensões “normais”. Isso dá ao Opel Corsa-e uma boa posição de condução, com vários ajustes. No habitáculo também não existem muitas diferenças, apenas uns sub-menus diferentes, e no ecrã digital do painel de instrumentos diferentes “números”, mudando os L/100km por kWh/100km. Coisas normais de quem consome volts em vez de combustíveis fósseis.

No espaço para os passageiros, tudo inalterado, cabendo perfeitamente quatro adultos no habitáculo. Um quinto também pode seguir viagem connosco, mas com algum contorcionismo, também ele normal nesta classe. A bagageira é que se mostra mais pequena que a versão “tradicional”, com a volumetria a descer dos 309L para os 267L.

Mas vamos passar para a condução.

Carregando no Start, não há obviamente vibração nem ruído. Isso torna-se ainda mais “estranho” por ser um automóvel normal, a que estamos habituados. Debaixo do seu capot, o motor elétrico é o mais potente de toda a gama, são 136cv os que “animam” as voltas, que segundo a marca podem ir até aos 337km, graças à bateria de 50kWh.



Na verdade, não chegamos a esse valor, mas não estivemos longe. A culpa? De São Pedro, que nos deu chuva enquanto realizávamos este ensaio, e como é sabido, os elétricos ressentem-se disso. Ainda assim, foi possível chegar a valores entre os 290 e os 310km. Recuando uns 5 ou 6 anos, eram valores de referência.

Neste contacto, ficou também provado que o Corsa-e é mais fã de cidade, com os consumos a estarem entre os 11,8 e os 13,7kWh/100km, bons valores, e que conseguem ultrapassar o estimado pela marca. Isso só não foi conseguido porque em autoestrada o valor sobe para perto dos 19kWh, e acaba por “beliscar” a autonomia.

Mas o que mais impressionou foi a sua parte convencional.

O que é que quero dizer com isto?

Os elétricos são, muitas vezes, automóveis “especiais”, e o Groupe PSA resolveu, com inteligência, desmistificar isso. A única maneira de tornar um elétrico “normal”, é não lhe dar um aspeto tão diferente, bem como uma condução que requer algumas habituações.

Conduzir um elétrico é simples, é um facto. Mas algumas vezes, a regeneração é exagerada quando tiramos o pé do acelerador (este Opel também pode ter isso, optando pelo Modo B), ou quando carregamos no travão ter aqueles primeiros 10% meio esponjosos.

Aqui não há disso!

Se esquecermos a ausência de ruído, a falta de vibração e o binário máximo instantâneo, as diferenças para o Corsa convencional são nulas. O comportamento dinâmico é são, mesmo que pese mais 300kg, isto porque as baterias colocadas debaixo do piso lhe dão um centro de gravidade mais baixo. Um lastro que até ajuda nas curvas…



Agora a questão: vale a pena optar por um Opel Corsa-e?

Este é um automóvel que nunca compensará no momento da compra, só ao longo do tempo o valor extra se irá justificar. A gama elétrica começa nos 29.990€, com esta unidade a ultrapassar os 35.000€. Se anda muito em cidade, e tem um “budget” superior, o Corsa-e é uma boa opção, já que comparado com a versão a gasolina, nesse território, conta com custos de utilização bastante inferiores.

Mas lembre-se de uma coisa: tenha sítio para o carregar; o Corsa-e com uma wallbox instalada em casa demora apenas 5h15m para “encher” totalmente a bateria. Quando a rede de energia rápida estiver verdadeiramente operacional em Portugal, saiba que o Opel Corsa-e (e o seu irmão) estão prontos para carregamento de 100kW, demorando apenas 30m de 0 a 80% da carga total.

É só esperar pelo futuro… silenciosamente.


Opel Corsa-e e-Elegance

Especificações:
Potência – 136cv (100kW)
Binário – 260Nm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 8,1s
Velocidade Máxima (oficial): 150km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) – 17kWh/100km (16,2kWh/100km)

Preços:
Opel Corsa-e desde: 29.990€
Unidade ensaiada: 35.800€

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!