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O Ford Puma ST em teste: “Um Hatch disfarçado de SUV”

O Ford Puma ST em teste: “Um Hatch disfarçado de SUV”
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“Dêem-me curvas”

 

Aqui está ele, o Ford Puma ST. Aquele que seria, para mim, o contrassenso em formato automóvel revelou ser tudo aquilo a que se propõe, uma imagem do que pode mesmo ser um SUV desportivo, quando tudo é bem feito.

Vamos ao início. Lançado em 1997, o Ford Puma era um Coupé de pequenas dimensões, inspirado no Fiesta, e que teve uma interessante carreira comercial, modelo sobre o qual eu falei na altura do ensaio a esta nova geração do Ford Puma, que é um SUV. Ainda assim, não fiquei irritado com esse facto, de usarem o nome de um coupé para catalogarem agora um SUV, mas sim agradado por o nome não ter caído em esquecimento.

Sim, porque fazer um pequeno coupé como o original Puma não passará, quase certamente, de uma miragem.

Agora, para além disso, vi inscreverem ST ao lado de um Puma que é agora um SUV.
Esperem lá, uma até desculpo, agora duas?

Pois é, a Ford pegou no pequeno tricilíndrico 1.5 EcoBoost com 200cv usado no Fiesta e colocou no Puma, um modelo que já como “base” tem bastantes “tiques dinâmicos”. Como corre esta junção?

Claro que, como habitualmente, começo pelo exterior. E há algo que nos chama a atenção cá fora, e não, não é o splitter dianteiro que tem inscrito Ford Performance que gera carga aerodinâmica, nem a dupla ponteira de escape verdadeira que deixa este motor a gasolina expressar-se, mas sim o Mean Green, a nova “cor de guerra” da Ford Performance que reveste este B-SUV, e que lhe enaltece ainda mais as suas linhas orgânicas.

Para além desse tom “garrido”, as jantes de 19’’ têm um desenho específico, escondendo um conjunto de travagem mais generoso, e estão envoltas em Michelin Pilot Sport 4S 220/40, que lhe irão garantir doses elevadas de “grip”.

Ainda existem outros pormenores no exterior, como é o caso do spoiler traseiro ou a grelha em padrão “favo de mel”, com o logo ST. É suficientemente diferente para ser notado, mas não extremamente chamativo (sem esta cor) para não passar despercebido.



Abrindo as suas portas, encontramos um interior que, tal como o exterior, é mais desportivo, mas não em demasia. Apenas os pontos de contacto surgem modificados, onde o volante mais espesso com inscrição ST garante uma boa pega, enquanto os bancos dianteiros em pele e alcantara da Recaro oferecem uma grande dose de apoio em curva, demasiada até para alguém cujo “diâmetro” seja mais generoso. Esses oferecem também uma ampla regulação e, por terem um desenho normal, não roubam espaço aos bancos traseiros que podem continuar a ser usados por três passageiros. A bagageira continua a guardar 456L, contando com a mesma Box debaixo do piso que nos permite guardar objetos mais sujos.

Neste interior de desenho simples e organização eficaz, encontramos dois “detalhes” que fazem parte dos ingredientes a não retirar de um “hot-hatch” ou, neste caso, de um “Hot-SUV”: o travão de mão mecânico e a transmissão manual. Tirarem-nos é como tirarem o Bucha de pé do Estica, ou banirem a junção do feijão com o arroz para os brasileiros.

Portanto, sem mais demoras, passemos para a condução.

Se tivessem entrado vendados num Puma e só vos tirassem a venda no seu interior, pela posição de condução e altura ao solo, poderiam muito bem achar que estavam num modelo de segmento B. Isso é muito importante para entender aqui o “negócio” deste ST, mais racional. O Puma não tem aquela sensação de irmos a conduzir “em cima do carro”, mas sim dentro dele, conseguindo assim ter uma boa conexão com este Ford desde os primeiros metros.

O motor 1.5 Ecoboost tem uma arquitetura diferente do habitual para um desportivo, embora não seja única, graças aos seus três cilindros. Ainda assim, debita 200cv de potência e um binário de 320Nm, o que são mais 20Nm que o seu “irmão” Fiesta ST. Aqui, importa referir que este Puma apenas pesa mais 70kg que o modelo já conhecido, totalizando 1358kg. O motor evolui bem durante os regimes, embora exiba algum ‘lag’, mas é a “regra do jogo”, nunca se sentindo falta de potência. A nota de escape, em modo mais desportivo, brinda o condutor com alguns “pop and bangs”, assim como um som sintetizado que, no caso deste Puma ST, não fica mal, camuflando alguns sons tricilíndrico, ao contrário do que a Ford não deveria ter feito no seu Focus ST…

A transmissão tem um tacto suave e puxa bem por este Ecoboost, sendo rápida nas passagens.



O seu pisar é um dos pontos positivos, com as rodas a estarem, durante grande parte do tempo, em total contacto com o asfalto, graças a uma suspensão muito bem regulada para o efeito. Claro que em mau piso as costas ressentem-se, mas quando estamos empenhados esse ajuste faz uma clara diferença. Para além disso, graças ao Pack Performance, a adição do diferencial de deslizamento limitado e Launch-Control, por 1118€, são um “Must Have”, se quiser extrair o máximo deste Puma ST.

A direção ajuda também a aproveitar esse balanço do chassis, contando com um bom peso e sendo mais direta comparativamente a um Puma convencional. O balanço é tal que, em curva, podemos colocar o Puma ST com derivas de traseira sem muita dificuldade, com uma correção simples. Diversão, sem assustar? Check!

Para terminar, como é importante parar por vezes a diversão, os travões do Ford Puma ST foram também aumentados, como já o disse acima. Assim, são 325mm na frente e 271mm atrás, que garantem paragens fortes sem exibir fadiga, ainda que pudessem ser mais fáceis de dosear.

Portanto, aqui chegamos à parte de perguntar: “Então o motor é engraçado, o chassis brilhante e a direção também… o Puma ST é só coisas boas?”

A reposta é que são quase tudo coisas boas, mas obviamente haveria coisas a melhorar. Para começar, a posição da alavanca da transmissão manual podia estar mais acima, obrigando a uma grande “viagem” entre o volante e essa mesma alavanca, assim como alguns encontros do cotovelo com o apoio de braços. Juntamente a isso, a Ford poderia colocar no Puma ST um sistema de Rev-Matching, o que melhoraria a experiência de condução para os menos habilidosos na tarefa do “ponta-tacão”, algo que também não é dos mais fáceis de fazer por aqui.

Deve deixar de escolher um Ford Puma ST por estes dois pontos? Obviamente que não.

Quanto a consumos, o Ford Puma ST durante este ensaio, que teve menos de 400km mas que foi feito num percurso misto em que manter a “calma” nem sempre foi fácil, deixou marca de 8,2L/100km. Em tiradas de autoestrada, com velocidade estabilizada nos 120km/h, foi possível ver valores abaixo de 7L/100km. É sensível ao andamento, mas consegue bons consumos.

O seu preço de 36.338€ (sem desconto) está justo para o que este Ford oferece em termos de equipamento, onde não falta praticamente nada. Se incluirmos ainda essas bonificações dadas pela marca (15,5% sobre o preço base), que fazem o seu valor final ficar bem apetecível, sendo assim uma das melhores maneiras de andar rápido e com espaço, no “estilo da moda”. Mas não se esqueça: Pack Performance, sempre…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!